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 — ENTÃO, EU POSSO IR? — Erin pergunta. Enquanto coloco as louças do jantar no lava-louças. Papai saiu há uns cinco minutos.

— Claro que sim — respondo.

Na verdade, eu gostaria muito que ela ficasse comigo hoje, mas não vou atrapalhar seus planos. Até porque é a primeira vez, em duas semanas que ela faz algo para se divertir e isso significa que ela está melhorando.

— Tem certeza?

— Tenho. O pessoal vai chegar mais tarde.

Isso é mentira. Eles não vêm, mas não quero que ela se sinta mal. Seus braços envolvem minha cintura e deixo um beijo em sua testa.

— Obrigada.

Ela sobe e uma hora depois, uma buzina tira a minha atenção da TV. Vou até a janela, espiando entre as persianas. É o carro da mãe de Mariam, melhor amiga de Erin desde os cinco anos.

— Erin? Elas chegaram! — chamo a morena que desce as escadas com uma mochila cheia de lantejoulas.

Abro a porta para ela e aceno para a Sra. Williams.

— Juízo, hein? — provoco minha irmã, ela apenas faz uma careta, os olhos dando um giro de 360°.

— Não se preocupe — a ironia em sua voz me faz estreitar o olhar.

— Eu te amo.

Meus braços a trazem para perto de mim. Seu perfume de flores me conforta. Eu queria mesmo que ela ficasse.

— Também te amo.

Ela corre até a amiga que a espera fora do carro. As duas entram e lá se vai o meu pequeno raio de sol.

Eu poderia chamar Oliver e Harper. Eles viriam, sei que sim. Mas, não quero incomodar ninguém hoje. Principalmente porque está tendo um festival de filmes antigos no cinema e sei como Oliver estava animado para ir. Pensando nisso agora, acho que eu devo ser a única adolescente em casa na cidade. Os jovens de Windtown gostam de sair. Claro que a cidade contribui para isso com seus eventos frequentes.

Talvez eu devesse ir ao cinema, mas a ideia não me agrada muito. Em vez disso, volto para o sofá e continuo assistindo ao jornal. Um ótimo jeito de aproveitar a juventude!

As notícias do dia são ofuscadas pela câmera fotográfica familiar em cima da mesinha

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As notícias do dia são ofuscadas pela câmera fotográfica familiar em cima da mesinha. É a câmera da mamãe. Erin deve ter esquecido aqui. Mesmo sabendo como vou ficar depois, eu a pego, ligo-a e abro na última foto tirada.

A paisagem do hospital me abate. Uma exaustão toma conta do meu corpo como se eu sofresse com um Jet Lag. Só que não fiz viagem nenhuma, ao menos não fisicamente.

Fecho os olhos. Quase consigo vê-la comendo a sopa sem sal que a enfermeira traz e fazendo uma careta que deixa Erin com um sorriso fofo no rosto. Então ela olha para mim. Com uma ternura no olhar que faz meu estômago se contrair. Aperto os olhos, deixando que as lágrimas cortem meu rosto.

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