Once Upon December

Part one

Raramente você encontra um alguém especial, que muda sua vida simplesmente por estar nela, que te faz rir até você não poder mais parar. Alguém que faz você acreditar que realmente tem algo bom no mundo, que te convence que tem uma porta destrancada só esperando você abri-la. Para Vitor, essa pessoa era ela, Maria Pia, totalmente o oposto dele, mas desde que seus caminhos se cruzaram nas jornadas dessa vida, juntos eles descobriram o valor de uma grande amizade, diante de muitos desafios.

Vitor foi criado pela mãe, desde muito jovem sempre teve a ambição de crescer na vida e proporcionar a mãe e a irmã mais nova, Sandra Helena, uma vida digna. Ele estava em seu primeiro ano de faculdade quando, acidentalmente entrou no apartamento errado, deitando ao lado da garota errada.

Maria Pia perdeu a mãe quando ainda era muito jovem, seu pai, Athaide, acabou por se casar novamente com Madalena, esta que já tinha um filho, Dom,  alguns anos mais velho que ela. A relação dela com Dom e Madalena sempre fora saudável, ele cumpria fielmente o papel de irmão mais velho e Madá, como ela costumava chamar a madrasta, era a melhor mãe que uma garotinha poderia desejar.  Ela estava em seu primeiro dia de liberdade e independência quando um maluco invadiu seu apartamento.

"Essa é a história que Vitor mais gosta de contar."

Era madrugada, Vitor estava saindo de uma festa de calouros na faculdade, com a visão turva por conta do excesso de bebida. Tirou a chave do bolso mas ao girar a maçaneta percebeu a porta aberta. Pensou em dizer algo para Mônica sobre o quanto era perigoso deixar a porta destrancada, mas estava cansado demais para iniciar uma discussão. Trancou a porta e deitou ao lado da garota na cama, a cama errada, no primeiro momento ela se remexe sem ligar para a presença ao lado, até se dar conta do que estava acontecendo.

Ela se levanta, acende a luz do abajur  e ao não reconhecer o indivíduo no escuro, ela grita.

— SEU TARADO! AAAAAAH! — Ela joga o abajur na direção dele e corre até o interruptor de luz. Enquanto ela o ameaçava com um bastão de baseball, Vitor apenas gargalhava da situação. 

***

No verão depois do ensino médio, quando nos conhecemos
Nós nos beijamos no seu Mustang ouvindo Radiohead
E no meu aniversário de 18 anos, nós fizemos tatuagens iguais.

Costumávamos roubar as bebidas dos seus pais e subir no telhado

Conversar sobre nosso futuro
como se soubéssemos de algo

Nunca um sem o outro, nós fizemos um pacto...

O tempo passou, as promessas e amizade perseverou. Vitor havia se tornado um renomado engenheiro e Maria Pia, uma das melhores designers de interiores conhecidas no mundo.  Não havia um momento da vida em que não estivessem juntos desde o dia em que se conheceram. Vitor era um garoto inteligente e um tanto quanto popular, era bolsista e fazia questão de manter as notas boas. Maria Pia era um pouco mais reclusa, um pouco do reflexo do bullying que recebia, até que os ataques pararam quando Vitor ameaçou um garoto na frente da faculdade toda, afirmando que se ele ou qualquer outro zombasse de Maria Pia outra vez, teria que se ver com ele. Aquele ato quase custou a bolsa de Vitor, mas garantiu a ele a sua melhor amiga da vida toda. 

Numa noite, após receber os canudos e jogar o chapéu de formandos para o ar, eles seguiram para uma festa em um hotel fazenda que pertencia ao pai de Maria Pia. Eles beberam até quase esquecer os próprios nomes e ultrapassaram o limite de amizade, colorindo-a com uma louca noite de sexo, no sofá da pequena cabana de inverno da família.  Nenhum deles comentou sobre aquele ocorrido, nem arriscaram destruir uma amizade de tantos anos por conta de um deslize.