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     Makayla abriu o dossiê pela última vez no banco do Rolls Royce preto que estava estacionado atrás do enorme prédio do Plaza, analisando as características do alvo, que era de descendência asiática. O homem em questão tinha uma enorme cicatriz no peito e uma tatuagem de dragão branco em seu punho esquerdo. As acusações contra o homem eram gravíssimas, além das dívidas altíssimas e isso fez a garota apenas querer acabar logo com aquilo. A família do homem merecia liberdade, ninguém merecia estar atado a um ser desprezível como aquele.

     Deixando o blazer no banco de trás do carro, Makayla Harrison ajeitou o vestido preto e colado que usava e procurou a máscara preta típica daquelas usadas em bailes de máscaras - ou fantasias sexuais - no porta-luvas, encontrando-a com facilidade. A garota olhou seu próprio reflexo no espelho e ajeitou os fios curtos e lisos de seu cabelo castanho, dando um sorriso de canto para sua própria imagem antes de sair do carro. Indo para a porta traseira, ela a abriu e capturou um sobretudo também preto de dentro do carro, vestindo-o por cima da outra peça. Ela sentia o peso das armas dentro do casaco, mas qualquer pessoa que visse de fora pensaria apenas que era o peso do tecido grosso.

     Cruzando o pequeno beco ao lado de onde o carro estava estacionado, a nova-iorquina deu de cara com o Central Park e também com a enorme fachada do Plaza Hotel. O tapete vermelho nas escadas dava um ar extremamente luxuoso ao lugar, que tinha luzes amareladas iluminando a arquitetura interna do local e deixando o exterior com um ar ainda mais elegante. Sua chegada até a recepção não foi dificultada em momento algum, a elegância a qual ela exalava fazia parecer que sabia exatamente o que estava fazendo e não deveria ser incomum os magnatas que ali se hospedavam contratarem mulheres para satisfazer seus desejos obscuros.

— Boa noite... – Mak apoiou o próprio braço no balcão de mármore branco da recepção do local e ajeitou os cabelos novamente com a mão livre, que pendeu para o lado do seu corpo logo depois de ajeitar os fios. Mak olhava para a atendente, que de acordo com o crachá se chamava Jessie, que parecia jovem demais para estar ali e encantada demais com a beleza da nova-iorquina — Jessie. Eu tenho um encontro com o senhor Jihoon Lee, acredito que ele esteja no oitavo andar, mas não tenho certeza quanto ao quarto, você pode ligar para ele para confirmar minha entrada?

— É... Claro. Seu nome?

— Alex Alexander.

— Pelo protocolo, preciso de um documento com foto e devo informar que, em caso de não-confirmação das informações, a segurança será acionada imediatamente.

— Aqui está.

     A identidade falsa estava nas mãos da recepcionista, que parecia analisá-la minuciosamente, como se procurasse indícios de que não havia nada de errado ou algo do gênero, mas mesmo confiante que ela não acharia nada errado, Mak sabia que era questão de tempo até algo dar ruim, por isso, começou a cronometrar mentalmente treze segundos. Se nada desse certo, ela iria embora do Plaza e faria o serviço como nos filmes toscos de ação: iria invadir o prédio pelo alto e matá-lo.

— Aguarde um instante.

     Makayla apenas acenou com a cabeça e levou sua mão até o bolso do sobretudo, sentindo o metal gelado da G18 em contato com sua mão quente. O braço ainda estava apoiado sob o balcão e a Harrison tinha um sorriso de canto no seu rosto, sentindo o olhar da recepcionista queimar fixo em seu rosto, uma encarada profunda vinda de olhos claros era sempre impactante para a garota, mas infelizmente hoje não havia tempo para isso. Depois de alguns segundos de murmúrios e confirmações, a garota repousou o telefone de volta ao gancho e ergueu o corpo por completo, voltando novamente ao balcão onde Mak estava apoiada.

— Ele confirmou sua entrada. Quarto 818, aqui está a chave e sua identidade.

— Obrigada. Você pode fingir que não me viu aqui? Pelo sigilo do cliente? Sabe como são esses homens ricos, sempre traindo suas esposas...

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