Prólogo

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- Eu já disse, Zulema. Não dá pra continuar assim. - eu repeti, dessa vez alterada.

- Assim como, Maca? - ela perguntou, os olhos cheios de lágrimas.

- Eu não posso deixar essa oportunidade de realizar meus sonhos escorrer pelos meus dedos, Zulema.

- Amor, olha, eu sei que a distância, bom, ela é trapaceira. Mas nós vamos superar isso. Eu prometo que... - interrompi ela.

- Não prometa o que não poderá cumprir, Zule.

- Você ao menos pensou na possibilidade de pedir para que eu fosse junto? Porra Maca, namoramos há 4 anos. - ela disse, se alterando também.

- E sua faculdade? Está no auge de seu desempenho agora, jamais pediria pra lagar tudo. Porra, Zulema. Tenta pelo menos entender meu lado. Eu não quero que nosso relacionamento esfrie.

- Mas Maca, poxa, você vai jogar 4 anos de relacionamento no lixo? É isso mesmo? - ela disse, a voz chorosa.

- É A MINHA VIDA, ZULEMA! - gritei.

- E POR QUE VOCE NÃO PODE DIVIDILÁ-LA COMIGO ENTÃO? - gritou de volta.

- É mais complicado que isso, meu amor. - eu disse segurando suas mãos, as lágrimas já escorriam sem parar.

- Você está deixando isso complicado. - soltou minhas mãos e esticou o dedo em minha direção. - Você tem razão, meu amor. - falou ironicamente. - É melhor terminarmos mesmo.

- Zule... - ela me interrompe.

- Faça o que quiser. - ela virou as costas eu puxei seu pulso.

- Eu estou fazendo isso para que nosso relacionamento não esfrie. Eu não quero que nosso amor acabe, porque eu espero que ainda fiquemos juntas. Se não for nessa vida, será nas outras. Eu te amo muito. - eu disse chorando muito, ela assentiu e saiu batendo a porta.

Eu peguei tudo o que tinha, fiz minha mala e comprei minha passagem.

E bom... eu fui pra Nova York.

8 ANOS DEPOIS

- Ela vem?

- Me desculpa, Maca. - Saray disse cabisbaixa.

- A noiva dela vem?

- Me desculpa de novo, eu a convidei, mas não sei se virá.

- É óbvio que ela vem. Mas calma, está tudo bem. Não precisa se desculpar, ela é sua melhor amiga, não tinha como não convidá-la para o aniversário de Estrela. - eu acariciei seu ombro. Ouvi um estridente barulho vindo da porta e olhei curiosa. Uma árabe sorridente adentrou por ela, mas seu sorriso se desfez quando me viu. Baixei a cabeça de leve, coçando a nuca com certo desconforto.

- Oi, Zule. Que bom que veio. - elas se abraçaram.

- Claro, jamais perderia o aniversário da minha afilhada. - ela sorriu, os olhos vidrados nos meus.

- Nossa afilhada. - corrigi.

- Oi, Macarena. - ela semicerrou os olhos, contendo um sorriso que eu mesma também não deixo de conter.

- Ei ei ei, não briguem. Tem Estrela pra todo mundo. - uma figura pequena de cabelos pretos apareceu na sala, o sorriso mais encantador que existe, que fazia todos sorrirem. - Cade a tia Helena? - ela perguntou tristonha, e meu sorriso se desmanchou.

Estrela tinha apenas 2 anos quando eu e Zulema terminamos, então nunca soube do relacionamento que eu havia tido com Árabe. Evitávamos falar de assuntos do passado com ela. Não queríamos a confundir.

- Ela não pode vir, meu amor. Coisas de advogados. - Zule sorriu acariciando o rosto da menor.

- No domingo? Que estranho. - ela fez uma careta. - Mas ela mandou meu presente, pelo menos? - ela perguntou agora com seu sorriso.

- Sim, ela mandou. - Zulema entregou o pacote rosa a ela, que fez uma cara desaprovada. Ela detesta ROSA.

- Vem cá, Star. A dinda te ajuda abrir. - segurei sua pequena mãozinha e fomos até o sofá, sentando no mesmo.

- Tia Maca? - ela chamou.

- Oi minha princesa.- respondi olhando pra ela.

- Posso te confessar uma coisinha? - ela perguntou, a cara travessa.

- Claro que pode.

- Eu agradeço que a tia Helena não tenha vindo. Ela é chata. - ela sussurrou e riu baixinho.

- Estrela! - a repreendi mas logo caí na gargalhada junto a ela.

Eu não discordava. Ela é realmente insuportável. Zulema não pode fazer nada sem o consentimento dela. Não que eu ligasse, óbvio. Mas é extremamente chato.

Abrimos o embrulho e o olhar de desgosto de Star ficou mais perceptível ainda. Ela olhou pra Zulema, que estava sentada em sua frente e disse.

- Uma blusa? Helena sabe que eu sou criança e não gosto de ganhar roupa? Poxa, eu queria uma boneca. Já não bastava ter a embalagem rosa né. - eu segurei o riso enquanto via a cara de surpresa de Zule e o olhar de orgulho em Saray que morria rindo, enquanto repreendia a filha.

[...]

- E como tá o noivado? - perguntei, interessada na resposta.

- Helena trabalha muito. Antes ela chegava cedo do escritório, mas agora
costuma chegar quase uma hora da manhã. Eu admiro a força e dedicação dela. Ela é uma ótima noiva, se é o que quer saber. Ela não vai me deixar por uma faculdade nem por uma viagem pra NY. - ela disse, séria.

- Não precisamos entrar nesse assunto. Não aqui, por favor. E aliás, era a faculdade dos meus sonhos. Eu n podia deixar de ir.

- E você? - ela perguntou, o olhar mais leve.

- Eu o que? Ah, sim. Não, eu não to pronta pra um relacionamento ainda. - eu disse, tomando um gole da minha água, e suas pupilas dilataram.

- Naquele dia você me deixou sem chão, Maca. E...

- Para, por favor, aqui não. - eu disse, a voz embargada pelo choro que eu estava controlando há um tempo. - Eu já vou indo, foi bom te ver de novo. E felicidades no casamento. - falei a olhando pela última vez e saí caminhando. - Tchau Estrela. - gritei acenando para a mais nova no pula pula, que logo desceu vindo até mim.

- Já vai tia Maca? - ela perguntou, um beicinho fofo em seus lábios.

- Já sim, meu bem, tenho que preparar algumas coisas urgentes pra aula de amanhã. Prometo vir outro dia com mais tempo. - dei um beijo em sua testa.

- Dá um carinho em Tito pra mim. - ela gritou sorrindo enquanto acenava pra mim, que já estava sentada no banco do motorista.

- Droga! - praguejei baixinho suspirando pesadamente, olhei uma última vez pra casa e dei partida no carro.

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Prometo não sumir!

❤️

Ainda da tempo? - ZURENAOnde histórias criam vida. Descubra agora