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— Minha filha você tem certeza que quer isso? Mas porque Seul? É basicamente o outro lado do mundo. — minha mãe dizia chorosa após ouvir sobre minha decisão de me mudar pra Coréia.
— Eu te dou todo apoio e o suporte que precisar — Exclamou meu pai, esse sim estava feliz com minha decisão.
Não como se minha mãe não estivesse, mas é difícil ver o filho saindo debaixo da própria asa que por anos você considera como proteção. Meu pai é descendente de coreanos, e minha mãe nativa americana, os dois se casaram e logo meu pai se mudou pro Estados Unidos, onde construíram sua família e sua estrutura de negócios que com o tempo se tornou uma empresa multinacional de sucesso. E ali eu cresci, graças ao meu pai com grande influência da cultura coreana, então porque não voltar às origens? 
Eu queria muito constituir minha independência, morar sozinha, fazer a faculdade que eu gosto, ter meu próprio emprego, passar por certos perrengues da vida que eu não havia passado graças a vida luxuosa que meus pais tinham me dado até então. E eu só conseguiria isso se me mudasse para longe dos meus pais.
— Sim mãe, preciso de uma vida nova, mas eu vou continuar falando com vocês todos os dias por ligação e aos finais de semana quando eu tiver tempo podemos fazer uma chamada de vídeo, que tal? — Eu dizia com um sorriso de piedade enquanto posicionava minhas malas na porta de casa pronta para me despedir mais uma vez.
— Tudo bem minha filha, promete que vai se cuidar, e que não vai esquecer da mamãe, quando quiser sua casa estará aqui esperando você voltar — minha mãe sorria entre lágrimas e me abraçava pelo que seria a última vez em algum tempo.
— Minha casa agora é em Seul mãe! Essa é a casa de vocês agora! — exclamei mais uma vez e sentir as lágrimas inundarem meus olhos enquanto olhava ao redor e capturava com o olhar detalhes da casa onde eu cresci. Respirei fundo mais uma vez e virei as costas pronta para seguir em frente na minha mais nova aventura sozinha pelo desconhecido.
— Jhon vai deixar você no aeroporto! — meu pai diz enquanto me abraça mais uma vez. Ele era um homem ocupado demais para me deixar ele mesmo no aeroporto. Mas eu já estava acostumada com essa ausência. Meu pai sempre foi um homem de negócios e sua presença em casa ... bom, constante não é a melhor palavra para descrever isso. Talvez seja por isso que minha mãe tenha sentido mais com a minha partida do que ele.
No caminho eu vou observando pela janela os borrões de São Francisco passar como um filme da minha vida que estava se transformando agora. Não demora muito para eu estar no aeroporto, apenas com minhas malas de roupas, o resto decidimos que seria comprado em Seul. Meu pai conseguiu um apartamento mobiliado então não teria que conseguir muitas coisas além disso. Estar no aeroporto com uma passagem para Seul me traz uma sensação nostálgica. Eu ja havia ido algumas vezes visitar meus avós na Coreia quando era criança mas paramos de ir quando eles morreram. Então eu basicamente não faço esse roteiro ja tem um bom tempo. Mas ainda é como se eu estivesse indo viajar de férias como quando era mais nova. Talvez a ficha ainda não tenha caído. Talvez seja por um ponto específico que eu não tenho mencionado até então. Além dos meus pais, e da minha vida, estou deixando no Estados Unidos meu grande amor. James. Nós terminamos, quer dizer, terminou comigo, dizia que já não era mais como antes e que preferia seguir a vida sozinho. Confesso que esse término culminou na minha decisão de me distanciar dali e começar uma vida nova. Não vou mentir e dizer que não doeu. Doeu e tem doído por algum tempo, quer dizer, deve ter apenas 2 meses, a ferida ainda esta aberta. Mas eu decidi que por mim mesmo, era preciso seguir em frente. E ali estava eu, seguindo em frente ... literalmente, mesmo que seja na fila para adentrar o avião que me levaria para a minha nova vida. E depois de alguns sonos, conexões, confusões com jet lag, livros lidos, filmes vistos, e canções escutadas, eu abro os olhos mais uma vez após mais um dos meus cochilos na cadeira pouco confortável , e dessa vez já em solo coreano.
Pisco algumas vezes na tentativa de espantar o sono, e levo as mãos aos olhos esfregando ainda assimilando que o avião ja havia aterrizado. Meu corpo ainda doía um pouco mas em pouco tempo ja havia pego minhas coisas saído do avião. Com o passaporte coreano que eu tinha devido a descendência não tive mais problemas pra entrar no país. Ali estava, parada, ainda sem saber como proceder, na área de desembarque do aeroporto de Icheon. Depois de piscar algumas repetidas vezes, volto a realidade, ainda um pouco atrapalhada com a quantidade de malas que levava, consegui finalmente pegar um táxi o qual eu apenas entreguei o papel com o endereço do meu novo apartamento e ele abaixou a cabeça rápido como uma referência e gentilmente dirigiu até o endereço pelas ruas estreitas de Seul. Ele até me ajuda a levar as malas até o elevador do prédio. Mas a partir dali me deixa sozinha. Como vou viver a partir de agora. Agora começa minha nova aventura sozinha. Digito a senha da fechadura eletrônica e depois de um pequeno bip a porta se abre para meu novo apartamento. Um apartamento normal, uma sala com um sofá cinza e uma pequena televisão na parede contrastava com o piso de madeira, bem ao lado da porta um suporte pequeno para sapatos, havia um balcão que dividia a área da sala e cozinha, e ao lado um corredor que levava para o pequeno banheiro e meu quarto na porta de frente, pra onde eu me dirijo com minhas malas afim de finalmente descansar depois de todas essas horas em um avião. Me jogo na cama e apenas envio uma mensagem de texto para meus pais avisando que cheguei bem e já estava em casa, prometendo que no outro dia ligaria para que pudéssemos conversar melhor. As preocupações sobre emprego e minha nova faculdade também ficariam para amanhã. Não demoro muito a pegar no sono depois de um banho relaxante e acabo dormindo com meu telefone nas mãos.

