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Fui a procura de Andy nos ambientes. Toda a boate estava com as luzes desligadas, o que era incomum, já que todas as vezes em que estive aqui as luzes estavam sempre ligadas, com excessão do terceiro ambiente, onde as luzes eram mais baixas propositalmente. Outra coisa que notei, foi o absoluto silêncio. Mesmo quando não está funcionando, o clima da boate quando não era erótico, era calmo até.
Fui tateando as paredes para me guiar. A cada passo que dava, a sensação era de pura fobia e medo. Alguma coisa estava completamente errada, eu tinha absoluta certeza.
Desci as escadas com muito cuidado para o terceiro ambiente. Só não estava em um completo breu pois alguma luz baixa parecida com as de filme de terror brilhava em algum lugar, dando um aspecto sobrenatural no lugar. No tato, senti as divisórias de vidro. Uma porta estava escancarada. Era a porta do que parecia ser a despensa que eu tinha visto anteriormente.
A luz sobrenatural saía daquela porta. Era uma luz "viva", pulsante e de cor avermelhada.
Escutei um barulho logo atrás de mim, e meu corpo se arrepiou por inteiro.

- Andy? - Sussurrei hesitante. Algo estava muito, muito errado.
Seja o que fosse, aquilo prendeu a respiração, como se antecipasse o que estava para acontecer.
Me arrependi amargamente de ter chamado por Andy, por que atraí a atenção para mim.
De repente, uma sombra vem deslizando em minha direção. O barulho que aquilo fazia parecia com o de milhares de cobras rastejando.
Meu coração ia explodir de tanto que martelava contra as minhas costelas. O que era aquilo, pelo amor dos céus?
A sombra era gigantesca e amorfa, de aspecto sinistro. Quanto mais perto chegava, mais eu sentia o cheiro de carniça podre.
Eu estava paralisada de medo.

Aquilo parou de frente para mim, me analisando. A criatura começou a sussurrar algo que a princípio não consegui identificar, mas quanto mais ela falava, se é que posso chamar aquilo de falar, mais eu conseguia compreender.

- Unynatis vai chupar os ossos, unynatis vai devorar, unynatis vai matar. - Assim mesmo, na terceira pessoa, de forma repetida.
Sua voz não pertencia somente a uma pessoa. Digo isso porque era como se fossem mil pessoas falando ao mesmo tempo. Parecia uma legião.
Se eu já estava apavorada antes, agora eu estava horrorizada. Comecei a orar em voz alta, confiante que repreenderia a coisa e ela fosse embora.
- Saia daqui, em nome do pai! Eu repreendo você, demônio! - Mesmo com a voz trêmula pelo medo, estava confiante de que o demônio não me atingiria.
O demônio sorriu um sorriso perverso, com vários dentes disformes e pontiagudos. Em um borrão que mal consegui registrar, ele veio para cima de mim rapidamente.
Reagi no automático e dei um passo bem grande para trás, antes que a criatura me encostasse. Eu só não esperava que iria cair na escada da dispensa.
Fui rolando na escada igual a um trapo velho, até chegar ao final e a uma segunda porta que estava aberta. Bati com a cabeça no chão, então só havia a escuridão sem estrelas.

~🐍~

Clima agradável.
Temperatura morna.
Brisa suave.
Tesão inexplicável.

Abri meus olhos parcialmente, sem saber o porquê minha cabeça estava latejando. A noite estava realmente agradável. O lugar em que eu estava era parecido um oásis, ou seria uma praia?
Acima de mim, palmeiras balançavam preguiçosamente ao ritmo da brisa cálida. Me sentei cuidadosamente segurando a cabeça e olhei ao redor, a fim de me localizar. Peguei entre os dedos uma areia bem branquinha, perolada até. Mais a frente se formava uma grande piscina natural.
Chegando até a água, pude me certificar de que era bem quentinha. Eu morri e não sabia? Eu estava no céu?
A única coisa de que me lembro foi do demônio que me atormentou na boate, e depois de mais nada.
Procurei por sinal de perigo desesperada, mas pelo visto estava só.
Bem, se eu estava mesmo morta, deveria esperar alguma espécie de recepção, não é ?
Me sentei na beira da piscina para esperar por ... bem... algo.
Aquele lugar me acalmava e me dava uma sensação de saudade, como se eu estivesse em casa verdadeiramente. Olhei para o céu noturno.
Espantada, percebi que não haviam estrelas, apenas o negrume vasto da noite. Que estranho...
A única coisa que ainda me incomodava de uma certa forma era a excitação que estava sentindo.
Não era certo sentir aquele tipo de coisa no céu.
Meu corpo estava em chamas, meus seios pesados e doloridos, prontos para receberem atenção. Sentia a umidade no meio das minhas pernas ultrapassarem minha calça.
Comecei a me curvar meu corpo igual a uma gata em que está no cio, sem entender porque eu estava daquele jeito no céu.
Escutei alguma coisa. Apurei meus ouvidos para identificar que som era aquele.
Passos.
Tratei de tentar me recompor para ser recebida por um anjo, ou até mesmo Deus. O que eles falariam se me vissem desse jeito?
Achando ser confiável, fiz as mãos em concha e bebi um pouco daquela água, assim como molhei a testa.
Uma forma vinha caminhando do horizonte, e começou a tomar forma quando chegou mais perto. Era um homem, negro, musculoso e esbelto.
O homem era lindo, seus lábios eram esculpidos e grossos, seus olhos eram da cor de mel derretido.
Ele estava seminu, vestido apenas com um pequeno pedaço de tecido fino para ocultar suas partes íntimas. Uma pequena argola de ouro estava pendurada em sua orelha esquerda.

AndrasOnde histórias criam vida. Descubra agora