A poeira flutuava no ar do túnel, densa. Na parca iluminação só se via a pilha alta de pedras e pó lá dentro, o portão velho de ferro quase completamente soterrado. Uma trágica cena para aqueles que amavam construções antigas como aquela mansão.
Uma antiguidade destruída. Reduzida a pó... Assim como os ossos que repousavam sob as pedras.
Podia-se ouvir o lamento doce de um violino, entoando seu último suspiro e deixando para trás uma onda de tristeza e cheiro de morte.
O vento frio zumbiu pela fresta do corredor, uivando alto, e as rochas estremeceram devagar, fazendo surgir do meio delas uma mão crispada. As unhas bem feitas estavam sujas de poeira e não demorou muito para empurrarem o restante de pedras.
O corpo empoeirado ressurgiu com a elegância selvagem de um felino, sacudindo-se do pó que se acumulava no vestido florido. Fridda abriu os olhos com impetuosidade e olhou ao seu redor. Sua boca se crispou numa ameaça fria e ela rosnou.
- Grandessíssima cadela!
A velha resmungou seu ódio e chutou com a ponta do sapato o que restou de pedras partidas, saindo debaixo dos escombros do túnel. Chacoalhou a cabeça uma vez e apanhou sua garrucha perdida no meio da poeira.
O corredor por onde marchara antes estava interditado, mas ela foi esperta e paciente em retirar o que impedia a passagem, enfiou-se pela fresta dos escombros e conseguiu passar.
O outro lado estava igualmente congestionado, pedaços de concreto e canos estourados profanavam a beleza daquele antigo lugar. O chão rochoso estava alagado e era difícil o acesso ao restante do caminho. Uma sorte felinos serem tão ágeis.
Fridda caminhou pela água suja, tomando o cuidado de desviar dos pequenos fios soltos que pendiam do teto, seus olhos sempre atentos a qualquer tipo de ameaça, embora ela duvidasse muito que mais alguém tivesse sobrevivido àquela explosão.
Maldito Búlgaro! Ele pagaria com a vida por tê-la emboscado daquela maneira.
E por ter pego Cherry novamente.
Cherry...
Ela apertou os olhos com pesar, permitindo-se apenas aquele momento de distração. Sua amada Cherry mais uma vez nas garras daquele miserável. Ela precisava sair logo dali e convocar a família. De jeito nenhum deixaria sua preciosa Barnebarn mitt enfrentar mais uma parcela daquele inferno. Era hora de dar um fim nisso! De uma vez por todas. Cessar o tormento daquelas pobres almas que o demônio roubava.
Era hora de destroçar o coração do búlgaro.
Fridda apertou a garrucha em suas mãos, furiosa.
Ela marchou pelos escombros espalhados pelos corredores sob a parca iluminação, o cheiro de mofo irritando seu nariz. Os olhos atentos e impetuosos avistaram um coturno assim que virou a esquina.
A Von Kern se aproximou desconfiada, a garrucha muito bem firme em suas mãos pequenas. O que se revelou foi um corpo caído em meio à poeira do cofre imundo e violado.
Fridda abaixou a arma no exato instante em que viu o rosto do sujeito.
O caçador.
Ela soltou um suspiro misterioso e guardou a garrucha no coldre dos ombros, abaixando-se para poder observá-lo. Analisou o rosto machucado por alguns instantes antes de lhe acertar um tapa na cara.
Halle despertou assustado, olhando para os lados. Tão logo pressentiu companhia, fechou o punho com força e tentou acertar um golpe em seu inimigo.
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A Leoa Rubra
ActionEscrito por Natasha Morgan Após o brutal assassinato de seus pais e os horrores que passou em cativeiro por um poderoso Magnata Búlgaro, Cherry Vicious foi obrigada a amadurecer e se tornar uma leoa atenta e hábil. Treinada pelo tio mafioso, ela ade...