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Bônus: Porto Seguro

Part. Rochelle

Pedro

Eu sempre tive muito medo do mar, mas se você souber onde eu moro vai ficar se perguntando: "Como, Pedro, você tem medo do mar? Sua cidade é, literalmente, rodeada de mar!". E não estão errados, todavia acho que tenho medo de me afogar nessa profundeza, porém eu sempre tive vontade de ficar em alto mar, só que eu nunca quis barco. Nem nada do tipo, balança muito. Queria algo firme no meio do mar, como um Porto seguro.

Minha cidade é habituada em uma ilha, cidade pequena, chamada Sahy.

Nela há um píer, um que eu frequento bastante. Me sento lá para pensar, refletir e conversar sobre as coisas da vida com o meu melhor amigo Leon.

Houve uma vez, em que eu estava lá sozinho, o tempo estava nublado e feio. Havia neblina, não dava para ver muita coisa, nem a Ilha dos Náufragos eu conseguia ver(Ilha dos Náufragos foi o nome que eu o Leon demos para ela quando éramos criança).

Mas mesmo com a neblina densa eu vi algo que eu nunca tinha visto, ao fundo daquele oceano. Era como se fosse um Porto seguro, eu não conseguia ver muita coisa, mas nele havia um farol e era, literalmente, no meio do mar. Algo que eu teria notado, já que eu vinha aqui quase todos os dias.

Nesse dia o Leon não estava comigo.

Continuei observando aquele "Porto seguro" e me perguntando como eu nunca na minha vida tinha visto aquilo. Isso me instigou demais! Fiquei tão vidrado! Mas fui embora quando começou anoitecer.

No dia seguinte levei o Leon no píer para ver o tal Porto, eu estava animado, todavia ele não acreditava nem um pouco no que eu dizia. O dia estava lindo, aberto, ensolarado, perfeito!

-Olha lá Leon tá vendo?! Eu te falei que era real.- Digo extremamente entusiasmado.

- Estou vendo, mas, sei lá, cara, que estranho. Leon diz, o mesmo que coçava a sua cabeça, em forma de dúvida.

- Qual é? Tem como ficar animado? Esse Porto é algo que eu sempre quis.-Faço uma carinha fofa em intuito de cativá-lo.

- Beleza, Pedro, só que você não acha estranho, não? Aquilo nunca esteve ali! E do nada, de um dia para o outro, Deus resolveu fazer e botar um Porto seguro aqui em Sahy?- O loiro fala cruzando os braços.

- Amém- Colaboro com o sarcasmo do garoto ateu.

- Você sabe que eu não acredito nessas coisas! Independente se isso for, sei lá, divino, eu não sei; acho estranho e não estou indo nada com a cara dele!- O mesmo continua de braços cruzados me olhando sério.

- Que chato você em, Leon! Eu só achei que você ficaria entusiasmado comigo. Achei que seria legal.- Realmente fico chateado, então, me sento no chão e continuo olhando para o Porto.

- Desculpa, Pê. Eu só não quero que você fique fissurado com isso, eu te conheço e sei como você é. Enfim, vamos almoçar lá em casa?- Enquanto fala se aproxima de sua bicicleta e a levanta, esperando uma resposta.

- Passo, mas agradeço. Vou ficar aqui conversando com meu novo amigo, que me entende.- Cruzo os braços fazendo um pouco de birra.

- Jesus, como é insuportável.- Ele resmunga enquanto anda em direção de volta a cidade.

Aquela tarde foi perfeita! Eu sentia como se estivesse conversando com alguém que eu já tinha encontrado a muito tempo, me senti tão especial, acolhido, mesmo estando, praticamente, falando sozinho! Sentia que aquele Porto fazia "jus" ao nome. Queria que Leon entendesse isso.

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