Do outro lado...

O apartamento de Hoseok era todo mobiliado em tons escuros porém com a estética clean. Algum dos luxos de Gwangju ainda estavam presentes no seu novo apartamento. Bancada de mármore preto na cozinha, armários projetados, lustres modernos iluminavam o ambiente. De fato no interior da residência nem parecia que era no mesmo prédio de Lisa. Mas o lugar era bom o suficiente para disfarçar a boa vida do chefe de Gwangju. Em Seul ele estaria seguro pelo menos por um tempo se misturando no meio das milhões de pessoas que estão pelas ruas da capital todos os dias.
— Pelo menos você encontrou um apartamento decente! — Hoseok estava deitado em sua cama com os cabelos ainda molhados pós banho e com apenas uma toalha branca enrrolada em sua cintura.
— Alguma vez eu te deixei em alguma furada? — Yoongi ria nasalado pelo telefone.
— Hum deixa eu ver... talvez a sua última furada seja o motivo de eu estar aqui hoje. — Hoseok sorri irônico.
— Ok, ok, você quer realmente falar sobre isso? — Yoongi parece resignado do outro lado da linha.
— Parece que agora a merda já esta feita, quero que me mantenha informado pelo menos. — Hoseok se senta na cama a fim de pensar quais seriam seus próximos assim que a ligação encerrasse.
— Quando Gwangju for novamente um lugar seguro pra você eu serei o primeiro a te avisar. Bom descanso Jung. — Yoongi proferiu antes de desligar.
Depois da conversa com o amigo Hoseok decide apenas colocar uma cueca samba canção e dormir.

Quando a luz finalmente atravessa as persianas do quarto de Lisa, ela abre os olhos com dificuldade e percebe que dormiu com o telefone nas mãos.
Ela esfrega um pouco os olhos, mas o que a faz levantar da cama é o embrulho em seu estômago, havia pelo menos doze horas que não comera nada.
Os planos da garota para o dia seguinte era se levantar, ja criar uma nova rotina, ir ate a faculdade levar a documentação, e sair distribuindo currículo por ai para qualquer emprego de meio período, mas ela sequer tinha coisas para comer em casa. Então decide que esse era o primeiro passo antes do seu dia começar.
— Ok, acho que as outras coisas podem esperar — ela resmungava sozinha dando o primeiro passo para fora da cama, pegando uma calça preta justa e uma camisa de gola alta cinza e se direcionando ao banheiro.
Era começo de dezembro em Seul e o inverno estava apenas começando então a roupa que a morena decidiu era suficiente.  Lisa era nitidamente uma fashionista, o que podemos chamar de patricinha, e ela se agradeceu mentalmente por trazer todos seus produtos de banho para coréia, e ela tinha uma lista vasta deles de shampoo a manteigas e loções corporais. O que ela levou para o banho e ja deixou organizado no que seria seu banheiro daqui pra frente.  Ja no mercado ela não teve muita dificuldade, comprou algumas frutas e iogurtes pro café da manhã, pizzas congeladas, alguns lamens, agua e suco, alem de alguns itens de limpeza. O que se resumiram em duas sacolas de papel bem cheias, e ela agradeceu por ter decidido fazer essa compra em um mercadinho perto de casa. Lisa ainda estava um pouco atordoada por conta do jet lag, carregando sacolas que tampavam parcialmente seu rosto, escuta seu telefone tocar em seu bolso, com toda essa confusão Lisa desce num andar que não é o seu, e sem ver seu corpo sente o impacto de ir de encontro a outro corpo, em seguida suas compras estão esparramas no chão do andar.

— Mas que merda! — a garota esbravejou sem olhar para cima. — você não olha por onde anda ? — Lisa soltava em idgnação enquanto tentava miseravelmente juntar suas coisas.

— Me desculpe — a voz grave finalmente ocupou o ambiente — mas era você quem não estava prestando atenção no caminho — o rapaz moreno se ajoelha para tentar ajuda-la. — deixa eu te ajudar com isso...

A garota que havia juntado suas comprar percebe que realmente havia descido no andar errado, e se ocupa em pegar o celular e retornar a ligação que a chamava quando ela foi de encontro ao belo rapaz, deixando-o então sem resposta, apenas com a visão de seu corpo visto por trás enquanto a mesma chama o elevador rapidamente pensando em sair daquela situação. Hoseok não pode evitar descer o olhar para sua bunda que fazia um belo volume em seu jeans justo.

— É ... Seul — o garoto proferia com um sorriso malicioso — parece que não vai ser tão ruim assim! — exclamou rindo enquanto balançava a cabeça
negativamente.

DANGER •  JUNG HOSEOK Onde histórias criam vida. Descubra agora