Era noite. Pedro escuta a movimentação no edredom, abre um pouco os olhos e gira levemente o tronco para o interior da cama, vendo que Teresa havia se sentado, ficando de costas para ele.
— Teresa? — a voz do ex-monarca estava fraca por mal ter acordado, e seus olhos estavam semicerrados. - Aconteceu algo? - ele começa a se preocupar com o silêncio de sua esposa que o olha por cima do ombro negando com a cabeça.
—Non... Nada. Volte a dormir, Pedro... — a mulher de cabelos brancos tenta despreocupar o marido, mas sua voz entristecida acabou fazendo o efeito contrário.
Imediatamente Pedro se sentou na cama, arrastou-se para a sua lateral e se levantou, arrastando os pés lutando contra o sono para chegar até o lado de sua mulher e se sentar ali na cama. Ao sentar-se, suspira demonstrando um cansaço involuntário. Os dois olhavam para frente, para um ponto indefinido na parede branca que recebia pouca iluminação vinda da janela coberta por uma fina camada de tecido também da cor branca que reduzia a luz do amanhecer. Consequentemente, reduzia a luz natural da noite.
O homem que estava com as mãos repousadas sobre as próprias coxas, vira a mão esquerda, deixando a palma para cima.
Entre eles, raramente era necessário de palavras para que se entendessem.
Assim, Teresa, após alguns segundos em sua resistência de se mostrar 'estar bem', cede e une a sua mão a do marido, entrelaçando os dedos aos dele e se deixando receber daquele carinho. Pedro acaricia a mão delicada e envelhecida da esposa e a traz até a altura do seu peito, inclina o corpo para frente e leva os lábios ao encontro do dorso da mão de Teresa. Ao beijá-la, ele fecha os olhos e a escuta respirar fundo.
O movimento, que já era lento, ficou ainda mais devagar pela lentidão do raciocínio do ex-Imperador logo ao acordar. Ele volta a repousar a mão na perna, ainda segurando a de Teresa.
— Como eu poderia dormir sabendo que você não está bem?
Teresa finalmente vira a cabeça e olha nos olhos do marido. Ela se esforça para sorrir. Pedro respira de forma profunda e libera o ar pelo nariz, olhando a esposa.
— O que aconteceu, meu amor? Eu fiz algo?
— Non! Você non fez nada de errado, amore mio! — de forma imediata Teresa desfaz a preocupação do marido quanto à isso que se coloca pensativo na próxima pergunta que faria.
— Alguém te fez algo...?
Mais uma vez, Teresa se cala e volta a olhar para frente, deixando Pedro ainda mais preocupado.
— Quem? É só me falar o nome que eu resolvo isso! Ninguém tem o direito de te deixar aflita assim...! — Pedro queria proteger a sua esposa e lhe doía saber que algo acontecia e ele aparentemente não poderia fazer nada. Se pudesse, Teresa já o teria contado.
— Preciso ir. — Teresa desvincula a sua mão da do marido e se levanta, caminhando até o armário para achar um vestido.
Se antes Pedro mal conseguia abrir os olhos pelo sono, agora estava com eles arregalados por ter sido surpreendido. Ir?
— Precisa ir...? Pra onde? São duas e quarenta da manhã...! Teresa, por favor... — ele se levanta e vai ao lado dela no armário tentando ter sua atenção ocular. — O que está acontecendo? — implora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois do Imperador
Historical FictionCom a novela Nos Tempos do Imperador no ar, os grandes nomes da História Brasileira retornaram com força, trazendo inúmeros comentários sobre essas figuras históricas... e todo mundo sente quando o próprio nome está repercutindo por aí. De tanto fal...