Capítulo 8

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HÁ SEIS ANOS

Stiles desperta com sua cabeça ameaçando estourar pelos ares, sua boca tem gosto de lixo e há uma pequena pontada irritante por trás de seus olhos que o faz querer arrancá-los.

Leva mais tempo do que deveria para que ele lembre do desastre que foi a noite passada, sua bebedeira desgovernada de champanhe e o fiasco que deve ter sido a volta para casa.

Não que ele lembre de alguma coisa, sua mente já estava longe demais para ser alcançada... como ele poderia saber que champanhe embebeda tanto? Ele sempre achou que isso era efeito exclusivo de cerveja, ricos não se embebedam dessa forma, não tem classe.

Oh cara, ele estava tão enganado, e agora ele se sente estúpido e com uma ressaca assassina.

Stiles geme, suas mãos apertando a cabeça e as têmporas com força, seus olhos apertados evitando a luz do dia, mesmo a escuridão das cortinas fechadas ainda faz a sua cabeça doer.

— Quero morrer — Ele choraminga, se enterrando debaixo dos cobertores.

— Não acho que é um bom momento para isso, sua presença é necessária ao lado do Sr. Hale hoje a noite — Yolanda invade o quarto e imediatamente abre as cortinas, sua voz alegre e bem humorada. Stiles pode apenas se esconder da luz como um vampiro com medo da morte.

— Ugh... não acho que posso me levantar pelas próximas semanas, Yolanda — Stiles resmunga, a voz abafada pelo travesseiro em seu rosto — Diga a Derek que estou de TPM.

Yolanda bufa uma risada e se afasta por alguns minutos, Stiles acredita que a mulher resolveu lhe dar alguma paz, mas logo suas suspeitas são descartadas quando ela volta.

— Trouxe alguns analgésicos para sua indisposição, vou preparar seu banho e quando voltar espero que já esteja de pé — Ela comanda e Stiles geme para si mesmo, completamente derrotado.

— Porque me odeia tanto? — Ele resmunga e ela sorri gentilmente, acariciando-o nos cabelos despenteados.

— Oh, cariño, quero que se sinta em casa aqui, um tratamento artificial não seria o ideal para isso — Ela o beija na testa latejante e levanta — Além do mais algo que me diz que há tempos você não recebe algum cuidado materno, gostaria que me visse como mais do que uma governanta mandona.

Stiles olha para ela e se permite sorrir levemente. De fato, há anos ele não sabe como é sentir um verdadeiro carinho de mãe, as broncas disciplinares, as reclamações, mas também os beijos e os abraços que apenas uma mãe pode dar.

Ele sente tanta falta de sua mãe, as vezes ele ainda chora ao lembrar dela e sente medo que algum dia ele esqueça como ela se parece, esqueça o som de sua voz, que se transforme num mero fantasma em suas lembranças.

— Você é incrível, Yolanda.

— Oh, eu sei, agora levante e tome seu remédio — Ela sorri antes de caminhar até o banheiro para preparar seu banho.

Ele ainda estranha a idéia de ter alguém para cuidar de algo tão frívolo quanto seu banho, mas de novo, esta não é sua vida, ele está apenas experimentando os pequenos detalhes antes que tudo acabe.

Ele não sabe quanto tempo vai durar o seu contrato, ou quando Derek vai se cansar de ver seu rosto estúpido e chutá-lo, por isso ele deve se preparar para o inevitável.

Minutos depois ele toma seu banho e se encontra caminhando pelos corredores em direção a cozinha, mas algo chama a sua atenção antes de chegar em seu destino.

Há uma porta entreaberta de um cômodo que ele nunca entrou desde que chegou nesta casa, seus olhos podem ver vagamente alguns quadros inacabados pendurados nas paredes, tintas, pincéis e cavaletes.

𝐌𝐄𝐔 𝐃𝐎𝐂𝐄 𝐀𝐋𝐈𝐁𝐈 - 𝐒𝐓𝐄𝐑𝐄𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora