O cheiro pútrido se espalhava lentamente por todo o local, obrigando as poucas pessoas presentes, curiosas com o que ocorria, a se afastarem alguns passos para longe.
Um homem usando sobretudo escuro segurava em sua mão esquerda um pedaço de papel sujo de sangue, seu corpo se apertava e tremia enquanto em sua face apenas horror e ódio brilhavam igual faróis num mar de tempestade. Ele se transtornou ao perceber que havia falhado perante seu dever, logo, com todo o seu amargo desprezo, em passos arrastados, se aproximou do corpo estendido da jovem que um dia fora bela.Ao auge dos vinte e poucos anos com os cabelos dourados manchados de seu próprio sangue, a jovem desconhecida se encontrava em um beco sujo, abandonada pobre alma infeliz. Os pedaços de seu corpo esbelto espalhados por todos os lugares, seu sangue e órgãos manchando as paredes já imundas de urina e lixo. No lugar dos olhos apenas um vazio infinito, não seria possível saber a cor já que eles não estavam em sua face. Ao seu lado repousava uma única rosa branca, pura e imaculada, destoando de todo o caos e brutalidade.
O homem passou os dedos esquálidos por entre os negros fios de seu cabelo, afastando-os da testa suada. A adorável noite fria havia se tornado insuportavelmente quente para todos os presentes, como se o próprio inferno houvesse estado ali para apreciar a cena tenebrosa.
Pobre mocinha, sua imagem manchada em todas as paredes e descartada como um ser sem alma. Que Deus possa confortá-lá onde estiver - proferiu um senhor na multidão. Apertando fortemente um crucifixo de ouro puro que repousava em seu pescoço.
Enquanto Deus cuida de sua alma jovem, resta a nós garantir que o assassino pague por cada gota de sangue, corte e crueldade que fez em nome de sua loucura primitiva. - O homem proclamou sua promessa enquanto apertava o papel até não restar mais do que um amassado irreconhecível. O amargo gosto da ira misturado à saliva em cada palavra proferida.
Em sua mente as palavras se mesclavam aos gritos da voz familiar que assombra seus pesadelos mesmo quando seus olhos lutam para permanecer abertos contra a escuridão opressora.
“ Nós sempre fazemos um bom trabalho, não é... caro amigo?”
- Baseado em “Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde”
Romance por Robert Louis Stevenson.
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Treino de Escrita
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