Ainda no presente...
- Meu nome é Luiza Vergantino, tenho 15 anos, e não tenho nada a declarar.
- queremos te conhecer melhor querida, Isso não é um julgamento ou algo do tipo. Conte um pouco sobre você, o que você mais gosta de fazer? - dizem, dois completos estranhos sentados a minha frente.
Ficar quieta no meu canto, sem absolutamente ninguém pra me perturbar, e pensar sobre como seria excelente se essa sociedade medíocre e hipócrita, ou seja, a humanidade desaparecesse da face da terra- respondo aos estranhos.
Eles me olham com uma leve expressão de susto.
- é-é Conte-me mais sobre a sua vida, você tem muitas amigas aqui?- me perguntam.
Cara, eles não desistem não?
- não tenho amigas, elas me odeiam- respondo a eles.
- nossa querida! E como você se sente? Deve machucar muito.
- Estar em um orfanato sendo odiada por todas as meninas do quarto, deveria me machucar? Sim. Se eu fosse uma fracassada, mas acho que o fato de eu ter visto minha vida se acabar a minha frente, enquanto eu penteava um maldito cabelo de uma boneca estragada, já me preparou pra tudo. - digo a eles.
- Minha vida é um completo inferno, no qual eu adiciono cores pra não enjoar. Eu sou completamente sozinha pelo mundo, e essa droga de orfanato que estou, é apenas pra dizer que eu tenho um teto pra esconder minha cabeça da chuva. - completo.
Eles arregalam os olhos.
- Vocês não queriam que eu contasse sobre a minha vida? Então talvez já tenha resumido minha vida nessas poucas palavras, não tenho mais o que dizer. - termino olhando fixamente a eles.
resumo minha vida, claro a "vida" que eu adaptei pra espantar qualquer casal que tenta me "conhecer". Sigo olhando fixamente para eles, enquanto os assisto sair pela porta, cochichando sobre algo, provavelmente eu.
Mentindo não estou, mas sempre que converso com um novo casal deixo minhas palavras mais sombrias, de uma forma que chega até me assustar.
Não importa o que eu tenha que fazer, tudo gira em torno de jamais sair desse lugar, em que um dia me apresentaram, e no qual eu passei os últimos treze anos da minha vida.
sim. Estou falando do orfanato, aquelas palavras citadas acima, não passa de palavras saídas da boca pra fora. Claro, eu tenho que realmente adicionar cores em certos momentos, mas não por que viver aqui é um inferno, e sim por que jamais quero ter motivos pra sair daqui, enjoar esse lugar seria o fim da minha vida.
Mesmo eu tendo passado treze anos aqui, não sei nada da minha vida, pra falar a verdade conheço mais sobre minhas colegas de quarto do que de mim mesma.
o que eu posso fazer se sou curiosa?
diferente de mim, elas amam a ideia de vim um casal novo visitar, e ter a mínima chance delas sair daqui.
Elas sim querem uma casal, elas precisam de um lar, elas querem estar ao lado de pessoas que realmente possa cuidar e proteger, elas querem uma família.
já eu? nada disso me preocupa.
um pouco diferente do que citei no início, elas não me odeiam, apenas evitamos contato, isso deve acontecer pela regra imposta pelas veteranas, ou seja, pelas primeiras garotas a chegar aqui, elas sofreram muito com a separação, elas se apegaram umas nas outras, e quando eram adotadas, a depre' chegava de imediato.
Claro que elas não estão mais aqui já faz um bom tempo, eu mesma sou a única que restou da minha época, a maioria foi adotada, outras fugiram, e poucas saíram já maior de idade, e é isso que mais me preocupa no momento, saber que já faço dezeseis anos, e logo após só me restaram mais dois anos aqui dentro, lembrar disso me deixa apavorada.
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através do espelho - Uma Busca Pelo Passado, Em Prol Ao Futuro.
FantasyNão recomendado para menores de 🔞 ⚠️Gatinhos:⚠️ ⚠️ Haverá cenas detalhadas de violência. ⚠️ Haverá cenas detalhadas de abuso psicológico, verbal, corporal e sexual. ⚠️ Haverá cenas detalhadas com crises de transtornos mental ⚠️Essa obra trará crít...