Cap 1: Marshall Mathers.

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12 de maio de 1995

- E é esse o meu plano... É a minha ultima chance com a música, eu vou apostar todas as minhas fichas nesse álbum. - Falei pro Proof, meu melhor amigo desde o ensino médio.

- Cara, isso vai dar muito certo, eu aposto, afinal, você é um dos melhores rappers que eu já conheci, você arrasa nas batalhas, e mais, quem não ia gostar de ouvir um rapper underground?

- Tem razão, vai dar certo.

- É isso Em, hora de por a mão na massa, vamo dar duro nesse trampo.

- É ASSIM QUE SE FALA! VAMO NESSA, VAMOS CHAMAR A D12!

- É VAMOS!

E assim começamos o projeto que chamamos de "Infinite" porque o nosso sucesso vai ser infinito!

Meu caderno de rimas está lotado de rimas prontas pra verem a luz do dia, e o microfone do estúdio.

16 de janeiro de 1997

Infinite não deu certo...

Eu falhei.

- VOCÊ SÓ SABE DAR ATENÇÃO A ESSES MALDITOS DISCOS, E COMO FICAMOS EU E A HAILIE?! - Gritava a Kim

- É A MINHA ÚNICA CHANCE PRA ARRUMAR UM SUSTENTO... JÁ QUE VOCÊ NÃO MOVE UMA PALHA PRA ARRUMAR UM MALDITO TRABALHO - Respondi furioso

- NÃO FALE ASSIM COM ELA! - Gritou a Debbie, minha mãe.

- QUIETAS!! VOCÊS NÃO ENTENDEM O TANTO QUE EU FAÇO PRA TENTAR COMPENSAR QUE NENHUMA DE VOCÊS TRABALHA.

- VOCÊ É UM COMPLETO IMATURO, SABIA DISSO? VOCÊ É UM CRIANÇÃO MARSHALL, EU NÃO ACREDITO QUE ME APAIXONEI POR UM COMPLETO IDIOTA!!

- E EU NÃO ACREDITO QUE PARI UM VAGABUNDO QUE QUER TRABALHAR SÓ COM COISAS QUE NÃO DÃO FUTURO.

- E EU NÃO ACREDITO QUE EU TÔ TENDO QUE OUVIR RECLAMAÇÕES DE UMA DUPLA DE MULHERES ACOMODADAS!

- OLHA AQUI, VOCÊ ME RESPEITA SEU PIRRALHO INGRATO, EU DEI MUITO DURO PRA VOCÊ TER UM FUTURO E VOCÊ TÁ JOGANDO ISSO FORA, ENGRAVIDANDO UMA MULHER E LARGANDO A ESCOLA!

- É MÃE, OBRIGADO PELO SEU ESFORÇO, MAS VAMOS RELEMBRAR O QUE VOCÊ FEZ... Se drogava... ME drogava... ME BOTOU EM UM MONTE DE ESCOLAS ONDE EU ERA CONSTANTEMENTE SURRADO, E NEM SE INCOMODOU EM ME APOIAR QUANDO EU PRECISEI SUA FILHA DA PUTA!

Eu nem vi chegando, eu só senti... Meu rosto arder, ela me deu um tapa?

- Seu inútil. - Ela me disse ainda com a mão erguida.

- Vai pro inferno Debbie Mathers.

E então elas começaram a gritar comigo incessantemente, rajadas de xingamentos eram disparadas contra mim, eu não aguentei e fui pro meu carro onde comecei a gritar e socar o volante.

- FILHAS DA PUTA! POR QUE VOCÊS NÃO PARAM DE RECLAMAR UM SEGUNDO E ME OUVEM?! - Gritei quase chorando.

E assim são os meus dias, acordo, me arrumo e vou pro trabalho, trabalho, volto pra casa e ouço gritos até quase querer matar alguém. Eu me acostumei, então eu não me encomodava muito, mas nesse dia... Eu não aguentei...

Voltei pra dentro de casa e fui em direção ao banheiro, Kim e Debbie resmungaram alguma coisa comigo mas nem ouvi nada. Entrei e tranquei a porta.

Me olhei no espelho, e só queria um coisa...

- FILHO DA PUTA! - Gritei enquanto socava o espelho. - Como você conseguiu estragar tudo? Só tenho a Rap olympics, mas nem acho que isso vai mudar alguna coisa... - Respirei funndo e me olhei pelo espelho estilhaçado - Elas tem razão... Eu sou um completo inútil... Eu não devia ter nascido... Eu... Não faria falta nessa maldita casa.

Abri o armário e peguei um vidro de remédios, esse é o remédio favorito da minha mãe drogada, virei ele e engoli todas as pílulas de uma vez só, uma hora veio uma sensação boa, mas de repente tudo começou a ficar turvo e escuro, meus olhos ardiam, minha garganta fechou, meu braço esquerdo começou a formigar, minhas pernas enfraqueceram e então cederam...

Acho que é isso... Finalmente o fim de Marshall Mathers.

Eminem: Tudo Ou NadaOnde histórias criam vida. Descubra agora