Capítulo 2

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1889

"É um menino!" gritava Gojong pelo quarto do palácio. Repetia diversas vezes como se quisesse relembrar ninguém além dele mesmo, se pudesse estaria saltitante pelos corredores do palácio e anunciaria a todo o reino que Gojong finalmente teria seu sucessor à monarquia.

A esposa cansada, pálida, não tinha forças para falar ou abrir os olhos e observar sua criança que chorava e soluçava. O Rei só sabia sentir satisfação, pela certeza absoluta de que agora poderia seguir seu plano secreto sem nenhum problema ou perturbação, pois Jaebeom de Joseon, finalmente, havia chegado ao mundo. E que o golpe era certeiro.

O até então atual Rei, Gojong, sabia que não conseguiria manter o poder em suas mãos por longos anos, um menino sob seus cuidados seria perfeito, ele o moldaria. Entretanto, o reino não fazia ideia que sua esposa estava grávida, logo, não sabiam que já havia nascido e Jaebeom era sua arma secreta, países próximos desejavam atacar, novos reinos apareciam e queriam as terras para um novo Império. Quando Gojong completou 11 anos, assumiu liderança do reinado com a ajuda do pai e planejava o mesmo futuro para seu primogênito, que nascera com vida, saudável e em perfeito estado.

— Meu pequeno Jaebeom... — dizia enquanto segurava o recém-nascido em seus braços, agora mais calmo, limpo, quietinho e sonolento. — A dinastia Joseon está em suas mãos.

1900

Gojong não seguia mais seu reinado como dinastia, porém seguia, o quanto podia, como Imperador da Coreia. Agora com quatro filhos, o que lhe deu mais esperança de continuar a linhagem no poder, Jaebeom foi criado às escuras no palácio, sua aparência era apenas um burburinho para o povo, assim como sua idade, voz e altura. Tudo sobre o primogênito da família mais bem sucedida era um mistério.
Porém, não era fácil aceitar a vida de isolamento.

— Segurança, eu sei. — murmurou o pequeno Jaebeom, de agora 11 anos, quando fora respondido pelo pai sobre o porquê de não poder brincar lá fora como os irmãos e irmã. — Não posso levar os guardas comigo?

— Jaebeom, esta conversa está encerrada! — vociferou o Imperador que lhe deu as costas, o deixando sozinho em seu quarto.

— O senhor sempre diz isso... — suspirou pesadamente quando já estava sozinho. Abaixou-se no chão para puxar sua caixinha de metal debaixo da cama, onde guardava seus desenhos, passatempos e livros de bolso. Era o que mantia são por nunca conseguir sair e brincar como um garoto normal. Jaebeom encarava a capa de um dos pequenos livros "Contos da Tartaruga Dourada" lera diversas vezes mas seu entendimento era muito vago para a complexidade do texto. Era apenas uma criança. Apenas a capa o agradava, animais soltos, livres, pela floresta. Podendo sentir a natureza, ar livre, a brisa sobre o corpo, enquanto Jaebeom se sentia em um covil em meio as cobras.

Recolheu suas coisas e saiu do quarto em silêncio. Os guardas não questionariam seus movimentos, afinal, ele era o chefe deles. Ele os mandava. Já marcava um pouco mais das onze da noite. Fingiu um pretexto para ir à cozinha apenas buscar algo para um lanche noturno, enquanto a cozinheira Ji Sun estava distraída amassando a massa para o pão do dia seguinte, o garoto sorrateiramente saiu pelas portas dos fundos.

Ninguém mais estava trabalhando a essa hora, conseguiria sair pelo portão de descarga sem ser incomodado. Os guardas não estavam nem olhando, que descuidados, isso seria levado em conta mais tarde pelo Imperador. Jaebeom sentia euforia, estava saindo de casa sem nenhum planejamento, apenas queria sair, se divertir, sentir a brisa, ver as pessoas e voltaria quando desse por satisfeito. Sua mãe nem sentiria falta, pois ela nunca iria saber, ele achava.

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