Capítulo I

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Adam.

As paredes Azul Caribe, são sobrepostas pelo brilho amarelo alaranjado do pôr do sol. A brisa suave do outono soprava em meio as árvores e o cheiro de café aromatiza o ambiente junto com o perfume denso das folhas no tom lilás das árvores no jardim.
Eu estava sentado na janela fumando - como de costume  — observando a escuridão que se formava no outro lado do céu, com um tom de roxo e azul escurecendo ainda mais, já com algumas estrelas visíveis. A lua já estava bem exposta também e a fase da vez era a Minguante.
Meus cachos negros estavam bagunçados por eu não ter lavado o cabelo essa semana, mas eu gosto do cabelo assim, o porquê eu não sei.
Ainda sentado jogo a bituca do cigarro em um balde no canto perto da janela. Ouço passos se aproximando de onde estava e o cheiro de café fica mais forte a cada passo, até alguém bater à porta com algo que não pareciam as mãos, indicando que está segurando algo. Vou até a porta e a abro. Vejo minha irmã com duas canecas bem cheias e faço um gesto para que entre. Ela me entrega uma e se senta em minha cama e dá dois tapinhas ao lado para que me sente.

— Estava Fumando denovo? — Pergunta Sarah

— Talvez, por quê? — Digo levando a caneca até a boca e tomando um gole.

— Só por curiosidade. É que está um leve cheirinho sabe? —  Ela encara o teto branco por um tempinho.

— Deve ser da rua — Respondo olhando para minha calça moletom escura.

— Idiota — Ela sorri e me dá um soco de leve no braço - Me dá um.

— Pega ali. Tá dentro da cabeceira ao seu lado. — Aponto. Ela abre e pega um. — Vamos pro telhado?

— Claro. — Diz ela pegando minha mão e me levando até lá.

Essa cena é muito comum entre a gente. Nós dois, sentados no telhado observando as estrelas e conversando. Sarah é minha única irmã e ela é a mais velha. Seus cabelos castanhos claros cacheados — praticamente puxou tudo da nossa mãe — balançam com o vento. Está usando uma Legging Preta e um moletom verde musgo. Sempre fui muito apegado a ela, talvez por ter sido minha única amiga por bastante tempo, e ela sempre me chama pra ficar com ela, seja pra assistir algo ou sair.

— Vai pro colégio amanhã né? — Sarah Diz

— Pois é... — Cruzo minhas pernas e fico olhando para a rua — ...Infelizmente.

— Ah para, o colégio é a melhor fase! — Ela ri e leva o cigarro até a boca — amanhã é sexta também. passa o isqueiro

— Isso não se encaixa a todos Sarah — Entrego — Se alguém não é bom em nada não terá vontade de interagir, e vai se isolar completamente.

— Mas eu sei que esse não é o seu caso — Traga o cigarro.

— Bom, não o fato de "não ser bom em nada" mas, confesso que não estou com um pingo de vontade de interagir.

— Relaxa, não precisa. Contanto que isso não te afete — Ela fixa seus olhos em mim me deixando um pouco desconfortável — Tudo bem não querer conviver com todo mundo todos os dias, mas também é preciso saber conviver com os mesmos. Somos como lobos. Vivemos em bandos, e quem se torna ômega (Lobo Solitário) acaba morrendo.

Depois desse consolo sobre convívência, um silêncio se estabelece entre a gente e o céu escurece cada vez mais. Tendo como luz apenas as janelas das casas vizinhas e os poucos postes da rua.
Talvez ela esteja certa. Talvez eu deva voltar a socializar, mas minha vontade não volta. Eu gosto da solidão, pra mim é aconchegante e não requer muito esforço. Não me sinto desse mundo, me sinto um Alien invasor, que apenas está de passagem. Eu vim de longe e quero voltar ao meu lugar. Imagino meu mundo onde eu sou o rei e posso ser eu mesmo sem filtros, não machucando ninguém e só entra quem ama.
Seria basicamente o mundo como conheço, porém sem a humanidade daqui. Olho para o céu vendo os pontos brancos imaginando o que o universo esconde. Seria arrogância achar que estamos sozinhos em um lugar imenso desse e que somos os únicos que por "sorte" teriam vida. Sinto que algo nos impede de encontrar novas formas de vida, ou de encontrar as que esperamos. — Os verdinhos cabeçudos clássicos — Tantos mundos, tantos universos, tantas galáxias. Chega a ser sufocante e misterioso, muito além da nossa capacidade entender.

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