Inglaterra, 1875. É fim do outono perto Oceano, entre os rios Lee e o Tâmisa em Londres, quando uma festa de casamento coloca frente a frente duas mulheres completamente diferentes. Hannah é romântica, passiva e obediente. Florence é uma mulher à fr...
Amores, me desculpem o sumiço, tive um probleminha de saúde e não consegui publicar. Espero que continuem gostando da história, votando e comentando ⭐️🌹
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Ao beijo Florence não conseguiu resistir. Não era do tipo que gostava de ser surpreendida, afinal, isso arrancava o controle de suas mãos, mas aquela surpresa vinha sendo uma iminência forte demais para que sua efetivação a incomodasse. De alguma maneira, precisava acontecer.
E junto com a efetivação da surpresa, veio também a confirmação por parte da literata de que os lábios da pianista eram tão requintados quanto selvagens. Assim como Hannah confirmou que os lábios de sua convidada eram muito menos inflexíveis do que ela imaginara.
Vinculadas uma à outra, num balé que tratava de acoplar urgência, o rasgar-se para novos horizontes, toda animosidade que pairava entre elas e um desejo inquestionável, suas bocas lhe diziam muito mais do que qualquer acalorado diálogo que houvessem travado.
E por mais que um fogo de paixão abrasasse o corpo de Florence, com o impacto da iniciativa de Hannah, ela sentiu algo se aplacar dentro dela. Como se, finalmente, seu inquieto coração houvesse encontrado seu ponto de paz. E essa era uma sensação verdadeiramente assustadora.
A anfitriã, por sua vez, sentia que nunca, até aquele momento, havia feito algo por vontade. Por verdadeira vontade. William, Louisa, Florence e até Alexander eram – e haviam sido – pessoas que acudiam às suas vontades. Por mais secretas que precisassem ser. Por que não ela? Por que não viver?
Florence pareceu entrar em razão quando sentiu a rigidez do portal atrás de suas costas e como Hannah precipitava o corpo na direção do seu. Suas mãos ainda seguravam seu rosto entre elas e ela era capaz de ouvir as batidas irrequietas do coração da pianista em seu peito que se encontrou com o seu.
Ao deslizar seus ardentes dedos pelas costas da irmã de William, se deu conta de que ela estava de camisola. Céus, tinha que parar. Devia parar. Mas aqueles cabelos acobreados soltos pareceram finalmente revelar de onde vinha o delicioso perfume de rosas que já tinha moradia cativa em sua memória.
A necessidade de respirarem, por fim, as fez diminuírem o ritmo, acalmarem uma chama que tanto haviam hesitado em acender, encararem a realidade. E ao reconhecer o intenso brilho no azul marinho dos olhos de Hannah, Florence se viu novamente seduzida pelas promessas silenciosas que Désiree Stahl um dia lhe fizera.
Bom, não haviam sido tão silenciosas como as de Hannah, mas se apaixonar outra vez por praticamente o mesmo tipo de mulher, seria burrice. E, se havia uma coisa da qual Florence se gabava de não ser, era burra.
Desvencilhou-se dos braços da anfitriã e caminhou até a penteadeira. Qualquer lugar longe dela.
— Por que você fez isso? — Falou baixinho, tentando respirar compassadamente.