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A luz quente passou pelas persianas e atingiu o piso de madeira em finas listras douradas. Bucky a estudou enquanto pensava. A melodia de jazz arejada fluindo pela sala de estar o levou a um período que parecia uma vida inteira e a um braço de distância.
Era sábado, tarde da noite, mas ele se lembrava das canções que sua mãe costumava tocar no rádio quando ela arrumava a casa depois do café da manhã nas manhãs de sábado. A música a impulsionava tanto quanto seu amor por sua pequena família. Bucky ouvia sempre que podia - dançava e cantava também, se o momento permitisse - tudo porque o amor dela pela música encorajou o dele.
Quando a fechadura da porta do apartamento girou, seu olhar voou para ela. Você estava entrando por ela em segundos depois, com os olhos brilhantes e carregando várias sacolas de supermercado. Enquanto se levantava do sofá para ajudar, ele alegremente repreendeu você por não ter mandado uma mensagem para ele descer. Mas você ignorou as palavras com um sorriso e encolheu os ombros, como se dissesse que conseguiu por conta própria.
Foi só quando vocês dois começaram a desempacotar a comida que Bucky percebeu que havia algo diferente em suas unhas. Elas estavam mais longas. Interessante. Ele esperou até que tudo fosse colocado de lado para analisá-las.
Um sorriso apareceu em seu rosto quando Bucky pegou suas mãos. Vocês dois ainda estavam na cozinha, e a música suave ainda percorria seu caminho pelo apartamento. Com uma pequena expressão de curiosidade, ele fez você esticar os dedos para que ele pudesse dar uma olhada no trabalho que havia sido feito. Eles estavam legais. O comprimento adicionado fez seus dedos parecerem mais longos e mais delicados. O esmalte, um rosa empoeirado, complementava sua pele de uma forma digna de ser considerada elegante.
Você encontrou o olhar de Bucky.
— Você gostou?
Ele assentiu.
— Você nunca as teve assim antes. Não que eu tenha visto. — Ele procurou seus olhos para ter certeza de que a afirmação era verdadeira. Ele tinha quase certeza de que nunca tinha visto suas unhas daquela forma. Ele teria se lembrado de tal mudança.
— Sim, eu não uso unha acrílica há muito tempo. Achei legal fazer hoje, eu tinha tempo livre. — Você disse. — Eu me sinto chique.
Ele esboçou um sorriso.
— Você deveria. Elas estão muito bonitas, boneca. — Ele ergueu cada uma de suas mãos para beijá-las. Sua pele ainda cheirava levemente à loção cítrica que a manicure usou.
Algo no olhar de Bucky mudou.
— Você sabe... — Ele começou. — Havia algo que minha mãe costumava fazer com as unhas quando eu era mais jovem. — As mãos dele pousaram em sua cintura e, por sua vez, você colocou os braços em volta do pescoço dele.
Você sorriu gentilmente e deu um beijo rápido em seu queixo.
— Me conta. — Você pediu. — Eu poderia ouvir você falar sobre ela o dia todo.
Houve uma vibração agradável em seu peito.
— Era chamada de unha meia-lua. Ela só pintava uma faixa no meio das unhas. Lembro-me de como o esmalte vermelho parecia mais brilhante. E como Rebecca ficava por cima do ombro dela para ver enquanto ela as pintava. Nosso pai sempre a elogiava por elas também. — Sua voz tinha ficado comedida, como se ele estivesse andando nas pontas dos pés em meio às memórias.
Você ficou em silêncio por alguns segundos antes de murmurar.
— Eu adorei.
Ele encostou a testa na sua.
— Eu também.
Então você pressionou seus lábios nos dele em um beijo doce. O jazz ainda estava tocando, tendo feito a transição para uma nova música. Seus lábios se moveram lentamente, como se participassem de uma dança própria. Você podia senti-lo. Tudo o que ele era, tudo o que ele estava tentando se agarrar. Certamente, ele sentiu você também. Seus dedos se moveram para a nuca dele, as unhas arranhando levemente a pele. Por uma fração de segundo, seus lábios vacilaram contra os seus e um arrepio percorreu sua espinha.
Ele teria que se acostumar com as unhas mais compridas em sua pele.
O beijo finalmente chegou ao fim e ele olhou para você atentamente.
— Vou te levar para sair.
Você passou a mão pelo cabelo dele.
— Você vai?
— Sim. Não sei para onde ainda, mas vou. — Disse ele. — Vamos ouvir música boa, dançar, divertir-nos. Você vai estar com um vestido que combina com essas suas lindas unhas. — Explicou. — Faremos algumas memórias para compartilhar com nossos filhos um dia.
Você inclinou a cabeça de maneira brincalhona.
— Filhos, huh? — Parecia tão perfeito e impossível que ser pais fosse uma realidade ao seu alcance.
— Sim, filhos. — Seus lábios se curvaram em diversão. — Vamos amá-los com tudo o que temos e ter certeza de que eles sempre terão um monte de pedaços de nós para se agarrar.
