Capítulo único - A volta dos mortos

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Satoru Gojo não entendia, de forma alguma, aquela situação. Por mais que tentasse e se esforçasse, nada parecia fazer sentido. De todas as pessoas do mundo Noritoshi Kamo tinha de escolher aquela pessoa para possuir. De tantos feiticeiro poderosos e com técnicas amaldiçoada maneiras, Kamo havia escolhido Suguru Getou como seu hospedeiro.

Talvez ele tivesse feito isso de propósito, apenas com o intuito de desestruturar e desestabilizar totalmente Satoru, até porque, ele sabia do valor sentimental que aquela pessoa tinha para o feiticeiro mais forte vivo, ou talvez tivesse sido um golpe de sorte, afinal de contas a técnica de Suguru era realmente interessante. Qualquer que fosse a resposta, nenhuma delas agradaria Gojo. Ele sentia seu corpo fever ao ver Noritoshi daquele jeito.

Sorrindo como se fosse Getou, tendo o mesmo olhar calmo e descontraído que ele, usando o corpo da pessoa a qual entregou seu coração como se não fosse nada. Aquilo deixava Satoru puto. Como ele ousava? Profanar o corpo de Suguru daquela forma, como ele ousava? Gojo tremia de raiva, sua energia amaldiçoada estava saindo de controle.

Mas agora ele não podia fazer nada.

Gokumonkyou havia lhe imobilizado e não havia nada que pudesse ser feito, ele só poderia observar enquanto a imagem de seu antigo, e ainda vivido, amor era deflorada por um maldito desgraçado que não sabia a hora de morrer. Se Gojo pudesse, acabaria com a raça do maldito que ousava fazer àquilo com Suguru, deturpando seu cadáver e o impedindo de descansar em paz. Mas ele não podia, já não tinha mais escapatória, era só questão de tempo até que o ritual estivesse completo e ele fosse para o mundo da prisão.

- boa noite Gojo Satoru - até a sua voz, o maldito Kamo, roubou até a voz tão melodiosa e hipnotizante de Suguru. Se ele ouvisse essa voz a algum tempo atrás tudo que sentiria era culpa, saudade e, acima de tudo, amor. Amor por aquela voz tão boa, que sempre o ajudava quando mais novo, que sempre falava coisas tão sábias para sua idade e lhe guiava para um caminho mais certo, mas agora tudo o que sentia por aquela voz, era repulsa. Repulsa por pensar que Noritoshi estava a usando de forna tão errônea - vamos nos encontrar novamente no novo mundo.

- é, talvez seja boa noite para mim... - tentava demonstrar confiança, mas se Noritoshi ou até mesmo Mahito e Jogo prestassem o mínimo de atenção, o que eles estavam fazendo, podiam ver o tom de desespero em sua voz. Não iria dar o gostinho de que havia se abalado para o maldito do Kamo, de forma alguma - mas já é hora de você acordar - lutava contra a vontade de abraçar Getou, mesmo não sendo ele alí, o sentimento de culpa é o mesmo, ainda conseguia sentir a mesma angústia que sentiu quando matou o amor da sua vida - como se deixa ser usado dessa forma... Suguru? - o tom de desaprovação e repreensão fez o corpo de Getou se arrepiar, e Kamo arregalou os olhos quando o corpo de Suguru tentou lhe atingir. Satoru estaria mentindo se dissesse que uma pequena faísca de esperança não se acendeu quando viu aquilo, uma pequena faísca em meio a um mar de escuridão, mas foi em vão. Gojo sabia disso ao ver Kamo rir de forma tão despreocupada.

- nossa! Essa é a minha primeira vez! - sua risada ecoava pela estação, e então começou um monólogo com uma das maldições sobre corpo e alma. Gojo realmente não estava nem aí para o que aquele impostor estava dizendo, só queria acabar com isso de uma vez. E como se ouvisse seus pensamentos a tal maldição disse:

- eeei! Vamos acabar com isso logo, é desconfortável - aquele não era o cara costurada, que Itadori e Nanami haviam mencionado? Enfim, não importava mais.

- eu também não estou gostando de olhar para a cara de vocês dois - Satoru deve ter feito uma careta, pois o sorriso de Kamo aumentou.

- eu estou gostando da visão - Gojo sentia que não tinha sido Noritoshi a falar isso - mas eu acredito que você esteja certo, não posso arriscar que algo aconteça.

Satoru observou enquanto todo o mundo parecia se fechar para ele, lhe jogando em um lugar escuro, a última visão que teve do mundo a qual sentiria saudades era uma que desejava a anos, mas que ainda sim, não era a que ele queria. Getou Suguru, mas não o seu Getou. Se sentia naquelas história de amor trágico, o que não fugia da realidade.

Afinal de contas, Suguru Getou e Gojo Satoru eram um amor trágico desde do dia que se conheceram.

Fim.

769 palavras

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