Capítulo 1

57 6 17
                                    

"O conde e a condessa de Kilmartin pareciam estar aproveitando a vida de casados de uma forma quase desconhecida pela maioria das famílias da aristocracia: apaixonados. Certamente o brilho nos olhares dos pombinhos não era por estarem no baile privado da duquesa de Hastings, que, por acaso, é irmã mais velha da mais nova condessa de Kilmartin. Talvez estivessem apenas entusiasmados por dançarem duas quadrilhas e uma valsa - o que é mais do que todos os outros casais podem dizer."

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN

12 de dezembro de 1820

— Eu não acredito que ela continua escrevendo sobre nós dois! — Francesca resmungou enquanto passava a coluna da maior fofoqueira de Londres para o marido, que não conseguia parar de rir.

— Mas o que você esperava, minha querida? Aparentemente estávamos muito escandalosos no baile de sua irmã — John deu uma piscadela para a esposa.

— Isso porque nós apenas dançamos — A condessa encarou o marido e relaxou o rosto, piscando para ele. — Imagine se ela tivesse nos flagrado nos jardins de Daphne. Estaríamos arruinados.

— E eu agradeço a Deus por ninguém ter nos interrompido — As mãos dele encontraram o queixo dela e ele deu um puxão de leve, unindo seus rostos num beijo que sugeria o início de algo, como uma promessa. Francesca adorava saber que John sempre cumpria todas as suas promessas.

Eles iriam completar um ano de casados em apenas alguns meses e ainda eram considerados um dos casais mais apaixonados de toda Londres. A condessa realmente esperava que um duque ou um marquês se casasse nos próximos dias para que a atenção de Lady Whistledown desviasse dela e de John.

O baile de Daphne havia sido privado, apenas para a família e amigos mais próximos, e, ainda assim, havia conseguido ser um sucesso. Francesca vira o primo de seu marido, Michael, dançar com quase todas as moças solteiras do salão. Ela e John precisaram se segurar uma pequena crise de riso quando o ex-soldado fora praticamente obrigado a dançar com todas as irmãs Featherington. Michael precisou de muito esforço, e gelo nos pés durante boa parte da madrugada, depois de ter dançado com a irmã do meio, Philippa.

— Precisamos confirmar a mamãe e a Kate se realmente iremos para a Casa Bridgerton no natal, John — disse Francesca, mordiscando uma torrada com geleia. — As festividades estão quase chegando e ainda não decidimos o que fazer. Sua mãe e Helen virão?

— É claro que iremos para a festa de natal de Kate e Anthony, meu amor — respondeu John, dando um gole em sua xícara de chá. — Mamãe me mandou um telegrama avisando que ela e tia Helen irão passar as festividades conosco, então confirme a presença das duas, por favor.

— E Michael? — Francesca perguntou, como quem não quer nada, e bebeu um pouco do seu chá. Não queria se meter na vida do primo do marido, que havia, a bem da verdade, se tornado um dos seus amigos mais queridos, mas a verdade era que queria vê-lo sendo tão feliz quanto ela era com John. Era o que Michael merecia. Se pudesse convencê-lo a conhecer Eloise um pouco mais...

— Não tenho certeza, querida. E pare de tentar juntá-lo com Eloise! — Disse John, como se fosse capaz de ler os pensamentos da esposa. — Michael irá sossegar quando bem entender.

— Ah, John! — Sua voz soou como se estivesse revirando os olhos, mas John sabia bem que a esposa não era o tipo de mulher que faria tal coisa. — Eu só quero que Michael seja tão feliz quanto nós somos.

— E você sabe que eu também, mas precisamos respeitar o tempo dele, sim? — Ele sorriu para ela, fazendo-a suavizar a expressão e relaxar.

— Tudo bem, tudo bem — Francesca suspirou, um pouco rendida. — Mas devo colocar seu nome na resposta de confirmação?

O PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora