Prólogo

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Corria pelas ruas da cidade em plena manhã o mais rápido possível — o tempo estava congelando e eu podia sentir minhas mãos temendo mesmo elas estando cobertas pela luva que minha mãe havia feito para mim, esse inverno em especial estava muito fri...

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Corria pelas ruas da cidade em plena manhã o mais rápido possível — o tempo estava congelando e eu podia sentir minhas mãos temendo mesmo elas estando cobertas pela luva que minha mãe havia feito para mim, esse inverno em especial estava muito frio — eu precisava chegar logo no colégio, uma professora não pode se atrasar pois seria um mau exemplo para para os seus alunos. Não sei o que deu em mim hoje, acordei-me muito tarde, não escutei o maldito despertador tocar. Não deveria ter dormido até tarde relendo pela 29° aquele manhwa*.

Olho a hora em meu relógio de pulso, marcava 07:56, eu tenho que estar lá às 08 em ponto, já perdi o ônibus e não estou nem um pouco perto de chegar ao meu destino, o que me fez ficar ainda mais nervosa.

— Droga! Tenho que me apressar, o diretor vai me matar se eu me atrasar no meu primeiro dia. Você nunca foi de se atrasar Jennie, por que logo agora?! - enquanto eu resmungava podia ver a minha respiração por conta do frio. Meu nariz deve se encontrar mais vermelho que um tomate - Se você perder esse emprego você está acabada, já foi difícil o suficiente conseguir ele. Droga, droga, droga!

Hoje iniciarei meu primeiro emprego após terminar a faculdade em uma faculdade muito prestigiada de moda como professora, desde pequena esse foi o meu sonho. Sempre fui uma boa aluna, tirava notas acima da média e era adorada pelos professores, isso até mesmo na faculdade, mas o mundo é cruel e todo o meu esforço ia por água abaixo por não ser de uma família da classe alta. Porém isso não me abalou, eu trabalhei duro estudando para conseguir esse emprego e não vai ser agora que eu irei perde-lo.

Apresso os meus passos agradecendo por não ter calçado um salto alto hoje, nesse momento tenho certeza que se o flash me visse teria inveja de mim, estou correndo tão rápido que as pessoas ao meu redor me olham como se eu fosse louca, mas não as julgo, já que se não fosse eu a estar nessa posição eu pensaria o mesmo. Passei tanto tempo enfiada dentro dos livros e não me exercitei e agora estou sedentária; posso até sentir gotículas de suor escorrendo pelo meu rosto.

Meus músculos cedem e meus pulmões pedem urgentemente por ar, então eu paro bruscamente de correr, quase caindo e ponho ambas as mãos apoiadas nos meus joelhos. Mas eu estava tão imersa e apressada que não percebi que onde eu parei de correr foi no meio da pista, mas o real problema não era esse e sim que o sinal estava aberto, indicando que os carros poderiam passar.

Quando eu menos esperei, senti meu corpo sendo jogado pra longe, algo havia me atropelado. Eu voei a alguns metros de distância do veículo. Quando abri meus olhos vi um carro com a frente um pouco amassada, provavelmente onde meu corpo colidiu. Eu só pensava no quanto iria custar pra consertar aquilo, uma fortuna que eu não tinha.

Me levantei com um pouco de dificuldade, meu corpo inteiro doía, fui em direção ao motorista que tinha saído do veículo com as mãos na cabeça me olhando com preocupação, assim como algumas pessoas ao meu redor que me perguntaram se eu estava bem, apenas respondia "Estou bem, está tudo bem".

— Senhor... por gentileza coloque seu número aqui... — abri minha bolsa e peguei meu celular, minhas mãos tremiam e quase que eu derrubava o aparelho no chão. Minha visão embaçou e eu não conseguia enxergar direito. — eu estou com um pouco de pressa... então falamos depois quanto custa o conserto da...

Não pude terminar minha frase, em segundos já estava no chão do asfalto gelado. Passei a mão na minha boca e vi que estava saindo sangue, muito sangue. Eu já não conseguia respirar normalmente.

Minha vida vai terminar assim nesse dia frio de inverno? Não poderia esperar o verão chegar? Eu nem pude aproveitar minha vida de adulta direito. Eu tenho que me levantar, minha mãe disse que não posso deixar coisas pequenas me abalar. Eu nem aproveitei meu emprego, não pude nem sequer conhecer meus primeiros alunos ou dar minha primeira aula que eu havia sonhado tanto. Que fracasso.

E assim como visto nos filmes, minha vida passou direto nos meus olhos; lembrei do dia que meu pai me ensinou a dirigir; dos jantares em família; de como eu fiquei triste com meu primeiro termino de namoro; de quando minha mãe fazia barriga de porco todo domingo; do tempo que eu passei estudando pro vestibular; da pequena festa que minhas amigas fizeram quando entrei na faculdade; por mais que eu queira esquecer, lembrei também da morte do meu pai; do dia que minha mãe fez luvas para mim, estas que estou usando agora. Fecho meus olhos rindo, lágrimas também estavam presente. Aperto minhas mãos com força e as ponho perto de minhas narinas, ainda tem o cheiro adocicado da minha mãe.

Eu estou realmente morrendo, que patético.

Escutei pessoas desesperadas gritando por ajuda, como se os socorros fossem sair do bueiro para me ajudar; escutei também cliques de celulares, estavam tirando fotos, eu aqui morrendo e eles postam nos storys "gente, acabei de presenciar um acidente!", a sociedade não tem mais jeito mesmo.

Já estava ficando difícil de respirar, minha boca está coberta com o gosto horrível e metálico do sangue.

Eu queria poder ter uma segunda chance de viver, podendo aproveitar cada suspiro como se fosse meu último, não me importando com a opinião alheia sobre mim e ficar feliz mesmo com as coisas pequenas que eu conseguir. Eu deveria ter me divertido e aproveitado mais.

Antes de apagar eu pude ouvir as sirenes de ambulâncias ecoando, cada vez mais próximas, mas nessas alturas eu já tinha perdido a consciência e a vida.

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Glossário

Manhwa: É um termo geral coreano para designar histórias em quadrinhos. Fora da Coreia, o termo se refere especificamente a histórias em quadrinhos da Coreia do Sul.
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Hello my chingu, tudo bom?

Nossa jornada está apenas começando, então se você gostou do prólogo tenho certeza que gostará da história em si também.

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Nós vemos logo!

Eu sou a Vilã dessa históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora