— AH, seu filho da puta! — Denki gritou enquanto segurava a mão de Hitoshi de forma forte e desregulada
Sinceramente, Shinsou nem ao menos sabia o que estava e o que fazia ali. Só sabia que seu namorado tinha começado a ter espasmos — desta vez verdadeiros — e tiveram de ir para o hospital; e antes mesmo que raciocinasse direito, estavam ambos numa sala de cirurgia e com cheiro de remédio enquanto Kaminari jazia deitado e o xingando o tempo inteiro, apertando sua mão enquanto fazia força para o bebê sair de uma vez.
Neste momento, sabia que era melhor ter escolhido a cesariana.
— Seu merda! Eu nunca irei te perdoar, Hitoshi! NUNCA! — ele choramingou berrando, as gotas de suor descendo pelo seu rosto por causa de seu esforço
— Não se preocupe, papai. — virou os olhos arregalados e assustados para a cirurgiã que estava de prontidão ali — É sempre assim, sempre xingam.
Assentiu meio travado e se ajoelhou ao lado da cama, a cabeça perto da do loiro enquanto falava suave — ou pelo menos tentava — fazendo de tudo para o acalmar.
— Você aprendeu todos esses palavrões com o Bakugou? — indagou, tentando iniciar uma conversa para tentar afastar um pouco a dor dele
— Sim, ele fala isso o tempo inteiro. — ele sussurrou ofegante, dando uma breve pausa antes de forçar de novo, grunhindo alto enquanto o arroxeado tirava fios de cabelos loiros molhados de suor da frente de seus olhos
— Aguenta só mais um pouco, tá bom amor? — beijou a mão dele — A Kirari vai te adorar quando vier para nós.
Ele concordou com a cabeça, as sobrancelhas juntas e sofridas, suspirando alto antes de gritar outra vez.
— Eu te amo, meu bem. — beijou o anel de namoro que ele detinha no anelar
— Eu também te- AH, EU TE ODEIO SEU VERME REPUGNANTE!
×××
Hitoshi olhava admirado para além da janela que o separava do berçário com a iluminação meio azulada. Suas mãos estavam espalmadas no vidro enquanto encarava somente um berço dali, onde estava sua filha cheia de saúde e que tinha um grande futuro pela frente. Kirari Kaminari era o que estava escrito na tabelinha em frente ao berço. Conseguia ver os fios roxos e escassos em sua cabeça, quase invisíveis.
Deu um enorme sorriso em meio a um suspiro e pensou que já tinha passado muito tempo ali, então, era bom voltar para o seu amado. Subiu até o nível desejado e entrou na sala de parto onde Denki descansava, olhando cansado para o teto. Um médico ainda estava lá, mas ele não atrapalhou em nada quando foi até ele, se ajoelhando de novo do lado da cama e finalmente tendo a atenção dos olhos grandes e amarelos. Ele sorriu grande assim como si e trouxe uma mão para a lateral de seu rosto, o acariciando com o polegar e fez o mesmo com ele.
— Você está bem, amor?
— Melhor impossível. — ele deu um sorrisinho de lado enquanto fechava os olhos
Tombou a cabeça para o lado, aproximando o rosto para dar vários selinhos em seu rosto, fazendo-o rir baixo. Em algum momento o médico saiu, os deixando a sós, o que era ótimo para o que pretendia fazer.
— Você foi ótimo Denki. — deu um beijo em sua testa — Você fez muito bem.
— Eu sei. — ele disse em meio ao riso
— Ah, você me chamou de corno uma vez. — Kaminari explodiu numa risada alta e acabou rindo também — Eu deveria me preocupar?
Ele continuou rindo um pouco antes de negar.
— Não, você não é corno.
— Ótimo, porque seria péssimo eu te pedir em casamento deste jeito.
Ele parou de rir no mesmo instante, levando alguns segundos para conseguir falar algo, agora sorrindo com um pingo de desespero.
— Está brincando. — disse ele
— Não estou.
Ele se apoiou nos cotovelos enquanto Shinsou se sentava na cama e tirava uma caixa aveludada do bolso. O loiro começou a dar indícios de que iria chorar, então era melhor se apressar.
— Denki Kaminari, — riu quando ele fungou — você é uma das pessoas mais importantes para mim junto com nossa filha, você é tão especial que eu estou aqui agora como um idiota te pedindo em casamento antes da hora sendo que eu deveria fazer isso em casa onde eu arrumei um monte de coisas para a gente. Fiz até Taiyaki para nós.
— Você fez Taiyaki pra mim? — ele perguntou emocionado em meio ao choro
— Huhum, e sinceramente eu não me importo se você comer quase tudo dali, e não me importaria de passar uma semana inteira acordado cuidando do nosso bebê enquanto você dorme; a questão é que eu só posso fazer isso se você aceitar continuar comigo. Pro resto da vida, se você quiser. — pigarreou sorrindo feliz igualmente ao outro, abrindo a caixa, tirando o anel de namoro do seu dedo anelar e colocando agora o novo e de casamento — Então loirinho, você poderia me dar a honra de casar contigo?
Ele assentiu várias vezes e o abraçou, dando-lhe vários beijos e selinhos seguidos na sua boca enquanto o arroxeado ria em meio a eles.
Sim, com toda certeza Denki iria comer todo o Taiyaki e Hitoshi ficaria umas belas horas só admirando o bebê em seu colo.
×××
15 anos depois
Kirari riu feliz enquanto rodopiava com o uniforme da nova escola que era um internato. Era bonito e elegante, fazendo jus à pessoa que o usava.
— Sorria! — Denki disse, apontando o celular para a filha, tentando conter o choro
Kirari sorriu sem mostrar os dentes, fazendo o símbolo do paz e amor e rindo quando seu pai tirou a foto. Seu cabelos eram meio arrepiados e roxos mais claros que os do seu pai, com a faixa negra e natural do outro progenitor.
— Nossa pequena Kirari está tão crescida! — o loiro falou com a voz embargada e orgulhosa enquanto limpava uma lágrima
— Uhum. — Hitoshi concordou, desviando o olhar enquanto sentia os olhos lacrimejaram
— Ô porra pai, você tá chorando? — a Kaminari olhou abismada para o mais alto enquanto o loiro virou para ele sorrindo alegre e divertido com a situação
— Não. — Shinsou disse, mas era óbvio que chorava, tanto que uma lágrima desceu na bochecha
A garota riu, se aproximando dos pais novamente e pegando os dois desprevenidos quando os abraçou apertado e rindo. Ambos suspiraram e a abraçaram também, pensando em como o tempo passava rápido e em como a filha deles já estava indo para a mesma escola onde eles se apaixonaram e onde toda essa jornada teve início.
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