—Qual seu nome? – olhei séria pro rapaz que estava sentado de frente pra mim, em cima da minha cama. Ele me olhava descaradamente, eu não o conhecia, mas também não tinha medo.
—Não faça perguntas difíceis Gatinha..
—Como posso te chamar?
Ele revirou os olhos e sem me responder, deu um tapa na coxa descoberta pela saia.
—Aie- lacrimejei os olhos- Porque me bateu?!
—Idiota!! Não chora- vi seu semblante mudar do nada, se curvando sobre mim ele beijou a lágrima que havia caído.- Princesas não choram, apesar dos monstros debaixo da cama, elas não choram.
O lindo rapaz colocou o dedo indicador nos meus lábios impedindo que falasse algo, sorriu pra mim sem mostrar os dentes, minha visão foi embaçando e ele sumiu. Sua presença foi substituída por um barulho irritante, chato e completamente ignorante.
Eu sempre acordava antes do despertador tocar, mas aquele dia fui obrigada a acordar da pior forma possível: Sendo acordada.
Levantei preguiçosa, fui direto pra cozinha vendo a bagunça que estava. Suspirei ao abrir o armário vendo que não tinha mais nenhum prato limpo, nem copo, nem talheres. “Sim, fui lavar tudo as pressas”, lembrando que tinha que ir pra faculdade logo. Olhei o relógio: 06:03
“É, eu consigo”. Lavar essas vasilhas, arrumar minha cama, vestir qualquer coisa, comer... e chegar na aula 7:00.
“NÃO eu não consigo.” Lavei as vasilhas, e quando fui arrumar a cama deitei novamente, peguei no sono. 6:50. Corri até o guarda-roupa pegando o uniforme costumeiro, Blusa pólo branca com o logo da escola e uma saia preta pinçada ate os joelhos que eu fazia questão de subir mais um pouco. Peguei o primeiro sapato que me veio a frente, um coturno preto. Enfiei um pequeno pão na boca. Capacete, chaves de casa que ficavam grudadas com a da moto.
“Ok, tudo ok”. Não estava esquecendo nada. Tranquei a casa. Virei a moto pra sair, apertei o controle pra que abrisse o portão automático. Montei, dei umas aceleradas sem sair do lugar pra dar tempo do portão abrir e esquentar o motor frio, já que fazia tempo que não era usado.
Saí rápido, e mesmo já na rua, tirei a mão esquerda da direção e olho pra trás apertando o controle novamente pro portão fechar. Acelerei sem preocupações vendo que ele estava movimentando. Provavelmente estava já a uns trezentos metros longe de casa, estava me sentindo leve.
“Leve?! Minha mochila!!!” Não procurei retorno na rodovia pra voltar... se a polícia me pegasse.
É, eu estava indo pra casa na contra mão da rodovia, “que errado Ayu Vilalobos.”
Só acelerei, passei no quebra-molas quase voando. Agradeci aos deuses por o portão ser lento em fechar, só entrei por aquele espaço até razoável. Brequei quase caindo na garagem.. mas eu precisava de rapidez então deixei pra depois a verificação se havia algo arranhado.
Pela minha pressa deixei as chaves caírem no meio do caminho até a porta principal, deixei pra lá, “pego quando estiver saindo”.
Entrei em casa rapidamente, peguei a mochila, o celular que estava em cima da mesa e a jaqueta que tinha esquecido “TAMBÉM”. Fui rápida em pegar as chaves no chão, e por minha grande, mas grande sorte mesmo, o portão não tinha fechado.
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Villalobos- "Aprendendo a viver"
AventuraSaindo de traumas passados que insistem em ser gatilhos no dia-a-dia. Ayu Villalobos é uma garota fechada, que não se abrirá para alguém novamente tão cedo. Ela tem seu conforto e destruição na mente. Esse mundo não é nada parecido com o que conhec...