Capítulo 4 - Reino da Água

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Distrito 03

Uma vida pacata, era o que todos os habitantes do reino da Água tinham antes das construções das vias transmissoras de água. A vida era menos confortável por ter que buscar água longe, porém era tranquila e sem violência.
Há alguns anos o reino do Ouro juntamente com o reino do Ferro, passaram a comandar os outros reinos. Devido ao alto poder aquisitivo de um e ao alto poder militar do outro eles decidiram se unirem e assim formaram a Aliança Imperial. Desde então os habitantes do reino da Água são forçados a trabalhar nas piores condições possíveis, além de serem pagos em pequeníssimas quantias em dinheiro.
Muitos habitantes já morreram ou foram presos, alguns por não tolerar a escravidão e outros por não resistir ao trabalho ardo. Apesar de ser jovem e fisicamente fraca, Helena Ashfield e sua mãe tem se esforçado para resistir a escravidão e sobreviver.
Quando Helena tinha 4 anos seu pai foi assassinado, treze anos se passaram e ninguém encontrou o assassino, ela nunca se recuperou totalmente de sua perda, e jurou que um dia encontraria o causador de sua tristeza. Agora com 17 anos o que ela faz é trabalhar com sua mãe e mais centenas de pessoas na expansão da "maldita via transmissora".

- Trabalhem mais rápido seus preguiçosos desgraçados! - grita um dos guardas da Aliança Imperial.

Os trabalhadores lentos são punidos com chicotadas. " Trabalhe mais rápido" essas palavras são ditas o dia todo.

- Ande logo com isso filha - diz Rebecca, mãe de Helena.
- Eu estou cansada mãe - diz Helena enquanto abre caminho na via com uma picareta.
- Eu sei filha... Eu sei - Rebecca olha rapidamente em volta, depois volta o olhar para sua filha - não tem nenhum guarda por perto, sente por um minuto e descanse, mas seja rápida.

Ela se senta dentro da via, ao lado de sua mãe.

- Posso te fazer uma pergunta mãe?
- É... Claro filha - diz Rebecca sem olhar para sua filha.
- Você nunca pensou em encontrar o assassino do papai?
Rebecca para de usar sua picareta por um instante e apenas fica alí, em pé parada ao lado de sua filha.
- Mãe? - Helena se levanta e toca a mão no ombro de sua mãe - está tudo bem?
- Todos os dias, por anos.
- O quê?
- Por anos eu quis encontrar o homem que matou seu pai, eu queria fazer ele sentir a dor que eu senti, por anos eu quis isso, mas eu não o procurei - diz Rebecca cabisbaixa.
- E por que não o procurou? - a expressão facial de Helena se altera - olha pra mim! Por que você não procurou e matou aquele desgraçado?
- Porque eu... - Rebecca encara Helena - Eu estava cuidando de você filha.

Uma lágrima escorre pelo rosto de Rebecca deixando um pequeno rastro de limpeza em seu rosto sujo. Ela volta a abrir o caminho pela terra com sua picareta. Helena fica paralisada, sem reação, apenas com a dor da tristeza presa em sua garganta. Ela pensa em pedir desculpa à sua mãe mas não tem coragem.
- Mãe...
- Volte ao trabalho sua vagabunda! - um dos guardas acerta uma chicotada  no rosto de Helena fazendo ela cair no chão.

Mais dois golpes são aplicados com o chicote no corpo de Helena que grita de dor. Três, quatro, cinco chicotadas
sucessivas.

- Já chega - diz o superior do guarda.
- Mas senhor, ela não estava trabalhando.
- Eu disse já chega. Volte ao seu posto soldado.
- Sim senhor.
O homem de 1,93 e cabelo penteado para atrás estende sua mão para Helena que está caída no chão com o rosto e os braços sangrando. Ela também estende sua mão e homem a puxa.
- Meu nome é Andrew Cash - Helena apenas o encara - E o seu é?
- Helena... Helena Ashfield.
- Prazer em conhecela senhorita. Se me permite dizer... A senhorita é linda.
- Por que você fez isso?
- Não se deve bater em uma dama.
- É... Obrigada.
- Foi um prazer. Aliás, por favor me acompanhe.
- Pra quê?
- Confie em mim.

Eles começam a caminhar, passando por vários trabalhadores que a olham estranhando a situação. Uma situação que nunca ocorrera antes. O oficial Andrew Cash nunca caminhara com nenhum trabalhador desde o inicio das obras.
Eles chegam na sala do oficial, Helena estranha a situação mas entra mesmo assim.

- Fique a vontade senhorita, eu volto num minuto - Andrew saí pela mesma porta que eles entraram.

Helena se senta em uma cadeira feita inteiramente de ferro, apenas com o assento revestido de couro. Ela segura o pulso direito com sua mão esquerda. Os olhos azuis claros percorrem pela sala. Helena avista várias coisas, dentre elas: Uma grande espada presa na parede, uma armadura com um símbolo dourado, um tapete feito de pele de urso, arcos e flexas, uma grande lareira e alguns escudos.
A porta se abre, o oficial Cash entra juntamente com uma senhora que usa uma túnica cumprida.

- Essa é a senhora Sullivan, ela vai cuidar dos seus ferimentos senhorita.
- Que pena, um rosto tão belo não deveria ser machucado - diz a senhora Sullivan.

Depois de alguns minutos utilizando várias ervas medicinais e pouco utensílios o rosto de Helena já está consideravelmente melhor. Ao término do tratamento a senhora Sullivan se retira da sala do oficial.

- Senhorita - Andrew pega uma cadeira e senta à frente de Helena.
- Sim?
- Eu preciso te contar o motivo de você estar aqui.
- Como assim? - os dois se encaram por alguns segundos.

O oficial se levanta da cadeira.

- Eu quero te fazer uma proposta.
- E qual seria senhor Cash?
- Eu quero que você trabalhe comigo.


Desculpem o atraso pessoal....

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