Capítulo 3

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     Foi Yerim quem me ajudou a recuperar minhas memórias. 

    Me guiando através de histórias da infância e me lembrando da vida que costumávamos viver e dos amigos que costumávamos ter, até que tudo voltou à tona. Ela também me ajudou a apreciar minha nova vida no Sul da Califórnia; ao vê-la tão empolgada com meu quarto novo, meu brilhante conversível vermelho, as incríveis praias, e minha nova escola, percebi que, embora essa não seja a vida que escolhi, ainda assim tem seu valor.


     E embora a gente ainda brigue, discuta e implique uma com a outra tanto quanto antes, a verdade é que, hoje, eu vivo para as visitas delas. Ser capaz de ver ela de novo me dá uma pessoa a menos de quem sentir falta. E o tempo que passamos juntas é a melhor parte de cada dia.


    O único problema é que ela sabe disso. Portanto, sempre que toco nos assunstos proibídos, tais como: Quando eu vou poder ver mamãe, papai, e Jupiter outra vez? ou  Para onde você vai quando não está aqui?, ela me castiga passando uns dias sem aparecer.

   Esse mistério todo me deixa furiosa, mas não sou boba de insistir nisso. Também não contei a ela sobre meus novos poderes  sobrenaturais, de enxergar auras e ler pensamentos, muito menos sobre as mudanças que esse dom provocou em mim, inclusive no jeito de eu me vestir.

   — Você nunca vai arranjar alguém vestida desse jeito.

   Ela diz isso esparramando-se na minha cama enquanto cumpro o ritual das manhãs, tentando me aprontar para a escola e sair mais ou menos a tempo.

   — Bem, nem todo mundo pode simplismente estalar os dedos e...puf!, ter a roupa que quiser — respondo, enfiando meu pé no meu tênis desgastado.


   — Ah, deixe de onda! Como se Tiffany não lhe desse o cartão de crédito na mesma hora em que você pode. E qual é a do capuz? Você está numa gangue?

   — Eu não tenho tempo para isso.— Recolhendo livros, iPod e mochila, vou em direção à porta. — Você vem? — pergunto, e minha paciência quase chega ao limite quando vejo Yeri fazendo beicinho enquanto decide, com a maior calma do mundo, o que vai fazer.


   — Ok — ela diz finalmente. — Mas só se você baixar a capota. Eu adoro a sensação do vento no meu cabelo.


  — Ótimo. Mas veja se dá o fora antes da gente chegar na casa do Baek, falou? É horrível ver você sentada no colo dele sem permissão.


   Quando Baekhyun e eu chegamos à escola, Wendy já está esperando por nós no portão, correndo os olhos por toda parte.


   — Olha só — ela diz —, daqui a cinco minutos o sinal vai tocar e nada da Seulgi dar as caras. Acham que ela caiu fora? — pergunta, os olhos amarelos em nós, arregalados de inquietação.


   — E por que ela faria isso? Acabou de chegar — eu digo, seguindo para meu armário, enquanto Wendy saltita a meu lado, a sola de borracha das botas dela estalando no pavimento.

   — Uh, porque não somos dignos dela. Ou porque ela é boa demais pra ser verdade, quem sabe.

   — Mas ela tem que voltar. A Joohyun emprestou a ela o exemplar de O morro dos ventos uivantes, o que significa que ela tem que devolver —  diz Baekhyun, antes que eu possa detê-lo.

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⏰ Última atualização: Dec 08, 2021 ⏰

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