Epílogo

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No outro dia eu me levantei, e tomei café, me sentia diferente, me sentia liberta e feliz, como se algum peso fosse retirado de cima de mim.

Arrumei meu quarto, e peguei aquele papel, que havia deixado debaixo do meu travesseiro, olhei cada parte da minha escrita, e li.

Nenhuma lágrima caiu.

Me senti bem, quero deixar essa etapa da minha vida concluída, consegui superar algo que me machucou profundamente.

Não irei pensar mais nele, afinal, ele não fazia mais parte da minha vida. Rasguei aquele papel em pedaços bem pequenos, coloquei em um pote, e pôs água, não queria que houvesse a possibilidade de alguém ler aquilo.

Olhei e pensei brevemente no que passei, foram tantas coisas, mas deixarei para trás, não irá mais me atormentar.

No quintal de minha casa, joguei os papéis molhados, que estavam colados um no outro, sorri tristonha, mas feliz ao mesmo tempo.

Eu havia conseguido o que queria.

Os pedaços de papel caíram sobre o solo seco, o vento não foi capaz de leva-lo, por conta do peso que a água transformara. Virei de costas, não sendo capaz de olhar para trás, pois eu queria que fosse assim.

Deixado para trás.

Entrei em casa, e respirei fundo, mamãe estava trabalhando na lanchonete, então eu me deitei, e fitei o telhado da casa, não tinha mais o que pensar.

Eu me sentia vazia.

No mesmo dia a tarde, mamãe me pediu para que eu a acompanhasse na caminhada. Estavamos andando pelas calçadas da praça. Eu suava como nunca, não costumava praticar atividades físicas, isso me tornava sedentária. Com um certo esforço corri mais alguns metros, em busca de alcançar e obter a velocidade de minha mãe.

— Mãe, espera por favor. — coloquei as mãos no joelho e respirei cansada.

— Não podemos parar Sina, anda logo. — ela começou a correr ainda mais, continuei exausta.

Quando estavamos prestes a chegar em casa, vi a mesma cena de uns dias atrás se repetir.

Eu vi Noah.

Como sempre, ele estava andando de moto, com seus amigos, eu percebi algo rolar no meu estômago, mas deve ser apenas seqüelas do que passei.

Afinal, não tem como esquecer uma pessoa importante de um dia para o outro. O perdi de vista, chegamos em casa e parti para o banho, para tirar-me o suor e para refletir.

Eu não estava me enganando, eu realmente estava o deixando para trás.

Uma semana se passou, eu estava bem, muito bem, ou pelo menos aparentava, não o vi nesses dias, e nem o busquei para pensar.

Não estava mais chorando antes de dormir e nem criando pensamento ilusórios. Acho que finalmente posso viver feliz, sem sofrer. Decidi não abrir meu coração para ninguém, não quero passar por mais outra experiência angustiante.

Minha mãe parece ter percebido minha mudança, assim como meu pai, dizem que eu estou mais feliz.

Mas sinto que algo me falta.

Comecei a ler mais livros, com citações românticas, eu gostava ainda mais daquilo. O dia estava quente, peguei meu livro, seu título era A última música, era uma linda história, com frases bonitas, mas uma me chamou a atenção.

"No fim, devemos sempre fazer aquilo que acreditamos ser certo, mesmo que seja difícil."

Então foi aí que tive certeza: Que eu havia feito a escolha certa.

A escolha certaOnde histórias criam vida. Descubra agora