Capítulo 2

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HÁ SEIS ANOS

Stiles deixa seus olhos vagarem pelas prateleiras recheadas de comida tão fodidamente atrativas, seu estômago ronca em antecipação e ele respira fundo, se questionando qual será o momento certo.

Ele observa sutilmente seus arredores, nenhuma câmera a vista, ele não se surpreende, afinal não passa de uma lojinha mequetrefe de posto de gasolina, talvez seja mais fácil do que ele esperava.

O cara do balcão o ignora em favor de folhear sua revista de motocross, pés para cima, barba suja de molho, Stiles enruga o rosto numa careta e volta a sua situação atual.

Com um pigarrear sutil ele levanta a mão e arranca um pacote de biscoitos, seguido por outro e então mais um, foi pateticamente fácil.

Ele encontra o rosto do caixa mas ele ainda o ignora, felizmente.

Stiles então se vira para a outra prateleira, onde encontra suas rosquinhas favoritas, ele lembra de amar essa coisa com uma paixão esquisita quando era criança.

Quando a vida ainda valia a pena.

Ignorando seus pensamentos mórbidos Stiles agarra o pacote e o empurra em seu casaco grande demais para seu corpo esguio, ele é quase pele e ossos desde que não come bem, mas ele realmente não se importa, não é como se alguém fosse achá-lo atraente em sua condição atual.

Ele não passa de um delinquente de rua que precisa roubar para comer. Ele aceitou isso. Foda-se.

Stiles então puxa algumas jujubas sortidas, o pacote é minúsculo e cabe em seu bolso de trás, logo ele avança mais uma prateleira, e está prestes a puxar uma lata de refrigerante quando congela ao ouvir o engatilhar de uma arma.

Seu rosto se fecha instantaneamente.

— Sugiro que ponha tudo de volta no lugar se não quer que eu atire no seu pé, garoto — O mesmo cara que antes o ignorava agora parece mais do que atento nele. Doug, como está bordado em sua camisa surrada.

Ótimo.

Stiles ergue as mãos em rendição, seu coração disparado em seu peito com medo de ser realmente baleado. Não era um medo real quando ele ainda tinha o resto de suas economias para comprar comida, mas desde que seu dinheiro acabou Stiles ficou desesperado.

Ele não come há dias, e esta é a segunda vez que precisa roubar.

A primeira foi mais bem sucedida.

— Ok. Tudo bem. Eu vou devolver tudo, cara, não precisa ficar estressado — Stiles gagueja, retirando tudo o que havia pegado do casaco e colocando na prateleira — Viu? Está tudo aí. Agora vou embora e você nunca mais vai ver minha cara feia.

— Realmente acha que vai sair tão fácil? — Agora na voz do homem diz a Stiles que ele está muito encrencado — Você ia roubar minha loja, seu filho da mãe!

— Cara, eu... eu não como há dias, não tenho pais e perdi o resto da grana que deixaram para mim. Não posso pagar nada mas eu não pretendia voltar aqui — Stiles tenta explicar se tornando de repente desesperado com a ameaça dessa pistola apontada para sua testa — Meu estômago está me devorando, garanto que pode ouvir ele roncar daí. Por favor, eu só quero ir embora.

O cara estreita os lábios, Stiles sabe que não conseguiu convencê-lo por sua expressão irônica.

— Comovente, costuma repetir o discurso ou este é exclusivo para mim? — O cara murmura e Stiles engoliu em seco — Mas tem razão, você não vai mais voltar aqui, vou te ensinar uma lição sobre roubos, garoto, você não vai mais esquecer.

𝐌𝐄𝐔 𝐃𝐎𝐂𝐄 𝐀𝐋𝐈𝐁𝐈 - 𝐒𝐓𝐄𝐑𝐄𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora