"Todo esse tempo, passando por
Toda vez que você pisca
Sua vida toda,
Você pode vê-la ir."
(See it go – NICOLOSI)
O vazio é uma sensação estranha. É um espaço, mas não é feito pelo nada como muitos pensam. Na verdade, o vazio é, com certeza, um lugar cheio, ou ao menos que já foi repleto e completo, preenchido pelas coisas ao nosso redor, até mesmo as mais simples. Até que aquelas coisas um dia, de repente, não são mais suficientes para o espaço dele próprio, e mesmo que se dispersem e se espalhem, tornam-se tão pequenas, como uma minoria em um infinito espaço de possibilidades, que chamamos aquilo de vazio. Uma pessoa ou lugar vazio já foi cheia, até que se perdeu ao crescer, ou ao descobrir que já era grande, apenas era boa em esconder para se preencher, e depois não foi mais. Não sei se há alguma volta depois disso.
Uma batida na porta me alertou. Um dia, já fui uma garota inocente que confiava em todos, agora não sabia nem se poderia confiar em mim mesma, e descobrir com quem lidávamos não pareceu ajudar muito. Não sabia como agir com aquelas pessoas, elas não eram boas, não na forma que em um mundo ideal deveria, mas eram boas comigo, e isso só me deixava ainda mais confusa.
Chaol colocou a cabeça para dentro da porta e relaxei minimamente. Desde que chegamos aqui mal consegui fechar os olhos por mais que dez minutos, todo barulho me deixava assustada, com medo dos inimigos me encontrarem ou eles mudarem de ideia e resolverem me entregar ou me largar em algum lugar.
— Não me lembro de ter dito que podia entrar. — Eu também não estava no meu melhor humor por isso. E havia algo nele que me assustava, a forma como eu não sentia medo dele, e sim como me sentia perto dele, o que me deixava ainda mais nervosa.
Ele deu de ombros e adentrou o cômodo com uma grande bandeja nas mãos. O cheiro de chá e pão fresco entrou pelas minhas narinas e fez meu estômago roncar audível e envergonhadamente alto.
— Vejo que acertei que devia estar com fome — disse em um tom presunçoso.
Foi a minha vez de dar de ombros e voltar a encarar a janela, as nuvens cobriam o céu que, com certeza, deveria estar repleto de estrelas, e eu tentava vê-las, contando nos dedos quantas tinham uma luz forte o suficiente não apenas para atravessar o universo, mas para chegar até aqui. Estava, no entanto, muitíssimo atenta a tudo que acontecia dentro daquele quarto. Chaol colocou a bandeja na mesa perto de mim e arrastou uma cadeira que estava no canto antes de se sentar e pegar para comer um enorme pedaço de pão.
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Romance''Se um dia eu quis um final feliz, hoje eu desejo vingança. '' Um assassino de aluguel cansado dos riscos do seu estilo de vida, aceita um último trabalho que daria todo o conforto para cair fora. O que ele não contava era que as dificuldades de r...