₊❈˚.ᴛᴏᴍᴏʀʀᴏᴡ

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6 décadas - 7 anos - 5 horas - 9 minutos - 48 segundos.

Esse é o tempo de vida que ainda resta para Choi Yeonjun.

Com apenas 18 anos ele ainda tem muito o que viver, ah sim.

Mas como ele sabe que ainda lhe resta 67 anos de vida pela frente? A resposta é simples: todos os humanos nascem com um relógio natural — vamos assim dizer — tatuado no pulso, e a cada segundo que se passa os números do relógio diminuem.

Para muitos, olhar para o pulso e ver que ainda lhe restam décadas pela frente é um alívio, mas quanto mais esse tempo chega perto do fim, mais triste a situação fica.

Aliás, ninguém nunca está realmente preparado para a morte.

Ainda mais quando a pessoa que está com o fim próximo não é você, mas o grande amor da sua vida.

Choi Soobin. 21 minutos - 19 segundos.

Quando se sabe que irá morrer com 17 anos, tudo que você faz se torna algo especial, com um significado.

Em todos os momentos que Soobin vive, ele faz questão de reparar em todos os mínimos detalhes, aproveitando os pequenos momentos de felicidade sem o menor medo, aliás, ele não tem tempo a perder.

Melancolicamente, Soobin afasta a manga comprida de seu pulso, checando seu tempo restante.

— Binnie, para de olhar o Tempo, por favor — Yeonjun segura o pulso do garoto delicadamente, encobrindo os números com os dedos pálidos — Não vai te ajudar.

Yeonjun não estava dos melhores: os olhos inchados mostravam as longas noites que ele já havia passado chorando baixinho, as roupas amassadas denunciavam que ele não se importava mais com a aparência — algo totalmente incomum para sua vaidade —, e o olhar sem brilho transbordava tristeza, falta de esperança.

Mas realmente, não havia esperança. Ninguém muda o Tempo.

— Força de hábito — Soobin dá uma risada sem graça, apenas para tentar quebrar o clima, e coloca a outra mão em cima da do amado, a acariciando — Não dá para fazer muita coisa em 20 minutos, né?

Yeonjun sente um amargo na garganta ao ouvir "20 minutos". Soobin era forte, extremamente forte, pois mesmo naquela situação, ele parecia bem, saudável, feliz. Yeonjun o admirava.

— Podemos ir para a mangueira, você ama ficar lá.

O olhar de Soobin brilha, balançando a cabeça rapidamente em concordância e abrindo seu sorriso que o deixava parecendo um coelhinho. Sempre que olha aquele sorriso tão de perto, Yeonjun tem certeza que o Choi é o garoto que ele ama.

Os dois se levantam do sofá onde estavam sentados, caminhando de mãos dadas até a saída da casa. Eles estavam na casa de sítio da vó de Soobin, lugar esse que ele escolheu ficar em seus últimos dias. Passaram pela Vovó Choi — que sofre de alzheimer, então não foi capaz de se lembrar da situação do neto — e se despediram dela. Soobin deu um último beijo em sua testa, lhe entregando todo seu amor familiar, já que era o único membro de sangue que tinha.

Saíndo pelo portão de madeira que dividia o quintal da estrada de terra, a brisa suave do começo da manhã dançam em seus rostos. Ambos não dizem nada por alguns segundos, apenas andam e observam o horizonte verde da grama em contraste com o céu amarelado da manhã e sentem o calor da palma da mão do outro.

— Sabe — Soobin quebra o silêncio, soltando a mão de Yeonjun — Vamos viver como se essa não fosse a última vez. Não precisamos ficar tristes — O mais novo fica de frente para o Choi e começa a andar de costas, sem perder o contato visual com o amado, aumentando a velocidade de seus passos cada vez mais — Só precisamos viver, como se amanhã pudéssemos fazer isso tudo de novo.

20 Minutes ◷ YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora