O MESTIÇO QUE EU INVOQUEI / BAKUDEKU (ONESHOT)

Capítulo único

Pov: Izuku Midoriya

-Boa tarde, volte sempre - eu vi o homem se virar e me apressei em dar um último recado - Não se esqueça de devolver o livro em uma semana!

O adulto acenou e foi embora.

Eu apoio meu rosto na palma da minha mão, me sentindo cansado por passar o dia trabalhando na biblioteca. Respirei fundo e mantive minha postura novamente ao ver outro adulto se aproximar.

-Boa tarde, eu vim devolver - ele jogou uma cópia de "All Might, a história" na minha bancada, fazendo com que eu me jogasse para o livro, checando se não tinha amassado ou rasgado.

-Só um minuto - não disfacei a raiva, me virando para o computador e checando a ficha - O senhor deveria ter devolvido esse livro a um mês, terá que pagar por iss-

-O que?! Eu estou devolvendo agora!

-São as regras, senhor - respirei fundo, encarando os olhos flamejantes do homem - São apenas quinze reais...

-Eu não vou pagar! É só um livro!

-Senhor, por favor, está aqui na sua ficha que você alugou o livro apenas por três dias. Você deveria ter devolvido no prazo que o senhor colocou.

-Eu não ligo, o livro está aí agora.

Eu bufei.

Coloco minha mão discretamente por debaixo da mesa, procurando pelo botão que chamava o segurança. Continuei enrolando o homem com o livro enquanto dedilhava desesperadamente em busca do botão, até que tive que me encolher para procurá-lo.

-O que você pensa que está fazendo? Vai chamar o segurança? Por causa de um livro? - ele parecia querer discutir, mas respirou fundo - Estou indo embora, foda-se essa merda.

Finalmente eu me abaixo totalmente, apertando três vezes seguidas o botão vermelho. Segundos depois um segurança apareceu brecando o homem e eu pude respirar fundo enquanto me sentava novamente.

Mais um dia de trabalho, que ótimo.

-

Com raiva e cansaço, eu estou andando pela rua, seguindo o caminho já conhecido até a minha casa.

Eu fico mexendo na tela do meu telefone, sem ter o que fazer, sem amigos para ligar ou família para bater um papo.

Abrindo o aplicativo de contatos, eu encaro meus únicos três números gravados, sendo eles: minha mãe, meu pai e meu padrasto.

-Como é chato não ter amigos - levo meus olhos aos céus, como se quisesse dar uma dica a alguém lá em cima que pudesse me ajudar. Guardo o telefone no bolso e pego as chaves do meu apartamento.

Eu aperto o botão do elevador, lembrando das palavras do meu pai sobre como as escadas ajudariam na minha saúde, me dando um ou dois anos a mais de vida.

Mas eu nem me importo. Eu só tenho contato de familiares, não tenho nenhum amigo, o meu trabalho é horrível e cansativo... Por resumo, não tem nem motivo para aumentar anos em minha vida.

Eu não sou interessante o suficiente para que alguém se interesse por mim, mas não sou chato o suficiente para ser quieto.

Com o elevador subindo eu me olho no espelho pelo canto canto olho, observando o quão cansado eu estou.

Eu respiro fundo e solto meu primeiro sorriso sincero do dia ao lembrar do meu "colega de quarto", com a dúvida sobre como ele me receberia dessa vez.