HUMILIATED

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TIMOTHÉE

Eu não conseguia dar um passo sem sentir vontade de me encolher até desintegrar no ar.

Vergonha, medo, raiva. Todos esses sentimentos me impediam de fazer qualquer coisa - qualquer coisa, mesmo - em paz.

Não conseguia ligar para Rick e perguntar como ele estava, porque, só de pensar nessa possibilidade, uma voz me recriminava. Como você acha que ele está? Por sua culpa ele teve um segredo revelado para o mundo todo.

A expressão confusa em seu rosto quando, desesperado, eu expliquei o que acontecera - a descoberta, o desabafo feito para uma jornalista disfarçada de modelo - me assombrava sempre que eu fechava os olhos. Para mim, ele me olhou daquele jeito porque em sua cabeça não fazia sentido.

Por que, mesmo depois de todo o apoio dado por Rick, eu faria algo tão idiota como revelar um segredo seu para uma desconhecida?

Não fazia o menor sentido, mas mesmo assim aconteceu, porque eu fui burro.

Quando ele me perguntou sobre o que eu estava falando, não consegui encará-lo e explicar de maneira coerente. Apenas saí, desesperado e com vergonha.

Sabia que os meios de comunicação só falariam sobre aquilo nos próximos meses, mas teriam que dar créditos a um site específico.

Será que ela daria os créditos? "A informação foi confirmada por Timothée Chalamet, amigo de Rick Bohen".

Não consegui pesquisar nada que envolvesse aquele assunto. Não queria saber o que a mídia estava aumentando e inventando, nem o que as pessoas comentavam, mesmo sem terem certeza de absolutamente nada.

Em diversos momentos eu me questionei se queria mesmo continuar naquela profissão.

Em diversos momentos imaginei o que faria se estivesse na mesma situação que Rick.

Em diversos momentos me senti péssimo por dar mais atenção à minha dor do que à dele, sobretudo porque uma parte da culpa era minha.

Fui eu quem confiei em uma desconhecida.

Fui eu quem acreditei que estar apaixonado era a mesma coisa que confiar na pessoa.

Fui eu quem transformei a situação de Rick em algo sobre mim - imaginando cenários em que seria forçado a viver outra vida - e, desesperado, fui até a última pessoa com quem deveria falar.

Eu tinha uma família, tinha Andy, e poderia até arranjar um terapeuta, mas, não. Decidi ir atrás de alguém que conhecia há pouco mais de um mês.

Eu me senti envergonhado e humilhado.

Tive medo de falar com Andy e ouvir a verdade sobre ser um idiota, burro, ingênuo.

Tive medo de ligar para a minha mãe e decepcioná-la por não ter herdado - ou adquirido - a sua sabedoria.

A vergonha pelos meus atos me torturava, e aquela tortura doía.

Mas o que mais me irritava - e me deixava ainda mais envergonhado - era, mesmo depois de tudo, ainda pensar nela.

Mesmo com a sua mentira, o sentimento não ia embora - em minha defesa, havia raiva e mágoa mesclados à paixão.

Mesmo com tantas outras coisas para me preocupar, ela continuava sendo prioridade na minha mente.

Tudo sempre voltava para ela e para nós dois juntos.

Ela, com seus olhos brilhando - provavelmente por se divertir às custas da minha burrice.

Ela, com seus comentários ácidos - típicos de alguém que trabalha para um site de fofocas.

THE FAME || Timothée Chalamet Onde histórias criam vida. Descubra agora