Misa
Era só o que me faltava. Alguém está me observando, e com certeza sabe que estou sendo acusada de assassinar uma pessoa, mas quem poderia saber disso a não ser os outros acusados? Me tornaria uma pessoa horrível desconfiar de que L e Light estão me passando um trote com um assunto tão sério desses? Eles pareciam estar mesmo revoltados comigo hoje. De qualquer jeito é um trote, independente de quem estava atrás da ligação. É um trote. A voz computada revela isso.
— Quem era? — pergunta Milena.
Não sei o que devo responder, então tudo que faço é encará-la por alguns segundos. Quando a garota volta a fazer a mesma pergunta, penso rápido e logo respondo:
— Era só mais um garoto querendo ficar comigo! Você sabe como são os garotos, não sabe?
Disfarço com uma risada forçada, mas parece que é o suficiente para enganá-la. Guardo meu celular novamente em minha bolsa e logo encaro as pessoas ao meu redor, mas não percebo nada suspeito.
— Melhor irmos logo! — sugiro.
— Também acho!
Volto a pegar em sua mão e em menos de vinte minutos chegamos em casa. Quando entramos, Milena se espanta quando vê duas garotas seminuas na sala.
— Casa errada?
perguntou ela, encarando as garotas que a encaram de volta. Essa cena é mesmo engraçada, pelo menos para mim.
— Na verdade, não! Essa é minha casa! — afirmo, soltando sua mão — bom, essa é a Ino! — digo, apontando para a loira, que está apenas de calcinha e sutiã — e essa é a Sakura!
Aponto para a garota de cabelos rosados, que está com uma toalha em volta do corpo. Sua expressão é de vergonha, já Ino está sorrindo e logo cumprimenta Milena — Muito prazer, eu sou Ino Yamanaka! Mas pode me chamar de amor da sua vida! — ela brinca.
— Por que você é tão atirada, Ino?! — resmunga Sakura, a cutucando — e eu me chamo Sakura! Vai ter que me conhecer melhor para descobrir meu sobrenome!
— O sobrenome dela é Haruno! — afirma Ino, levando um tapa de Sakura.
— EU TE ODEIO! — grita a garota de cabelo chamativo.
Milena parece estar muito assustada com as garotas, e eu não entendo o motivo de seus olhos estarem arregalados. Ela fica na maior parte do tempo inexpressiva, sempre pensei que talvez ela tinha algum problema no rosto, mas parece que era apenas um pensamento errado.
— É um prazer conhecer vocês também! — diz Milena, sorridente.
— Eu vou me trocar no quarto! — avisa Sakura — se precisarem de mim, não me chamem!
Logo a garota desaparece da sala. Ino se despede de nós e também vai para seu quarto. Milena se assusta com o barulho de quando Ino bate a porta. Esse é um costume dela.
— Você mora com elas? — pergunta ela.
— Moro, sim! Elas não são geniais? E elas adoraram você, vai por mim, elas não gostam de quase ninguém!
Milena sorri e logo diz que também gostou de Sakura e Ino.
— Vem! Vamos pra cozinha! Aposto que você está com bastante fome!
— Estou mesmo!
Em cinco minutos já preparo dois sanduíches e um grande copo de suco de morango para Milena. A garota devorou o lanche em menos da metade do tempo que preparei. Estava mesmo faminta.
— O que você quer fazer agora? — pergunto, a puxando pelo braço. A direciono até um dos sofás, e me jogo no outro, que fica ao lado.
— Na verdade estou bem cansada! Será que eu poderia tomar um banho antes de ir embora?
Me espanto com o que ela acabou de dizer.
— Como assim ir embora? — pergunto, ingênua.
— Pensei que eu tinha horário para ir! — responde ela, também ingênua.
— Jamais! Você vai dormir aqui comigo! Nem que seja pelo menos hoje! — pulo em cima da garota, que sorri, abrindo espaço no sofá — pode ficar quanto tempo você quiser! Ou quem sabe o tempo que eu ordenar!
Milena sorri e é quando a mesma me abraça forte, chegando a quase me sufocar. Ela é mesmo muito forte, não somente fisicamente, mas como mentalmente. Sempre quis ser como ela.
— Lésbicas!
brinca Ino, e logo a garota se junta entre mim e Milena. Eu adoro abraços coletivos.
— Seu celular tá tocando! — avisa Milena, se esquivando da minha cintura. É onde está meu celular, no bolso da minha calça — e tá fazendo cosquinhas!
— O celular dela está sempre vibrando! — diz Ino, avançando em Milena. A loira faz cócegas na morena, que não dispersa risadas escandalosas.
Levanto do sofá e caminho até a cozinha, me escorando na parede. É quando atendo a ligação.
"Acha mesmo que pode fugir de mim? Está mesmo me subestimando, Misa-misa! Não se esqueça que mortos não dormem!"
Quando abro a boca para xingar seja quem for que estiver por trás da chamada, a ligação é encerrada. Droga. Eu estou começando a ficar com medo. Talvez o Light e L podem me ajudar a descobrir quem é atrás desses trotes.
Me chamou de Misa-Misa... mas quase ninguém sabe desse apelido! Será que os garotos estão mesmo zoando com a minha cara? Eu não sei o que fazer.
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Inocentes Culpados (PAUSADA)
ActionMilena, Misa, Light e L foram abandonados por seus pais logo quando nasceram. Ambos cresceram juntos em um pequeno orfanato. Quando tinham oito anos, o orfanato fechou as portas, e os mesmos acabaram tendo que morar pelas ruas, vivendo a base de peq...