Capítulo 10:

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A primeira coisa que vi quando acordei de manhã no domingo foi uma garrafinha cor de âmbar com um rótulo com os dizeres CURA RESSACA em letras desenhadas à moda antiga. Um laço feito de ráfia enfeitava o gargalo, e uma rolha mantinha a integridade de seu conteúdo de virar o estômago. A tal cura funcionava, um fato que eu tinha comprovado pessoalmente na primeira vez em que Harry me deu aquilo para beber, mas a visão da garrafinha tinha o efeito desagradável de me lembrar da quantidade de álcool ingerida na noite anterior. Fechando os olhos com força, gemi e enterrei a cabeça no travesseiro com a intenção de voltar a dormir. Algo se mexeu sobre a cama. Lábios firmes e quentes desceram pelas minhas costas nuas.

— Bom dia, meu anjo.

— Pelo jeito você está feliz da vida  —  eu murmurei.

— Sim, mas só por sua causa.

— Tarado.

— Eu estava me referindo à sua capacidade de gerenciar crises, mas, claro, o sexo foi sensacional, como sempre.  — Ele enfiou a mão por baixo do lençol, contornou minha cintura e apertou minha bunda. Ergui a cabeça e vi que ele estava encostado à cabeceira do meu lado, com o laptop no colo. Estava lindo como sempre, completamente à vontade, vestindo apenas uma calça larga. Eu com certeza não devia estar tão atraente. Fui embora de limusine com as meninas, e depois encontrei com Harry em seu apartamento. Já estava quase amanhecendo quando fomos dormir, e eu estava tão cansado que despenquei na cama ainda com os cabelos molhados depois de uma ducha rápida. Uma sensação de prazer se espalhou pelo meu corpo quando o vi ao meu lado. Ele tinha dormido no quarto de hóspedes, e podia muito bem ter ido trabalhar no escritório. O fato de ter escolhido a cama em que eu estava dormindo significava que preferia ficar comigo, mesmo quando eu estava inconsciente. Eu me virei para olhar no relógio do criado-mudo, mas algo no meu pulso chamou a minha atenção.

— Harry...  — Um relógio havia sido colocado no meu braço enquanto eu dormia, uma peça de inspiração art déco cravejada de pequenos diamantes. A pulseira era creme, e no mostrador de madrepérola liam-se as marcas Patek Philippe e Tiffany & Co.  — É lindo.

— Existem vinte e cinco como esses no mundo. Não é uma coisa tão singular como você, mas pensando bem nada no mundo seria.  — Ele sorriu para mim.

— Eu amei  — falei e fiquei de joelhos.  — E amo você.

Ele deixou o laptop de lado, permitindo que eu montasse nele e o abraçasse.

— Obrigado  —  eu murmurei, emocionado por sua demonstração de consideração.

Ele devia ter ido comprar quando eu estava na minha mãe, ou logo depois que saí com as meninas.

— Humm. Me diga o que eu preciso fazer para ganhar um desses abraços sem roupa todos os dias.

— Basta ser você mesmo, garotão.  — Eu acariciei o rosto dele com o meu.  — Você é tudo de que eu preciso.  — Desci da cama e fui até o banheiro com a garrafinha na mão. Estremeci ao beber todo o conteúdo, e depois lavei o rosto. Vesti um robe, voltei para o quarto e vi que Harry havia saído da cama, deixando o laptop por lá. Eu o encontrei em seu escritório, de pé com os braços cruzados, virado para a janela. A cidade se estendia diante dele. Não era uma vista distante como a do Shumfire ou a de sua cobertura,  era algo mais próximo e imediato, que proporcionava uma ligação mais íntima com a cidade.

— Isso não me preocupa  —  ele falou no headphone.  — Estou consciente dos riscos... Já chega. Não estou pedindo sugestões. Proponha o acordo conforme o especificado.

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora