Capítulo 1

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Minha vez de reiniciar.

Olá.
Me chamo Emilly.
Você está prestes a ver a reconstrução de vida de uma pessoa que perante a sociedade não tinha mais jeito. Afirmo que se eu fosse julgada pelos tribunais do mundo, com toda a certeza a minha sentença seria "culpada", sem nem que pensassem duas vezes. E realmente concordo com isso, pois sei que baseada em meus pecados, não sou digna de perdão. Mas, felizmente há um Deus de amor e compaixão, que me deu uma segunda chance diante do seu tribunal de justiça. Por meio dEle fui capaz de enxergar o que antes não via, e por meio dEle consegui encontrar a paz que tanto quis. Mas, antes preciso que você esteja comigo desde o começo. Preciso que saiba dos meus traumas e dos empecilhos que trilharam minha jornada até aqui. Então, vamos ao fatídico dia. O dia em que minha vida viraria do avesso para o estado ideal.

Na minha cabeça aquele seria mais um sábado monótono em que gastaria todo o meu dinheiro com farras, bebidas e drogas. Naquela manhã a roupa da boate já estava colocada sobre a cama, junto com as joias e a sandália. Os potes de maquiagem já estavam em seus devidos lugares sobre a penteadeira, e eu, em minha felicidade disfarçada, estava enviando mensagens aos meus amigos com um sentimento de euforia fora do comum, com mil e uma ideias do que seria feito em mais uma noite de muita luxúria e prazeres.

Pensando melhor agora, realmente aquilo era deprimente. Eu sabia que no dia seguinte meu corpo com dores fortes pelo excesso do álcool, mas não só isso, a dor na alma também permaneceria. Mas, eu já tive tantas desgraças na minha vida que em minha mente aquilo tudo era o recomendado para preencher o vazio e para viver do modo correto.

O dia passou-se lentamente. O fato de morar sozinha era libertador, mas solitário. Quando deu o horário de me arrumar, fiz tudo o que estava proposto e saí rumo ao local marcado. Quando cheguei, vi muitas pessoas ao redor, incluindo meus amigos. Pessoas que estavam em seus mistos de alegria e empolgação. Não sei se elas estavam como eu, já que meu rosto estava repleto de sorrisos, mas meus olhos transmitiam o recado de um coração em frangalhos.

A festa estava como o esperado. Muita dança, muita bebida e muita conversa com os pretendentes que me agradaram naquela noite. Até que um de meus amigos encontrou-me, e este estava com uma proposta mortal em mãos. Era um pacotinho transparente que continha um pó branco. Senti meu corpo vibrar com a sensação de ingerir aquela substância. Eu já estava bêbada o suficiente para não raciocinar, e louca o suficiente para não recusar mais um prazer momentâneo que me faria esquecer dos problemas. Comecei a me drogar ao mesmo tempo que estava ingerindo as bebidas alcoólicas. Aos poucos minha mente não tinha mais sentido nenhum. Meus pés não mais faziam o que eu queria. Meus olhos estavam me traindo ao não obedecerem o comando de ficarem abertos. Minha boca já não mais falava o que eu coordenava.

Minhas lembranças daquele momento são de vultos e mais vultos. Recordo-me do rosto preocupado de alguns amigos, que tentavam me reanimar a todo custo. Quanto mais tempo passava, mais eu sentia que a sanidade estava sendo arrancada do meu corpo, ao mesmo tempo que as pessoas começavam a aglomerar-se ao redor de mim.

Quando percebi, eu apaguei.

Quando eu abri os olhos, percebi que estava em uma cama de hospital.

Quando levantei-me, senti uma sensação estranha, mas não só isso, vi que eu era uma outra camada (alma) saindo de cima do meu corpo imóvel sobre a cama. Meu rosto pálido era a maior resposta de que eu não estava bem. Tinham vários equipamentos médicos ligados em mim, inclusive para que eu pudesse respirar. Aquilo me assustou. Pensei estar morta, porém, os batimentos ainda podiam ser ouvidos pelo quarto.

Até quando estaria viva? Não fazia ideia.

Quando me dei conta, estava em pé no chão frio daquele lugar. Vi que não muito longe de mim haviam umas sombras escuras, o que fez com que meu interior sentisse algo muito ruim. Tão ruim que não sou capaz de mensurar em palavras. Mas, não muito longe também havia uma luz branca incrível. Uma luz que tirava o medo que eu estava sentindo das sombras escuras. Até que, em um piscar de olhos, fui levada para um lugar extraordinário. As nuvens eram visíveis e o clima de paz era intenso.

Até que, eu o vi.

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Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.
(João 14:6)

Sono Profundo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora