Capítulo I

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Por SrtaAthena-
Capítulo betado por Meggie_novis

A encruzilhada estava banhada de carmim. Os campos, antes verdes e límpidos, carregavam a podridão da morte, com partes de corpos inchados e fincados por lâminas cegas, cobrindo a Colina da Raposa. Parecia que a morte estava decorando aquele território ao seu bel prazer, sem piedade.

A diferença era que, seus artistas, eram nós, os humanos, não os demônios.

— Os inimigos se escondem na cordilheira, estão usando o terreno como vantagem contra nós — Naruto falava, quase rosnando, conseguindo ouvir os murmúrios dos soldados naquele pequeno acampamento, assim como os sentimentos de revolta do herdeiro Uzumaki.

Os dias de confronto se estendiam por quase quinze dias inteiros, o exército do fogo era implacável, nem mesmo pareciam se cansar enquanto avançavam do dia para a noite, com os olhos escuros compartilhando da carnificina de seus generais, irmãos e descendentes diretos do rei Madara, o tirano.

— Eles sempre tiveram vantagem em questão de terreno, senhor — respondo, tentando acalmar os ânimos do loiro, mas acabou que apenas serviu de gás para uma onda de xingamentos baixos, batendo o pé até a tenda com o símbolo do clã Uzumaki, sendo acompanhado por seu subordinado: Lee.

Solto um suspiro, roçando meu dedão no cabo da katana, sentindo braços delicados enlaçando meu braço, assim como um sorriso largo e gentil surgiu no meu campo de visão, quando me virei na direção da figura feminina bem trajada com seu kimono branco, coberto por uma armadura de couro e placas de metal protegendo seus pontos baixos. 

— Está se preocupando demais, os Uchihas estão tão cansados quanto nós, como conseguiriam atacar depois de tantos dias de sofrimento? Nem mesmo a lâmina aguenta tantas pancadas sem uma manutenção adequada — A voz doce da ruiva revirou meu estômago, fazendo-me soltar um suspiro breve e voltar a encarar a Colina da Raposa, focando na cordilheira um pouco mais à frente — território do Imperador Uchiha.

— Hum, não precisamos de muito para lutar, se há uma chance de atacar o inimigo enfraquecido, será feito, mesmo que estivéssemos em frangalhos — sussurro, ouvindo um estalar de língua da ruiva, amaldiçoando-me por ter cutucado a raposa com vara curta.

 — Não seria prudente, mesmo assim, certeza que os inimigos não seriam tão burros para arriscar sua pele desse jeito — a ruiva fez uma pausa, comigo em silêncio, apenas observando os traços irritados que cobriam seu rosto — Agora vamos, pare com essa cara, não é do seu feitio estar tão tenso, precisa descansar para a próxima batalha, não seja irresponsável, general Hatake.

Karin ficou em minha frente, com as mãos na cintura e uma carranca nada sutil em seu rosto delicado. A mulher, poucos anos mais nova que eu, conseguia ser doce e inconveniente, tudo ao mesmo tempo, mesmo tendo a melhor educação do país, mas mesmo sendo a quinta na sucessão ao trono, ainda parecia uma adolescente mandona — minha noiva mandona.

— Princesa, por favor, essa não é a melhor hora para discutirmos, podemos ser atacados a qualquer momento — peço, soltando um suspiro, tentando evitar bater com, como diria Guy, o fogo da juventude da ruiva. — Apenas desistiria do confronto e pouparia meu juízo o máximo possível para as batalhas, afinal, eu nunca venceria.

A ruiva torceu o nariz, mas relaxou os ombros e tirou as mãos da cintura, aproximando-se de mim e repousando a mão, suavemente, no meu peito. Karin me encarou com doçura, com os olhos castanhos-avermelhados cheios de algo que não consegui distinguir o que era.

— Mesmo que nosso compromisso seja por pura conveniência de meu pai, preocupo-me com você, Kakashi. — Encaro a imensidão de sentimentos da Uzumaki, mordendo minha bochecha por dentro da boca. — Então tente não pensar no que vê, mas no que não pode ver.

O General do Imperador - KakaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora