Milhares de faróis presos no fundo do céu

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Voltei para minha casa em um estado deplorável porque eu mal conseguia andar, mas também não queria pedir ajuda aos outros, estava muito triste pelo ocorrido e eu não queria encarar o Hoseok agora. Torci para a vizinha idosa não me ver e por sorte ela não estava na frente de casa para tomar um vento como sempre fazia.

Assim que entrei em casa, fui para minha forma humana e segui ao banheiro. Eu precisava limpar minhas feridas. Foi extremamente doloroso fazer tal coisa, ardia como um inferno os machucados e, vez ou outra, a marca de Jungkook também. É estranho pensar que ele era um completo desconhecido para mim minutos atrás e, graças à marca que me fez, comecei a saber quase tudo de si. Eu sabia que ele estava sentindo as dores dos meus machucados também. Afinal, era isso o que a marca fazia. Ela compartilha sentimentos e sensações, sejam elas quais forem. Quando dois lobos estavam marcados sem haver um pingo de reciprocidade, os sentimentos opostos causavam um conflito como estava acontecendo comigo agora. Mas eu sabia que aquilo não ia durar muito, era uma marca sem conexão alguma que logo sumiria.

Assim que terminei meu banho, fiz curativos nos locais que consegui, mas principalmente no local da marca do meu pescoço. Ouvi batidas na porta, me fazendo arquear a sobrancelha por isso. Segui até a entrada de casa, abrindo a porta e tomando um susto ao ver que era Hoseok. Ele estava com uma expressão de preocupação enorme, mas pareceu ter se aliviado ao me ver ali.

- Meu Deus... Você está vivo... - ele murmurou ainda atônito e veio me abraçar apertado.

Retribuí o abraço meio que automaticamente.

- Estou bem... Eu consegui escapar. - falei baixo e logo Hoseok me encarou, sem me soltar do abraço.

- Tae, me deixe cuidar dos seus machucados. - aquela proposta era super tentadora, ele até tinha usado o apelido que sempre me dava.

Mas eu não podia aceitar. Principalmente depois de saber que ele não gostava de ter que cuidar de Ômegas. Me afastei do abraço de forma abrupta, sentindo meu corpo sentir calafrios péssimos e a marca arder um pouco, me fazendo expressar uma reação de dor.

- Tae... - Hoseok tentou de novo, mas o interrompi.

- Não. Eu vou ficar bem. Você precisa voltar para casa, seu pai deve estar louco atrás de você. - consegui falar aquilo mesmo sentindo a dor da marca. Hoseok pareceu hesitante.

- Está bem... Mas se precisar de algo, pode me chamar. E suas coisas estão no castelo ainda, então se precisar ir para lá passar um tempo, pode ir. - me limitei a afirmar com a cabeça, deixando ele ir.

Respirei fundo antes de fechar a porta e me encostar contra ela. Era tão ruim ter que parecer forte o tempo todo, tudo o que eu mais queria era que ele me abraçasse agora e dissesse que estava tudo bem. Mas eu não podia pedir aquilo para o Hoseok, não queria forçá-lo a cuidar de mim daquela forma. Mordi o lábio inferior, me perguntando se eu realmente precisava viver daquele jeito. Talvez fosse a hora de aceitar que eu não achei minha alma gêmea e que eu deveria continuar a procurar.

Dei um tempo ali na porta, tempo suficiente para Hoseok ir embora. Abri a porta mais uma vez e fui para minha forma de lobo, correndo para longe da vila. Havia uma pequena floresta ali perto que usavam para treinos de caça e eu queria aliviar um pouco minha mente agitada. Estava de noite e a lua pairava sobre o ar. Apenas parei de correr quando fiquei em um lugar alto o suficiente para ver a lua cheia de hoje.

"Quando se sentir solitário, uive para a lua e ela vai te mostrar quem é a pessoa verdadeira."

A voz da minha falecida avó ecoou em meus ouvidos enquanto eu encarava a lua ao longe. Não sabia que ia recorrer a lendas algum dia, mas cá estava eu. Então, sem hesitar, tratei de uivar. Era um uivo triste e eu não estava me importando se seria ouvido. Só queria, de alguma forma, pôr para fora toda minha angústia.

Metade Proibida (Taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora