Capítulo 02

7 2 0
                                    

Dois dias depois daquela noite, eu estava cumprindo, com meu desejo, esquece-lo, e não estava sendo fácil, a cada instante ele aparecia em meus pensamentos, e eu lutava contra isso, lutava para que ele saísse da minha mente.

— Sina, estou percebendo que você está triste esses dias, parece que está em outro mundo, o que aconteceu filha? Me conta. — sai dos meus pensamentos com a voz de minha mãe, me arrepiei.

Eu não iria falar, havia prometido a mim mesma que nunca falaria a ninguém, e que guardaria tudo para mim.

— Não é nada mãe, tenho estado cansada ultimamente. — e não menti.

Eu estou cansada de tudo, da vida, das coisas ao meu redor, eu estou cansada de mim.

Sai um pouco para pensar. Estava outra vez no meu quarto, no meu companheiro, que sabia de tudo que passei, de cada confissão que fiz. O bom é que as paredes não podem falar, apenas ouvir.

Para falar a verdade, eu sentia falta dos meus pensamentos com ele, eram os únicos momentos na minha mente, que eu era realmente feliz, eu me sentia bem, criando histórias que certamente nunca aconteceria.

Aquilo era fato.

Eu o via poucas vezes, isso era bom, estava contribuindo, mas por outro lado, eu sentia necessidade de vê-lo, nem que fosse de longe, quando isso raramente acontecia, meus sentimentos ficavam mais forte, e eu me sentia viva.

Quando o vejo, aparece flashbacks, de nós dois, quando ele quebrou minha régua, por exemplo, ou quando me chamou para pedir o corretivo emprestado, ou até mesmo quando ele se preocupou comigo na aula de educação física.

Com essas lembranças, eu poderia dizer que ele sentia o mesmo que eu, mas era algo impossível, certamente neste momento, ele estara ocupado com algo, e nem deve ao menos se lembrar da minha existência, enquanto eu me lembrava com intensidade da sua. Foi aí que eu percebi.

Que eu havia falhado com o meu plano.

Os dias passaram e com eles minha esperança de algo acontecer entre Noah e eu. Sentia meus sentimentos irem embora, deveria ficar feliz ou triste?

Será que eu já me acostumei com essa dor?

O tempo passou rápido, estava difícil levar aquela vida que pesava em minhas costas. Estava lendo Uma carta de amor, de Nicholas Sparks, as citações daquele livro, eram tão românticas.

"Estou perdido sem você. Sou uma pessoa sem alma, um errante sem lar, um pássaro solitário voando para lugar nenhum. Sou todas essas coisas e não sou nada."

De alguma forma, eu me indentificava com a citação daquele livro.

Naquele momento, uma moto passou, fitei o motorista, que se ergueu um pouco, e virou em direção a mim. Fora rápido demais, por um instante, senti a sensação, e lembrei rapidamente de Noah.

Me levantei rápido e procurei pela motocicleta que havia saído do meu campo de visão. Era ele?

Tudo lembra Noah, isso me irrita.

Fora fácil perceber, que não senti algo forte como das outras vezes, apenas me faltou fôlego, corri para o espelho do meu quarto, e me olhei.

Será que ele gostou da minha aparência? — pensei, peguei algumas maquiagens e comecei a passar em meu rosto, com uma esperança de vê-lo novamente, e eu estar ao menos, apresentável.

Bufei, eu não deveria me arrumar para homem algum, nem que ele fosse Noah. Se ele me amasse, também iria amar minha aparência, o jeito que sou. Quando percebi, eu já havia terminado de me maquiar.

Dois dias depois, em uma noite calma, onde as estrelas e a lua iluminava meu quarto, eu comecei a chorar, sentia que Noah, estava indo embora, meus sentimentos estavam saindo aos poucos, eu não queria que isso acontecesse.

Era necessário, para me não sofrer mais.

Noah entrou no meu coração e fez morada, ele arrumou tudo lá dentro, e agora teve que ir. A casinha no meu coração estava vazia, e ele deixou uma bagunça.

— Se já está indo, tranque bem a porta, não deixe ninguém mais entrar, você foi o primeiro e o único que deixarei. — falei com o movimento de meus lábios, me sentindo uma idiota, falando aquelas besteiras.

Limpei minhas lágrimas, olhei para a estrela que o marquei.

— Me desculpe, mas eu não consigo mais te amar... — abracei meus joelhos e chorei baixinho, aquela noite fora uma das piores que passei.

Senti a necessidade de escrever uma carta de despedida.

A escolha certaOnde histórias criam vida. Descubra agora