O ANJO DA MINHA VIDA

•CAPÍTULO 3•

-ANA HATMAN-

Acordei com esse maldito sonho que tenho.
-SONHO ON-
"Mamãe, mamãe, vamos no parquinho hoje?" Falei correndo até ela.

Ela me pegou no colo, sorrindo, com seu vestido até o joelho azul bebê. Seu cabelo ondulado e solto dava um ar angelical para o seu rosto.

"A aniversariante hoje pode tudo." Ela falou e passou o dedo no meu nariz.

Eu tinha 10 anos. Estava indo de carro para o parquinho com mamãe.
Mas no meio do caminho, o céu escureceu e começou a chover.

"Poxa querida, começou a chover. Vamos voltar. A gente chama suas amiguinhas e fazemos uma festinha." Ela falou.

Eu estava no banco de trás, segurando meu ursinho cor de rosa. Estava tudo em silêncio, quando vejo mamãe perder o controle do carro e cair. Eu fechei os olhos mas senti os braços dela em volta de mim.
O carro capotou muitas vezes, mas quando parou, abri meus olhos e vi minha mãe, debruçada por cima do meu corpo, ela tinha grandes asas que me protegiam. Eu tinha alguns pequenos ferimentos.

"O que era isso?" Pensei.
Mamãe falou algo baixinho e eu apaguei.

-SONHO OFF-

Acordei e era 5:57, logo levantei e me arrumei para ir a escola. Seria meu primeiro dia hoje, então levantei mais cedo para não me arrasar.
Fiz minha higiene pessoal e desci para a cozinha.

"Papai ainda não acordou." Pensei.

A cozinha estava toda escura, acendi a luz e fiz meu café, pão com café. Terminei e deixei os pratos na pia.
Subi para o meu quarto e me arrumei.
Calcei meu tênis preto, a blusa da escola por baixo de um casaco preto, uma calça cinza e deixei meu cabelo solto. Meu cabelo era ondulado igual ao da minha mãe.

Peguei minha mochila e saí de casa, era ainda 6:42 da manhã. O dia estava nublado, coloquei meus fones de ouvido e fui ouvindo música.

Cheguei lá depois de uns 20 minutos. O pessoal já estava indo para suas salas, peguei uma folha que mostrava minha sala.
Encontrei uma menina no corredor, ela era morena dos olhos castanhos.

"Com licença, me ajuda a encontrar minha sala?" Perguntei.

"Hm, 203B, é a mesma que a minha. Vamos".

Ela ia na frente e eu atrás, a gente conversou sobre algumas coisas aleatórias, descobri que o nome dela é Amanda e então chegamos na nossa sala e entramos.
Sentamos numa fileira do lado direito, ela sentou na cadeira da frente e eu na cadeira de trás.
Ouvi cochichos e levantei minha cabeça, agora eu soube o motivo dos cochichos, o professor era aceitável pra mim, mas para as outras era um Deus-grego.

"Bom dia pessoal, sou o Henry e serei o professor de Educação física de vocês. Eu farei a chamada e logo após a aula será na quadra." Ele falou se sentando na mesa.

"Ana Hatman." Ele falou e franziu a testa. Então me olhou e arregalou os olhos. Ele me olhava com seus olhos azuis, parecia assustado com a minha presença.

Eu apenas levantei o braço, algumas pessoas me olhavam. Ouvi ele continuar a chamada.

Ele terminou a chamada e saímos da sala em direção a quadra.
Eu sentei no lugar mais afastado. Vi a Amanda chegar perto.

"Não vai jogar?" Ela falou em pé na minha frente.
"Não, não sei jogar." Menti, não podia mostrar meu corpo.
"Então segura minhas coisas por favor." Ela me falou e me deu o celular dela.

Peguei e vi ela se afastar para a quadra. Fiquei mexendo no meu celular quando vi duas pessoas em minha frente.

"Olha só senão é a Ana, A estranha" a Verônica falou e a Gisele riu.

Verônica era uma ex-amiga minha. Ela sabia de tudo o que passei e de tudo o que eu passo com meu pai.

"O que quer?" Perguntei sem nem querer conversa com ela.

"Então, vi o Henry olhando para você de forma diferente. Melhor ficar fora do meu caminho, ele é meu." Ela falou e agarrou meu cabelo.

Antes de eu fazer ou falar qualquer coisa, ouvi a voz do Henry. Ele estava atrás de mim junto com a Amanda.

"Verônica, direção, agora." Ele falou com autoridade.

Apenas vi ela bufar e bater o pé.

"Você está bem, Ana?" Ele falou sentando na minha frente.

Balancei a cabeça positivamente. Não queria olhar o rosto dele.

"Quer contar o que aconteceu?" Ele disse calmo.

Eu estava triste. Balancei minha cabeça negativamente.
Eu queria chorar. Eu ainda gostava muito da Verônica.
Vi o professor levantar e sair. A aula tinha acabado. Apenas saí dali rápido, eu corria para o banheiro, mas tive uma horrível surpresa no caminho.