Capítulo 3

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Capítulo 3

Depois que o Dylan caiu no chão eu chamei a ambulância e fui para o hospital com ele, ele não acordava o que estava me deixando bem preocupada, mas ele ficou desmaiado.

Quando eu cheguei na emergência e parei na recepção e fui falar com os enfermeiros:

-Eu sou a doutora Stillermann, sou oficial do exército, eu posso entrar com ele?

-É parente?

-Moço, é meio complicada a nossa situação

-Como assim?

-Vou resumir, ele namorou comigo na adolescência, ficamos juntos até a faculdade, ele foi para uma missão no Afeganistão, o avião dele caiu, ele foi dado como morto, 6 anos depois ele estava vivo e apareceu em um avião do exército há 1 dia e eu o atendi, e ai? Eu posso entrar? – eu falei com extrema rapidez

-Claro, pode ir

Entrei lá todos os médicos me olharam e começaram a falar "tira ela daqui", foi ai que eu disse que eu era médica também e tudo mais, mas mesmo assim quiseram me tirar de lá, após extrema insistência, eu entrei com eles, conversei com o neurologista e perguntei o caso, ele disse que o desmaio pode ter sido causado pela TEPT e também um suposto aneurisma cerebral, ele ia precisar de terapia para a TEPT e também e ia ter que tomar todos os remédios certinho para não precisar fazer a cirurgia do aneurisma.

Fui ver como ele estava, ele recebeu alta no dia seguinte, então estava tudo tranquilo com ele, ele só iria precisar de terapia e tomar os medicamentos, o que me deixava bem aliviada. Eu fui para o trabalho, e voltou a chegar mais corpos no batalhão.

Depois do meu expediente eu fui ver o Dylan novamente, nós não conseguimos conversar direito, ele me fez uma pergunta, que me chocou muito, e eu fiquei boquiaberta quando ele me falou aquilo:

-E a Hanna? Como ela está? – ele falou aquilo tão feliz e tão esperançoso de ver a Hanna novamente, e eu não queria tirar aquela esperança dele, mas eu tive que contar...

-Dylan, isso vai ser difícil de você assimilar, mas a Hanna morreu – ele me olhou tão deprimido e triste e isso arrasou meu coração, seus olhos se encheram de água, aposto que seu coração estava apertado

-Como assim? Como aconteceu?

-Eu não sei muito bem o que aconteceu, mas quando o avião que vocês estavam caiu, o corpo dela foi achado, eles trouxeram o corpo dela para o Brasil e na autopsia fizeram um exame de DNA e deu que era ela mesmo. Sinto muito Dylan

-Mas exame de DNA só é indicado depois da decomposição do corpo

-E quando o corpo foi mutilado, eles acharam um braço de primeira, e depois uma metade do corpo dela, me desculpa pelos detalhes mórbidos

-Não foi nada, onde ela foi enterrada? – lagrimas já desciam em sua pele

-No cemitério da água verde, acho que ela nunca te falou, mas a família dela é de Curitiba e ela tinha uma namorada, essa namorada estava grávida, a filha da Hanna, é a cara dela.

-Uau eu não fazia a mínima ideia que a Hanna era casada e que iria ter uma filha, aparentemente ela era a minha melhor amiga, mas eu não era o dela – aquele tom de tristeza acabava comigo, mas eu só escutava, e então ele disse – quero ver o túmulo dela, a filha dela, e dar um último adeus. Você pode ir comigo? Para eu ter um apoio pelo menos.

-Vou – já pensei só o acompanhar e o abraçar quando ele desabar.

Ele estava bem mal, eu via suas mãos tremendo, e como ele passava a mão no cabelo só me mostrava que seus pensamentos estavam em abundância e só lembrando dos momentos com Hanna, Dylan estava completamente atordoado, o vendo, lembrei como eu me sentia quando ouvi que ele estava morto, a sensação de angustia e o arrependimento de não ter ficado com ele o suficiente.

Legendas de uma vida: É hora de dizer adeus?Onde histórias criam vida. Descubra agora