4. Chorando no banheiro

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    Embora não tivesse certeza acerca da sexualidade do amigo - nem ele mesmo sabia ao certo - Ji Yeong sabia que Jimin gostava de homens. Sabia também que fazia pouco mais de 2 meses que o assunto preferido do loiro era o "gatinho misterioso" do terceiro ano. Sabia que quando o garoto apareceu em sua porta vestido como um deus da sensualidade, o plano de finalmente conquistar Min Yoongi seria colocado em prática. Sabia que nenhum ser em sã consciência, independentemente de formalidades como gênero e sexualidade, resistiria aos charmes de Park Jimin. Basicamente, Ji Yeong sabia que sua paixão pelo melhor amigo estava fadada ao fracasso. Então por que doeu quando isso tudo se materializou em sua frente?

    Agarrando dois shots de vodka e virando-os em sequência, a jovem circulou pelo espaço interno da casa em busca do banheiro. Precisava de um pouquinho de silêncio para ouvir os próprios pensamentos e se recuperar. Não queria parecer patética quando seus amigos voltassem das respectivas sessões de amassos. Quando localizou a porta escura, sua mão voou à maçaneta, acreditando que caso estivesse ocupado ela simplesmente não conseguiria destrancar e esperaria do lado de fora.

    Entretanto, a porta do banheiro se abriu com facilidade e, ao contrário do esperado, não estava vazio. Os 1,77m de Sae-Byeok pareciam meros centímetros quando encolhidos no chão do cômodo. A garota apenas levantou a cabeça, antes apoiada sobre os joelhos, travando seu olhar com os conhecidos olhos de jabuticaba arregalados em sua direção. A encarada não durou muito, já que Ji Yeong apressou-se para ajoelhar-se ao seu lado, nitidamente perdida nos limites que deveria respeitar com alguém que conheceu naquele mesmo dia.

  "O que houve? Você está machucada?" a voz preocupada puxou Sae-Byeok dos próprios pensamentos, permitindo que ela negasse em um movimento da cabeça "você quer conversar? Ou quer que eu te deixe sozinha?"

    A mais velha soltou um suspiro profundo. Estava exausta, sua cabeça doía e ela não aguentava mais se torturar sozinha na imensidão de caos que rondava sua mente. Era nisso que pensava quando estendeu a mão e envolveu seus dedos sobre o pulso fofinho de Kim Ji-Yeong, que, por sua vez, entendeu o recado e sentou-se ali mesmo, no chão do lavabo de uma farra de veteranos, tentando ignorar a música estridente que atravessava a porta de madeira.

  "Aconteceu alguma coisa? Não precisa me falar se não quiser, eu só estou procurando uma forma de te ajudar. Então se puder apenas dar uma dica do que está havendo para eu me situar..."ela esperou, mas nada saiu dos lábios à sua frente "ou eu posso só sentar aqui com você em absoluto silêncio, isso também não é problema, sabe?"

  "Os meus pais. Eles..." Kang respirou fundo

  "OU, TEM GENTE QUERENDO MIJAR, VAZA LOGO!" batidas esmurradas ameaçavam derrubar a barreira que as separava do mundo real. Ji Yeong bufou. Estava mais incomodada com a interrupção do que Sae Byeok, que ainda chorava um pouco.

  "Podemos procurar um lugar mais tranquilo para conversar, que tal?" sugeriu, já se movendo e oferecendo ajuda para a mais velha se levantar. Ela apenas acenou com a cabeça e se pôs de pé por conta própria. Tudo bem, não importa. O que importa é que agora elas saem deste banheiro incrivelmente limpo e cheiroso e a garota parece um pouco menos desconfortável em conversar com alguém. Embora sempre tenha sido de chorar sozinha, Ji Yeong não gostava que os outros fizessem o mesmo, então deixar qualquer pessoa sofrer num canto sem sequer tentar ajudar era inadmissível para si.

  "Mano, é sério" quando o homem irritante do lado de fora já começava a bradar novamente, a porta se abriu e revelou as duas choronas "Oh. Sae-Byeok, m-m-me desculpe, eu não sabia que era você!" uma pequena reverência foi feita para demonstrar seu arrependimento, ao que Sae-Byeok apenas dispensou com um movimento de mão, como se dissesse "Foda-se" antes de se retirar.

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