Prólogo

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Deimos era desumano e cruel. Filho de Ares, tornou-se a personificação do terror e do pânico, um demônio impiedoso e carente da ira e desespero alheio. Com um simples olhar, Deimos era capaz de fazer um ser cair dentro de um poço de desespero e angústia, deixando-o à mercê da tortura psicológica, matando de dentro para fora tudo e todos que cruzassem seu caminho. Na Terra, era um comensal do pânico, afundando humanos em uma maré de medo por pura diversão, buscando satisfazer seus desejos pelo sofrimento, um sádico sociopata. E fora em uma de suas voltas pelo mundo mortal, que encontrou-se com a mulher que viria a ser sua esposa, usando do que lhe restava de sentimento para apaixonar-se perdidamente por esta. Althea, humana e jovem, descendente de uma longa linhagem de feiticeiros, atendia no âmbito mortal por Park Hyelim. Althea apaixonou-se ingenuamente pelo caos de Deimos, e, inocentemente, caiu dentro do poço de terror e pesadelo que era a vida do demônio, tornando-se submissa do diabo sem sequer perceber, encantada pelas palavras sutis e manipuladoras, como um marinheiro cedendo ao canto mortal de uma sereia. Morar no inferno nunca foi um de seus planos, mas criar sua filha naquela terra devastada pelo horror foi, com certeza, sua pior decisão.

Demônios são escravos da ira. A ganância e a gula são seus maiores pecados, e com Deimos não era diferente. Ele queria mais, nunca se contentava com o que possuía em suas mãos, sedento por satisfazer seus desejos. Althea estava cega, e o diabo a tinha em suas mãos, manipulava-a como quisesse, e a feiticeira, impotente e fraca, aceitava tudo calada. Traições, agressões, em meio a todo o inferno que sua vida se tornara, Hyelim deu à luz a sua filha, metade demônio, metade humana, herdando os poderes e dotes dos pais. Por mais que tivesse tentado, Althea não conseguiu esconder a gravidez, era impossível Deimos não perceber, e os olhos gananciosos do demônio brilharam ao ver a criança, decidindo que faria dela sua obra prima, a personificação de todo o seu terror. E fora nesse momento que o pesadelo da pequena Hyemin começou.
Com apenas 3 anos, Hye conheceu o submundo, os demônios e monstros apavorantes faziam a garotinha chorar, encolhendo-se e tremendo contra o pai, este que apenas sorria com escárnio e empurrava a pequena. Após isso, Hyemin parou de frequentar a escola e ver seus amigos por dias, devido às fraturas na perna esquerda e uma costela quebrada. "Inútil", Deimos gritava, "Você morrerá assim! Lute!" e então jogava a garota de, agora, poucos 6 anos em meio aos monstros novamente e, aos prantos, Hyemin levantava e tentava fugir do diabo e seus capangas, mas quando se está em um pesadelo, não há saída, nem como fugir. Hye estava presa em meio ao terror, e a única coisa que queria era acordar daquele sonho cruel.
No fim do dia, Althea recolhia a filha e devolvia a ela o único sopro de vida que lhe era retirado todos os dias, curando-lhe as feridas e fraturas, mesmo sabendo que as feridas internas jamais seriam curadas. A feiticeira ensinou para a filha tudo que sabia, Hyemin aprendeu a matar e infligir dor, dominou todos os elementos, e usando estes ao seu favor, promoveu chacinas dos demônios e monstros do progenitor todos os dias, mesmo que isso lhe custasse sangue, suor, e muitas lágrimas. Dentro de si, o ódio e repugna pelo pai se alastrava como fogo em gasolina, e por mais que a mãe lhe curasse os ferimentos, não entendia o porquê dela nunca ter tentado impedir o diabo, e isso fazia a garota arder em ira e revolta.
Fora com 18 anos que Hye dominou todo o seu poder, manejando-o perfeitamente ao seu comando, com maestria invejável, tornando-se a máquina que seu pai a criou para ser. Entretanto, não era capaz de destruir o diabo, mas era forte o suficiente para fugir, e assim o fez.

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