Capítulo 1

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TRÊS DIAS ANTES

30 de dezembro de 2018

Lazuli

Lazuli

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Ano-Novo. Todos nós juntos pela primeira vez em séculos. Eu e Goku, Bulma e Vegetta, Goten e Bra , Pan e Trunks e a filhinha deles de seis meses, Priya. E Mai.
Quatro dias no meio da floresta das Terras Altas escocesas em pleno inverno. Loch Corrin é o nome do lugar. Muito exclusivo: por ano, apenas quatro grupos têm permissão para se hospedar lá — o lugar é uma residência particular no resto do tempo. Essa época, como você deve imaginar, é a mais popular. Tive que reservar
basicamente no primeiro dia de janeiro, assim que as reservas
foram abertas. A mulher com quem falei me garantiu que, como
nosso grupo ocuparia a maior parte das acomodações, provavelmente ficaríamos com o local só para nós.

Tiro o folheto da bolsa outra vez. Papel grosso, coisa cara. Um lago cercado de abetos, picos rosados surgindo ao fundo, embora já devam estar cobertos de neve a essa altura. De acordo com as
fotos, a sede a “Nova Sede”, como a propaganda a descreve ,  é uma grande construção envidraçada, ultramoderna, projetada por um arquiteto famoso que recentemente idealizou o pavilhão de
verão da Serpentine Gallery. Acho que a ideia era que a construção parecesse se fundir com as águas calmas do lago, refletindo a paisagem e as linhas inflexíveis do grande cume, o Munro,
erguendo-se atrás.

Ali perto, diminuídas pelo aspecto monumental da sede, é possível ver um pequeno aglomerado de casas que parecem se aconchegar umas às outras para se aquecer. São os chalés; há um
para cada casal, mas vamos nos reunir para fazer as refeições na sede, a construção maior que fica bem no meio. A não ser pelo jantar típico das Terras Altas, na primeira noite — “uma degustação de produtos locais da estação” —, vamos preparar nossas refeições. Eles compraram comida para mim. Enviei uma longa lista com
antecedência — trufas frescas, foie gras, ostras. Planejei um verdadeiro banquete para a noite de Ano-Novo e estou muito animada. Adoro organizar festas, principalmente as de final de ano. Afinal essas são as melhores,pois aproxima todos que nós amamos,certo?

Esta parte do trajeto é especialmente tensa. De um lado, há o mar, e
de tempos em tempos a terra recua, dando a impressão de que um único movimento em falso pode nos fazer despencar do precipício.

A água é cinza-ardósia e parece agitada. Em uma campina no topo do penhasco, ovelhas se aglomeram em bando como se também tentassem se manter aquecidas. Dá para ouvir o vento; volta e meia ele se choca contra as janelas, e o trem estremece.

Todos os outros parecem ter pegado no sono, até mesmo a bebê Priya. Trunks chega a roncar.

— Vejam — tenho vontade de dizer —, vejam como é bonito!

Planejei esta viagem, então tenho uma sensação de que ela me pertence — a preocupação de que as pessoas se divirtam, de que as coisas possam dar errado. E também uma espécie de orgulho dos pequenos sucessos... Como este: a beleza selvagem do lado de
fora da janela. Não me surpreende que estejam todos dormindo. Acordamos
muito cedo hoje de manhã para pegar o trem.

A última comemoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora