Parte two of three

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As palavras de Maria Pia ainda ressoavam na mente de Vitor, como uma daquelas melodias irritantes que não se consegue tirar da cabeça, nem por um instante. Não sabia se havia feito a coisa certa ao aceitar o convite dela para madrinha, afinal era um pedido bastante peculiar.  Agora enquanto encarava o mar da sacada de seu apartamento, ele bebia um copo de whisky, pedindo aos céus um sinal que lhe mostrasse o que fazer. 

Sandra Helena adentrou o apartamento do irmão sem pedir licença, a porta não estava chaveada, e ela tratou logo de dar uma bronca nele por conta disso. 

— Você é louco de deixar a porta destrancada? Estamos no rio de Janeiro Vitor. — Disse ela, largando a bolsa no sofá e andando em direção a sacada, onde se sentou no corrimão. 

As circunstâncias fizeram com que se recordasse do dia em que conheceu Maria Pia, se detestando por ter percebido tão tardiamente o quanto a amava e  a  queria por perto desde o primeiro momento em que seus olhos pousaram sob ela.

Sandra desceu do corrimão e se aproximou do irmão, deitando a cabeça no ombro dele. 

— Sabe, você sempre me ensinou a lutar pelo o que eu queria, então segue seu próprio conselho e luta por ela. Eu sei que tá assim porque a Maria piu piu vai casar com outro. Toma atitude, mostra pra ela o que você sente, deixa ela ver o seu lado sensível e gentil, tira a armadura Vitor, ela só serve pra pesar e te afastar das coisas boas. 

— Eu não sei como lutar por amor, passei a vida toda fugindo dele. — Suspirou.

— Use as armas que tem, mostre como a conhece, como o tempo com ela é precioso... Deixe seu coração comandar, só dessa fez. — pontuou Sandra.

— E se não der certo? E se depois de tudo ela ainda quiser se casar com o Eric...

— Então você terá perdido a luta, mas com a certeza de que fez tudo que era preciso. VAMOS SOLDADO,  QUAL A MISSÃO?

— Roubar a noiva? — riu ele.

— NÃO ENTENDI SOLDADO. — ela disse agora mais alto, para toda a vizinhança ouvir.

— ROUBAR A NOIVA. — Gritou ele.

— E COMO VAMOS FAZER ISSO? — Gargalhou ela logo ao perguntar.

— MOSTRANDO A ELA QUEM É O CARA.  — Um sorriso de esperança brotou nos lábios de Vitor.

— E QUEM É O CARA? HEIN?  — cutucou o irmão. 

— EU SOU O CARA! — Apontou pra si mesmo.

A companhia da irmã sempre fora uma das mais divertidas para Vitor, ela e sua mãe estavam sempre em primeiro lugar para ele. Assim que Sandra deixou o apartamento, Vitor começou uma busca pelo google sobre dicas de como ser a madrinha de casamento perfeita, queria mostrar que tinha tempo e conhecimento o bastante para compartilhar desse momento com Maria Pia, o que certamente Eric não tinha nem um pouco, parecia mais focado em transações bancárias do que no próprio casamento.

***

Na manhã seguinte ele marcou em frente ao shopping, onde iriam a uma loja de artigos de decoração. Passearam pelas vitrines e escolheram algumas louças para a nova casa.

Enquanto olhavam alguns jogos de lençóis, Maria Pia pediu que Vitor a escondesse, ele sem entender nada não o fez.

— Que droga Vitor o meu ex, o Lourenço...com aquela magrela sem sal com quem ele me botou um belo par de chifres. — ela comunicou.

— Esse é o famoso Lourenço que você fala a 5 anos, desde que te conheço. – Ele riu.

— Pelo amor de Deus ele me viu, ta vindo pra cá disfarça. — Ela abraçou Vitor pela cintura e deitou a cabeça no ombro dele. — Esse é lindo amor, você não acha? — Disse, teatral como só ela.

Once Upon DecemberOnde histórias criam vida. Descubra agora