Capítulo 3Depois de limpar todo o banheiro e tudo voltar a ser cândido e organizado, guardei os produtos, tirei as luvas verdes de borracha e lavei minhas mãos me retirando do banheiro e indo para o quarto lentamente, chegando lá estava tudo como eu havia deixado, cama feita, almofadas arrumadas, como de costume. Peguei um vestido florido básico no guarda roupa e retornei ao banheiro e comecei a encher a banheira rapidamente e enquanto isso comecei a me despir.
Eu estava pelada na hora que fui pro hospital…
Pensei nisso e sorri com o fato cômico porém trágico, V jamais riria disso comigo pois se ele estivesse aqui nada disso estaria acontecendo.
A banheira encheu.
Adentrei levemente e imergi todo meu corpo apenas deixando meu rosto para fora, fechei os olhos e aquela escuridão me acalmava, eu podia escutá-lo cantarolando alguma música do Frank Sinatra ou treinando esgrima sozinho. De repente cheguei em uma memória, e em meio a esse devaneio me deliciei com sua presença, eu estava na cama e o mesmo acariciava meu cabelo, cada mecha com ternura e carinho.
-Eve, eu gostaria de fazer um pedido.- falou V enrolando uma madeixa com os dedos.
-Diga.
-Eu posso morrer depois que completar minha missão então peço que siga em frente sem mim.
-Não diga isso!- exclamei exaltada.-Nao volte a repetir isso.
-É apenas a verdade.
A boa lembrança não era tão boa assim, quando ele me disse que poderia partir para sempre, me rasgou o peito e parecia por um estante que colocaram uma pedra fumegante em cima dessa ferida.
Abri os olhos me retirando de lá.
Olhei para o teto e eu ainda estava no banheiro, e não na véspera do 5 de novembro.
Com o corpo limpo e perfumado, me levantei e coloquei um roupão branco e rumei em direção à cozinha, peguei uma taça e abri um vinho, porém não era em tom de comemoração ou algo do tipo, era apenas vontade de sentir algo. Enchi ao meio de vinho e fui para sala assistir televisão, sentei no sofá e peguei o controle ligando-a, os canais que tinham eram de noticiários, nada muito surpreendente, todos falavam do próximo 5 de novembro, e as comemorações e homenagens para o V, o governo ainda tinha problemas mas todo mundo estava satisfeito com a atual situação, o toque de recolher acabou, e as pessoas podiam comer manteiga original, e isso lhes bastava, e em todo dia 5 de novembro parecia um carnaval, o povo saía vestido de V e bebiam, dançavam, e todo aquele significado político foi se perdendo, virou baderna e a ameaça de uma ditadura era iminente, porém silenciosa, ou eram os cidadãos que faziam muito barulho.
V era um herói, salvador da pátria, mas depois de cinco anos tudo foi mudando, se modernizando, elegemos um presidente e no começo os protestos eram frequentes, com o tempo ninguém mais organizava nada.Como eu queria que ele estivesse aqui…
Me levantei e desliguei a televisão, e decidi sair e tomar um café, tinha um lugar ótimo para tal nas proximidades do bunker.
Coloquei o vestido e peguei as chaves e minha bolsa e saí, estava um dia ensolarado avaliando por Londres ter a maior parte de seus dias cinza e frio. Era um milagre fazer tanto sol por uma semana seguida. Na caminhada até a cafeteria eu me sentia leve, como se flutuasse, por algum motivo parecia que os problemas desapareceram era tudo tão maravilhoso, as pessoas conversando umas com as outras enquanto tomavam chá, uma mulher se deliciando com um pedaço de bolo red Velvet enquanto via mensagens no celular e eu adentrando para pedir um café.
-Um café latte por favor.
O atendente gritou minha comanda enquanto eu rumava até uma mesa para um aguardando o café. O ambiente não estava muito cheio, na medida eu diria.
De repente olhei para a porta e era o Dr. Shelby entrando lentamente e se dirigindo ao balcão.
Por algum motivo quis me esconder embaixo da mesa, porém ele me avistou e minha tentativa de desaparecer deu errado e como não tinha nada que fizesse eu ficar invisível acenei sorrindo.Droga! Ele está vindo na minha direção…
-Olá srta. Eve , boa tarde.- me cumprimentou com leveza.- Vem sempre aqui?
Que pesadelo, por algum motivo senti minhas bochechas enrubescendo.
-N-na ver-verdade não.-gaguejei enquanto recebia o café na mesa, em meio a um pigarro fingindo apenas ter engasgado.
O mesmo sorriu.
-Posso me sentar?- perguntou ajeitando a gravata de seu terno que parecia projetado sob medida, risca de giz e um caimento elegante.
-S-sim- será que eu nunca vou parar de gaguejar?.
O moreno se sentou ajeitando a calda do seu trench coat.
-Como foi a sensação de retornar à sua casa?
Me concentrei, respirei fundo.
-Foi incrível, ter que limpar uma banheira de sangue podre é tão banal.- ironizei.
Ele arregalou os olhos enquanto a garçonete colocava a xícara em sua frente.
Café Latte… Sorri olhando para ele que sorriu de volta, seus olhos azuis eram encantadores, parecia ler meus pensamentos.
-Quer conversar sobre isso?
-Hoje não, amanhã a terapia é inevitável.- dei de ombros.
-Não será comigo, será outro médico bem mais rígido.- pressionou com um sorriso ladino enquanto tomava um gole de sua bebida.
Por essa eu não esperava…
-Eu posso lhe dizer que; quando se ama alguém as vezes perdemos nossa racionalidade.- retruquei seca, engolindo as demais palavras que se fossem ditas eu com certeza choraria um oceano.
-Ele terminou com você?- suas palavras pareciam facas voando direto em meu peito.
-S-sim-, partiu para sempre, almejou e conseguiu conquistar, será lembrado para sempre.- falei e meus olhos começaram a marejar- mudou minha vida e de muitas pessoas…
-Era médico?
-Não, pior, o terrorista que explodiu o parlamento.
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O Renascer Do Amor.
RomanceEve sentia muita falta de seu amor, não vendo escolhas cortou os pulsos na esperança de reencontra-lo, ela só não esperava por Thomas.