VOLUME 1;

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São Paulo, Santos
27 de Dezembro
12:37 PM

Estava calor.

Sentia que o meu cérebro já não funcionava mais naquele momento, já que eu tentava ler trezentas vezes a mesma frase e não conseguia assimilar o que estava escrito nas páginas.

Suspirei, tirando os meus fones de ouvido e me estirando sob a canga na areia, olhando ao redor, tanto lugar animado no Brasil e eu iria passar o meu ano novo em São Paulo, nada contra, uma das minhas metas era me mudar para São Paulo o mais rápido possível, mas pra mim não fazia sentindo passar as férias na selva de concreto quando a gente tinha a oportunidade de passar no Rio de Janeiro.

"Larga esse livro menina" Cris falou, puxando o livro da minha mão "vai fazer alguma coisa, desde que a gente chegou você não tira os olhos daí."
"Aí mãe, tá calor" resmunguei "só queria ficar no hotel, no ar condicionado, vivendo a vida de princesa que eu sempre sonhei."

Cris ergueu uma das sobrancelhas, o que me fez querer rir, já que as sobrancelhas não levantavam muito por causa do botox.

"Vai dá uma volta com a Ju" Fernando sugeriu, abrindo a carteira e tirando um pouco de dinheiro "vai tomar um sorvetinho, tomar um refri..."
"Agora estamos falando a mesma língua." falei me levantando.

Me abaixei, pegando o meu shorts e me vestindo, enquanto Júlia vinha na nossa direção, parando do meu lado e pegando o blusão que estava na pequena pilha de roupas.

"Bora da uma volta?" falei, pegando a minha ecobag e pondo as minhas coisas dentro.
"Bora." falou, pegando a mochilinha dela.

Terminei de guardar as minhas coisas e ergui a mão, pegando o dinheiro da mão de Fernando, antes de dar um beijo no topo da cabeça de cada um e me afastar com a Júlia.

Sorri para Júlia, subindo na orla da praia, enquanto a mesma prendia os cabelos para trás. Éramos irmãs desde de sempre, já que eu era só um ano mais velha do que ela, tínhamos algumas diferenças, mas normalmente todos nos consideravam muito parecidas.

Júlia era um pouco mais alta do que eu e tinha os cabelos lisos, na altura dos ombros, bochechas grandes e era um pouco magra, mas com uma bunda enorme, já eu batia mais ou menos na altura do queixo dela, meus cabelos eram curtos e cacheados, com o nariz arrebitado e um pouco gordinha com os seios enormes.

"Bora tomar uma cerveja?" falei, indo em direção do quiosque.
"Óbvio." falou, vindo atrás de mim.

Me apoiei no balcão, fazendo um sinal para que o carinha que estava lá dentro viesse até a mim.

"Tem cigarro?" Júlia perguntou, já tirando a minha bolsa do ombro.
"Lá no fundo, mas o isqueiro acabou" avisei "tem fosfo, fosfro, ah porra, fósforo."
"Até parece que tá com o meu pau na boca." comentou, me fazendo revirar os olhos.
"Fala meninas."
"Me vê duas brahmas" pedi, já entregando o dinheiro "trincando, por favor."

Observei o atendente encarar os meus peitos rapidamente, me fazendo erguer uma das sobrancelhas antes dele sair em direção do freezer me fazendo suspirar, homem é uma desgraça do caralho.

Peguei um dos cigarros com Júlia e risquei o fósforo, puxando a fumaça antes de jogar o maço dentro da minha bolsa.

"E o que a gente faz agora?" perguntei, pegando as cervejas no balcão e entregando uma para Júlia.
"Sei lá." murmurou, cruzando os braços.
"Vamos ver as lojas do outro lado da rua!" falei, apontando para a sequência de lojas que havia do outro lado.
"Pode ser."

Dei um pequeno gole na cerveja, sentindo o meu corpo inteiro se arrepiar, estava geladinha, enquanto seguia em direção da ciclovia para que a gente pudesse atravessar.

"Ooo buceta!" Júlia gritou me puxando pelo braço "Tá cega porra?"
"Ele não é maluco!" falei, me desvencilhando dela "Tá vendo porra."

Foi naquele momento que eu descobri, que talvez ele fosse maluco mesmo.

Eu havia morrido?

Tinha quase certeza que não, mas sabia que estava estirada no chão, conseguia escutar as vozes discutindo ao meu redor. Me forcei a abrir os olhos, vendo um carro amarelo chamativo na minha frente, o que me fez fazer uma careta, era um carro feio pra caralho.

Não havia quebrado nada, sabia que não, mas havia sido atropelada e jogada no chão como uma banana podre e a minha cerveja...

"Minha cerveja!" falei, após alguns segundos.

Os três pares de olhos foram para cima de mim e Júlia se ajoelhou ao meu lado, pondo a mão na minha testa, fazendo um rapaz de cabelos castanhos fazer o mesmo, sendo empurrado por Júlia.

"Você foi atropelada." Júlia falou "Por ele."
"Foi sem querer" rebateu, me ajudando a se sentar "não é como se eu saísse de casa doido pra atropelar mulheres peitudas por aí."
"Eu acho que ele era maluco dessa vez." murmurei, meio confusa "Minha cerveja."
"Compramos outra." o rapaz que ainda estava de pé falou.
"O mínimo." Júlia falou, semicerrando os olhos para o japonês.
"Vou te ajudar a levantar, okay?" o rapaz falou e eu assenti.

Senti ele envolver os braços ao redor da minha cintura e me puxar para cima, minha bunda estava um pouco dolorida devido a queda brusca e agora eu estava em uma distância muito pequena do meu atropelador.

Pisquei algumas vezes, encarando ele, ele tinha olhos castanhos escuros, da mesma cor dos cabelos dele, maxilar quadrado, até que ele era bonitinho, mesmo comigo tendo uma preferência excepcional por loiros surfistas.

"Desculpa." falou por fim, sem soltar da minha cintura "Desculpa de verdade."
"De boas." falei, sorrindo de lado "Eu tô bem e aceito aquela cerveja."

Ele sorriu, então se afastou de mim, me fazendo suspirar naquele momento, o que era estranho para mim.

"Hã, e qual é o nome de vocês?" perguntei, dando um passo para trás.
"Ah!" falou, passando um dos braços pelo meu ombro "Eu, Deus sexy e sensual sou o Dinho e o japonês italiano que nasceu na Tasmânia e a mãe é africana e o pai alemão é o Bento."
"Bem, aquela é a Júlia" falei, indicando com a cabeça "e eu sou a Fernanda."
"Foi um prazer atropelar você então Fernanda!" falou sorrindo "Primeira rodada por minha conta."

Pelados em SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora