A Escolha

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Já havia se passado um dia desde que encontrei a moça na taberna, e eu já tinha minha resposta.
Na verdade, eu estava praticamente decidido desde o primeiro dia, gostaria de experimentar coisa nova. O que me deixava dúvida era meu pai, o velho que mandava na porra toda no Exército. Principalmente pelas suas cartas, mas eu nunca conheci ele, e pelas cartas parecia que ele só queria que eu me tornasse uma arma humana do Exército.
Mas alguns sentimentos me abalavam, por algum motivo eu tinha medo do velho.
Na manhã seguinte do último dia, eu estava nas ruas da cidade, comendo uma maçã bem vermelinha, e como sempre com o colar de pedra no pescoço.
Até o momento, estava tudo bem, até eu trombar com uma garota no meio do caminho.
- Olha pra onde anda moleque! - ela estava furiosa, talvez tenha sido culpa minha, mas ela também não prestou atenção. Ela era muito gata.
- Foi mal, quer ajuda com essa pilha de livro? - quase todos livros que estavam nos braços dela foram pro chão.
- E-eu diria que é o mínimo! - gatinha e mandona, ela ficou coradinha depois de ver o meu rosto, por algum motivo.
Naquele momento, meu colar começou a latejar, como se o fogo estivesse "vivo". Não entendia o que estava acontecendo, mas no momento fui ajuda-la.
- Até mais linda! - ela levantou a mão, de costas, despedindo-se.
Estranhei o comportamento da pedra.
Logo depois daquilo, um guarda real me avistou, e logo foi em minha direção.
- Você está sendo convidado para almoçar com Vossa Majestade, siga-me.
- Ô tio quer me sequestrar é?! Até parece que o velho pediria pra logo eu comer com ele no Palácio.
- Apenas me siga. - ele nem tinha expressão no rosto. Mesmo achando estranho, o segui, não que tivesse outra escolha.
Depois de uns cinco minutos de caminhada chegamos no centro real, onde ficava o Palácio.
- Entre, jovem. - porque caralhos o rei estava me esperando na porta?!
- A comida está na mesa!
Entrando no Palácio, meu colar começou a dilatar novamente, por algum motivo eu arranquei o colar do meu pescoço e coloquei no bolso da calça.
Sentados a mesa, se aproximava uma garota.
- Sente-se, filha. - era a princesa Liz, ela era muito amigável, sempre passa sorrindo e cumprimentando todos pelas ruas.
- Bem, eu lhe chamei aqui para lhe fazer uma proposta. Indo direto ao ponto, se junte ao exército real de Scramys.
- Exército?! Eu achei que tinha sido dissolvido depois da guerra!
- A Guerra nunca acabou. - disse a princesa, bem baixo.
- Como é?! A Guerra matou milhares de pessoas a dois anos, isso de ter acabado foi tudo mentira?!
- Se acalme, jovem. Nós estamos apenas acabando com a escória do mundo, estamos em muita desvantagem, por conta de um grupo de Ghost Island. Imaginei que você sendo filho do Grande Mestre, com certeza tens muito potencial. Junte-se a Nova Era de Scramys!
- Não, eu não irei. - eu sou burro pra caralho, mas sabia que ele usou meu pai para me atingir, mas eu já havia me decidido.
- O almoço estava ótimo, valeu.
- Por que não vem, moleque?!
- Só pela forma que você se refere ao povo de Ghost Island, já me deixa puto, eu duvido que tenha trocado uma palavra com eles. Eu quero muito conhecê-los. E outra, o único estorvo aqui é você, branco egoísta da puta que pariu! Que sequer cuida da sua filha, imagine o que fez com uma nação! - logo depois, a princesa ficou bem corada, o velho ficou calado.
- Com licença. Te vejo por aí, Liz!
- S-sim!
- Cale a boca, imunda! Você vai apanhar até cuspir um mar de sangue, inútil!
- Fecha a boca velho de merda! Você não vai machucar ela! - com um movimento, consegui pegar ela em meus braços. Não fazia a menor ideia por onde sair daquela fortaleza, tudo isso pela minha falta de direção, então quebrei uma janela próxima.
Eu corri pra porra, tudo que achei pelo caminho, fui jogando nos guardas que nos perseguiam.
Consegui chegar a minha casa, nenhum mais estava atrás de nós.
- Você está bem?!
- Você me salvou, obrigada, Kaiya - logo depos disso ela desmaiou, deitada em minha cama.
Ela tinha um grande corte na barriga, provavelmente causado pelo imundo do Rei.
Não sabia o que fazer, não sabia sequer fazer um curativo. A primeira pessoa que pensei, foi na Emma, a enfermeira que cuidava de mim quando me machucava na rua, quando era pirralho.
O hospital ficava perto de casa, e elas não iriam entregar a princesa para o Rei, eu confiava nelas.
Peguei uns lenços e casacos da minha mãe para disfarçar Liz, deu meio certo. Levei ela nos braços, tentando parecer tranquilo, para o hospital.
Chegando lá, corri as peças para falar com a Emma, mas não a encontrei, na sala dela, tinha outra garota.
- Você?! - era a garota que eu trombei na rua mais cedo.
- Tire esse monte de roupa da princesa e a coloque na maca! - uau, achei que tinha acertado no disfarce.
Depois de uma meia hora a quarenta e cinco minutos, eu estava ao lado de Liz, esperando ela retornar a consciência, com ela já cuidada.
- Porra já são 5:30, tenho que ir! - me lembrei do meu compromisso com a gatinha loira da proposta.
- Kaiya... - ela abriu os olhos, com a voz bem fraca.
- Liz!
- Pode ir. Eu confio nas pessoas daqui!
- Liz... - eu não queria deixa-la lá, mas eu teria que ir, e lá era o único lugar que ela poderia repousar e ninguém a entregaria.
- Você tem que ir aonde? - a garota enfermeira perguntou.
- Para o Bar da cidade.
- Vai encher a cara palhaço?!
- Queria, mas tenho um compromisso maior!
- Eu também tenho que ir para lá, não se preocupe com sua amiga, a Emma já vai voltar e cuidará dela.
- Pode ir, Kaiya!
- Certo, vamos, senhorita!

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