Oie, aqui é a Nyah com mais uma Mon-One do #mondesafio, dessa vez vamos de Jookyun, nosso tema era declaração inesperada, e como sempre eu querendo ser a diferentona tomei um caminho diferente...
O que você seria capaz de fazer para conseguir sua vingança? O que você faria se estivesse sozinho no mundo? Apelaria para o diabo? Chankyun sim.
Do que você mais tem medo? Qual a sua fraqueza? Vem comigo descobrir o que Changkyun descobre no final deste conto.
†
Das muitas coisas de que me arrependo, fazer parte com o diabo não é uma delas. Não. Se eu pudesse voltar praquele dia, ia de fazer exatamente a mesma coisa que fiz, juro pelo remendo d'alma que ainda tá aqui dentro apodrecendo com esse corpo. Desse dia, minha única burrada foi num ter preparado uma arapuca pra prender aquele capeta, pra de achar ele mais fácil, porque hoje já faz mais de num sei quantos anos que procuro aquele fodido, seguindo o rastro com cheiro de enxofre, café e tabaco, mas nunca que encontro ele. Tô cansado já, essa carcaça velha que eu chamo de corpo precisa morrer. Essa vida precisa acabar.
Os cascos da montaria e o zumbido dos mosquitos marcam o ritmo morto em que o velho cavalga. O corpo pouco nutrido balança pra lá e pra cá no trote do cavalo, os cabelos compridos, finos, embranquecidos e ensebados também balançam, atrasados, levando até o nariz grande o cheiro ruim do suor acumulado debaixo do chapéu gasto, não há lembranças da última vez que foram lavados. Os lábios rachados seguram com certa teimosia os restos de um cigarro há muito acabado, um centímetro sem nicotina, tragados como se pudessem ainda intoxicar o pulmão cansado que às vezes chia. Os olhos miúdos estão bons o suficiente para enxergar bons metros à frente, o caminho sempre igual com cascalho no chão cinzento e ainda muito longe as dunas nômades do deserto de Gobi.
Im Changkyun não é capaz de dizer com precisão sua idade, é forte o suficiente para perseguir o diabo, está cansado o bastante para desejar a morte que parece fugir de sua presença. Sua figura não passa de um fiapo de gente, uma sombra que assusta as crianças das vilas por onde passou e virou lenda contada pelos pais.
"Se você não se comportar o velho do chapéu vai te levar!", é o que eles dizem. Acho graça e deixo os moleque com mais medo, mas não gosto disso não, o mundo é perigoso de verdade, e os piores filho da puta não tem jeito de gente miserável não. É gente que come bem o suficiente pra dar trabalho pras calça, é gente que num passa necessidade, gente que dorme com travesseiro macio, que vai ter outro pra sujar as mão no lugar deles. Essa gente que nunca acaba, porque eu mesmo já dei cabo de uma penca deles e o mundo continua cheio deles. Tipo barata, daquelas cascuda, que voa e fede, a gente mata uma e sete surge pra atazanar. Eu aprendi isso do pior jeito.
Um tosse seca irrompe pela garganta. A bituca voa longe. Changkyun para, pula do cavalo cansado e se apoia em seu lombo curvando o tronco enquanto continua sofrendo com o acesso da tosse. Quando acaba o peito chia e a boca está cheia de uma saliva grudenta e branca que ele escarra e cospe não muito longe das botas de couro gastas.
Podia de ao menos ter sangue nessa merda e eu morrer aqui, mas nem isso eu posso. Minha sina é penar, penar e penar, sozinho, sem nunca ter paz... Não que eu queira, o que eu queria eu tive. Mas tô cansado porra, se for pra ir pro inferno porque que eu num vou logo, caralho...
Resmungar alto é um hábito que ele não consegue abandonar. Nos olhos de lágrimas acumulas o laranja do início do fim do dia pintam uma esperança.
É quase vermelho, e ele tem os cabelo e um dos olho vermelho. Pode ser que aquela bruxa teje certa de verdade e ele há de tá aqui. Não quero me apegar nisso não, só que eu não consigo. Tô tão cansado que tô virando essa gente que prefere só acreditar pra poder conseguir dormir de noite.
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Vagante
FanfictionAté onde você iria por uma vingança? O jovem Im Changkyun foi capaz de fazer um trato com o demônio da encruzilhada, Joohoney. Pena que fez o desejo errado. E agora o demônio desapareceu e ele precisa encontrá-lo no deserto vermelho, mas talvez enco...