𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 7

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Carina

Me levantei confusa do chão abrindo apenas uma fresta da porta só para o caso de ser o Nevra, ainda não sabia como iria olha-lo nos olhos após o que fiz.

— Você está bem??? — Disse Caleb com um olhar verdadeiramente preocupado e me puxando para um abraço.

— Ué e porque eu não estaria? — Perguntei rindo de sua reação, quase como se eu fosse quebrar por uma situação tão fútil como uma bebida derrubada ou uma fala provocativa. — Na verdade, estou me sentindo ótima!

— Certeza? O Nev não te fez nada?

— Tipo? — Senti meu estomago embrulhar na hora e tive que me segurar para não deixar a voz falhar neste momento. Eu sabia que isso poderia acontecer caso eu entrasse na dele, mas não assim tão repentinamente.

— Porque ele apostou. E... — Nessa hora tudo congelou, parecia que tudo que ele falou a partir daquela frase estava em câmera lenta, tornando tudo inaudível para mim, mas eu soube naquele momento que a história estava se repetindo. Isso não vai acontecer de novo!

— Aquele desgraçado... — Saí andando rápido para as escadas buscando sair daquela casa quanto antes, sendo seguida pelo meu amigo cuja voz ainda era apenas um ruído de fundo em minha mente.

No primeiro degrau já tive clara visão dele sentado no sofá, rindo e olhando em volta, até que seus olhos encontraram os meus, me fazendo desvia-los e buscar focar em qualquer parede a minha frente. Ao pisar no último degrau notei seu olhar confuso, como se soubesse que tem algo errado, mas não fizesse ideia do que era, talvez não pensasse que alguém teria a decência de vir me contar sobre essa palhaçada infantil. Apenas respirei fundo e mantive meu curso evitando olha-lo, mas fui interrompida por uma mão em meu pulso, me virando para trás e me fazendo encarar aqueles olhos confusos bem próximos a mim. Isso não vai ficar assim nem fodendo!!

— Você é tão infantil. — Ri sarcasticamente olhando no fundo de seus olhos.

— O que você...

— Nem faça questão de terminar sua frase, vou ser rápida no que eu vou dizer. — Seus braços cruzados no peito o dava uma pose mais séria, quase como se realmente se importasse. Um puta ator diria eu. — Eu não sei que tipo de merda acontece na sua cabeça e na dos seus amigos fracos, mas que fique claro aqui que EU NÃO SOU A PORRA DE UM JOGO! Não sou uma peça dessa aposta doentia para você tentar inflar seu ego e se sentir o machão, acreditando que vai ser importante e respeitado pelo menos uma vez na sua vida. Péssimas notícias, você nunca vai ser nada desse jeito! O que foi que aconteceu? O papai e a mamãe não te deram atenção o suficiente? — Apontei o dedo em sua cara, deixando com que meu ódio fluísse e me dominasse em cada ação. — Você não é a porra do centro do mundo, você é só uma criança assustada e carente, nada além disso!

Ele me olhou o tempo todo sem abrir a boca até o final, mas no segundo em que terminei a última frase ele apenas se virou para o irmão e sussurrou um "Acredite na merda que você quiser." friamente para mim. Sara, que estava logo ao lado de Carla no sofá, apenas olhou para mim incrédula e correu em na mesma direção que o mesmo, que na hora já estava no topo da escada com as mãos apoiadas no corrimão de pedra, me encarando com um olhar frio e penetrante. Mas que porra é essa? Tenho todo o direito de estar brava sobre isso e eu não vou voltar atrás em nada do que falei, chega de me humilhar pelos outros, sou melhor que isso. Me virei e saí andado com o dedo do meio levantado para ele.

— Vai se foder, lindo. — Falei alto com um sorriso e sai de sua casa.

Do lado de fora, me virei triste por não poder ver essa casa fora dos dias de festa, ela deve ficar maravilhosa sem todo essa poluição visual, mas não faço questão nenhuma de voltar aqui depois disso, já vivi isso antes e eu não vou me deixar desaparecer de novo por conta de gente babaca, principalmente por um cara como aquele. Pedi um táxi e voltei ao dormitório tomando cuidado para não fazer muito barulho, já que eram 00:30 am e estavam todos dormindo, ou pelos menos é isso o que deveríamos estar fazendo em teoria.

Entrei no quarto, tirei toda a maquiagem e as roupas de festa, as jogando em qualquer canto do quarto e colocando um pijama confortável. Mandei uma mensagem para Caleb para avisar que estava em casa e ia dormir, mas ele apenas visualizou e não disse nada. Talvez ele esteja chateado por tudo o que eu disse ao seu irmão, mas não posso fazer nada quanto a isso, todos fazemos escolhas e o irmão dele escolheu ser um verdadeiro escroto clássico da realidade. Se isso fosse um livro, eu provavelmente teria discutido com ele, mas ainda estaria lá o perdoando e ouvindo suas desculpas que nunca, nem em milhões de anos, justificariam o tipo de merda que ele fez, ou alguma coisa parecida. É sempre assim, mas não na vida real, pelo menos não comigo, não mais. Eu me amo o suficiente para saber que mereço muito mais! Depois de todas as lições de amor-próprio que eu fiquei dando a mim mesma, para que eu não me sentisse culpada por fazer o melhor para mim, me deitei e apaguei as luzes para dormir.
Amanhã é um novo e maravilhoso dia.

𝒜𝓂𝑜𝓇 𝒟𝑜𝓇 𝑒 𝒜𝓁𝒸𝑜𝑜𝓁Onde histórias criam vida. Descubra agora