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Eu Confiei...

Part. Lucifer

Era novembro, e graças a Deus, ou a qualquer outra forma de vida superior, o dia botou a cara a tapa, mostrando que poderia ser perfeito. Uma básica quinta-feira, de manhã escola, ao meio dia voltando pra casa, almoço, lição de casa... nada demais.

Nada demais até certo ponto, porque naquele ano, naquele mês, eu tinha alguém, eu era apaixonado. Ele, eu amava ele, e ele fazia os dias não serem apenas "dias", eram especiais, e como não seriam? Quase dezembro, a gente já planejava se assumir aos nossos pais, natal junto, ano novo na praia, planos e planos, incontáveis, eram quase 2 meses de namoro, eu queria gritar aos 4 ventos o nome dele, o quanto ele me fazia cada dia mais eu.

Naquele dia, na "quinta" básica, foi o dia que escolhi convidar ele pra me ver, trocar todo carinho e passar o dia ao lado de quem me faça ser eu mesmo, é simplesmente uma sensação de alívio, é reconfortante, é amor!

Segundos, minutos, até algumas horas, passando e passando o tempo, trocando aqueles olhares, carinhos, conversas, interagindo com quem(eu achava ser) meu "Porto seguro", uma estranheza, uma mensagem no celular do mesmo.

"Notificação de mensagem: você vem aqui hoje depois de ver esse daí?"

O sentimento, o pensamento, a dor e a questão: que porra é essa?

Algo a se questionar sobre toxidade no relacionamento, estou sendo ridículo ou meu instinto é correto? Devo ficar bravo ou chateado por pensar que meu parceiro estaria tendo um caso? Estou colocando nossa confiança em jogo?

Pulmões inchados, olhos fixados, voz firme, mente em escuridão, a pergunta saiu: você tem outro?; honestamente, neste ponto, o óbvio já se era esperado, mas ouvir resposta que saiu da boca do meu porto, a única palavra que me foi dita, cravada em todo meu ouvido e que no fim se pregou no meu coração naquele fim de ano.

"- Sim!"

" É incrível como tudo pode sair dos trilhos e explodir como um trem desgovernado. Digo uma hora tá tudo bem tudo, funcionando como devia, as pessoas felizes e o trem seguindo seu rumo pra um destino incrível e feliz, mas aos poucos o tempo fecha, a visão fica turva com uma nevasca que impede que o maquinista veja o percurso claramente, o trem vai subindo toda a montanha cortando a neve, o maquinista percebe o perigo, mas é o dever dele continuar guiando tudo pelo caminho, pelo menos ele se sente obrigado a continuar a todo vapor. Então uma curva acentuada, uma discussão, uma falta de atenção ou comprometimento do maquinista sobre suas responsabilidades e ações faz com que tudo voe ladeira a baixo, e durante a queda todos os erros do maquinista pesam sobre ele, nesse curto período de tempo até ser um nada junto da locomotiva nas pedras, ele não teme por si, mas sim pelos passageiros do trem que ele levou a desgovernar e se tornar nada."

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