The Devil is Knocking | CaitVi One-Shot

The Devil is Knocking

Enquanto você está à beira do abismo
Mantendo o equilíbrio
Seu destino talvez te empurre
Enquanto o diabo bate à porta
- Awaken

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Era uma manhã cálida, o vento soprava suave vindo do leste e o sol despontava aos poucos no céu longínquo. Deixando Zaun menos escura que o habitual, um pouco de luz entrava dentre os canos corroídos e vidros manchados espalhados pela grande metrópole. Era início da primavera e as árvores começavam a apresentar folhas coloridas (ou começariam, se houvesse alguma) enquanto o frio do inverno dava lugar ao calor da próxima estação.

Zaun era uma cidade grande que ficava num país pequeno. Com uma arquitetura excepcionalmente industrial e uma população grande demais para o seu tamanho, muitas pessoas conheciam o lugar pelas notícias malucas, crimes absurdos e pessoas desgostosas com a vida. Era uma metrópole subdesenvolvida e sem valor para qualquer um que olhasse de fora, mas, nem só de pilhas de destroços e fumaça industrial vivia aquela grande cidade periférica, que parecia ficar ao extremo de qualquer lugar do mundo.

Se qualquer um olhasse com atenção, seria possível encontrar beleza em seu povo e em suas histórias, fossem elas verdadeiras ou não. Por entre cada viela mal cheirosa, cada bar, cada casa, e até mesmo nos cabarés, encontrava-se lendas curiosas e belas poesias. Por trás de cada rosto infeliz, por trás de cada corpo machucado pelo trabalho no subúrbio, por trás de cada pele manchada pelos destroços de uma nação decaída, havia uma história singular.

Entretanto, poucos eram os forasteiros que se aventuravam nessa cidade cheia de segredos. Zaun estava longe dos holofotes do mundo, envolta em lendas e mistérios sobre coisas jamais vistas e palavras nunca ditas, era uma nação à sombra do mundo, sem atenção de ninguém e sem empatia de quem observava de longe.

Todas as luzes apontavam para só um lugar: Piltover, a cidade mais próspera do país Valoran.

E foi lá que essa história começou.

Em Piltover o sol brilhava mais forte, havia mais cores além do cinza. Não tinha fumaça, nem destroços, nem prédios abandonados ou pessoas dormindo nas ruas. Havia magia, cultura, tecnologia e muitas outras coisas com as quais os moradores do país vizinho apenas sonhavam. Existia progresso e poder, histórias gloriosas contadas em livros passados entre gerações, contos de uma nação próspera que iriam reverberar através do tempo. Tudo era mais bonito, as ruas eram mais limpas, a vida era mais fácil e todas as pessoas pareciam mais felizes.

Quer dizer, quase todas.

Porque, por trás de toda aquela linda fachada, na parte de dentro nem tudo era tão bom e perfeito como parecia ser. Se observada com atenção, Piltover escondia seus segredos, assim como as pessoas que ali habitavam.

E a família Kiramann não era diferente.

Moravam no bairro mais próspero de Piltover, tida como uma das famílias mais influentes não só de sua cidade, como de seu país. Tinham poder, status e dinheiro, frutos de corrupção e outros crimes jamais registrados. E era nessa realidade que vivia Caitlyn, a única filha do casal Kiramann e futura herdeira de todo aquele império construído sobre mentiras e vidas inocentes. Era ela que coordenaria tudo e à ela seria passado aquele legado criminoso.

Desde cedo, Caitlyn aprendeu tudo que era necessário para ser uma Kiramann.

Aos doze anos ela já sabia como funcionavam as armas e aos catorze atirava como uma profissional de elite, tendo uma coleção de armas de cano longo (suas favoritas) de dar inveja a qualquer um. Além das classes de tiro, perdeu boa parte da infância em aulas de defesa pessoal, por mais que combate corpo a corpo não fosse o seu forte, sabia como se virar caso não tivesse um rifle ao seu alcance. Tinha um corpo magro, porém atlético e definido, resultado de seus treinos intensos para ser uma líder.