Capítulo 01 - Em terra de olho quem tem cego é rei.

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– Então quer dizer que você é segurança, mas apoia o pacifismo, não agride mesmo em situações necessárias e enxerga tão mal quanto uma mula?

– Não, senhor. Mulas enxergam bem, eu enxergo como uma toupeira disléxica mesmo.

O rapaz alto de cabelos pretos respondeu ao seu futuro patrão, que o encarou de cima a baixo e suspirou decepcionado.

– Você é uma pessoa paciente? – O velho perguntou, sem esperanças.

– Sim, senhor.

– Hmm... – O velho o deixou de lado e caminhou para a enorme janela da sala. Ele não saiu de lá por exatos 20 minutos. E, pacientemente, o rapaz o observou. Em seguida, o velho acendeu um fósforo longo e o entregou para o rapaz, que o pegou com a dificuldade de uma velha cega em colocar a linha na agulha. Longos segundos depois ele consegue segurar o palito

– Finalmente tu pegou essa merda! Agora fica aí segurando enquanto eu procuro meu cigarro.

O velho nem se deu ao trabalho de procurar o cigarro, apenas observou enquanto as chamas  do fósforo se aproximavam lentamente dos dedos do rapaz.

Quando chegou perto de se queimar, o rapaz o apagou num sopro.

– Hm? Você não disse que era paciente? Por que apagou? – O velho encarou como se aquilo fosse uma vitória.

– Sou paciente, não burro né.

Depois disso, o velho admitiu uma derrota mentalmente, e assinou o contrato de trabalho com o seu novo segurança cegueta, que ficou satisfeito quando finalmente conseguiu acertar a linha certa para assinar seu nome. Leon Strauss.

– Espero que atinja minhas espectativas e seja um bom funcionário. – o velho pegou na mão do rapaz para cumprimentar, já que se ele estendesse dificilmente Leon iria enxergá-la.

– Obrigada, senhor Guiana. Vou me retirar. – o velho acenou e Leon foi em direção à porta.

Ou era a intenção dele.

– Porta errada, vesgo, esse é meu armário.

O Guarda-costas [BL] Short StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora